sexta-feira, abril 27, 2007

ESPELHO

"Espelho"
Há fulgores e desejos
que o espelho da alma semeia...
Sonhar o invisível, poesia!
Imagens?
Nenhum rosto... Pura imaginação
onde do espelho eu habito!

O espelho,
ante a face da água conquistada,
seria eu o eros nos braços da amada?
O sonho fugirá? Premonição!
Quanto desta estância já está em mim?
Dizei-me!
E condena-me a plena escuridão...

Quero o brilho do teu olhar
e a chama ardente do teu corpo!
Avançar sobre os teus lábios, te amar,
lambuzar-me de batom: Cereja, ruge...
(não importa o tom!)
E morrer de gozos em toda plenitude!
(os teus uis, os meus ais...)

Reconhece-me agora?

Então, acendo-te as chamas,
transformo o espelho
da minha alma em lavas
e entrego-te o céu e o fogo
das minhas palavras!

O Sibarita

sábado, abril 21, 2007

OS CINCO BLOGUES PENSANTES

Pôr-do-sol praia de Jauá prêmio consolação.

BLOGS QUE FAZEM PENSAR

Caros leitores, dessa vez saimos da rotina de colocar poesias, peço desculpas, na próxima postagem estaremos com elas.

Letícia do Blogue “SOM E TOM” querida “cumadi” e conterrânea por bondade do seu imenso coração incluiu o nosso Blogue como um dos cinco que a fazem pensar.

O Sibarita agradece pela escolha mesmo sabendo que têm tantos outros...

E, ainda, me pediu para escolher outros cinco, minha cumadi que esparro! Kkk

E aí? Como escolher cinco se tem milhares nessa condição?

Valhei-me Senhor do Bonfim!
Vou devagar com o andor que tem muitos Santos (blogues) de barro! Kkk
Dona moça, já sinto os meus joelhos esfoliados. Terei que subir a ladeira do Bonfim de joelhos para ao menos amenizar os pecados inerentes as escolhas que sei muita gente boa infelizmente ficará de fora.

Aos Blogues que ficarem de fora por culpa da escassez da quantidade que são apenas cinco, peço desculpas e na descontração da consolação convido todos a virem à Jauá passar uma semana de sombra e água fresca para resfriar a cabeça, me comprometo mandar descer caixas e mais caixas de cervejas, saboreando, uns caranguejos, peixes fritos, moqueca de peixe, abará, acarajé, vatapá e um caruru de responsa e para completar essa felicidade a lua e o sol estarão à postos, desejosos, nus e petitosos...
Ai meu Jesus,
o coro vai comer “sarteado” (baianês)! Kkk

Aqui vão os blogues que são cabeças pensantes todos igualmente bons.

VALE APENAS CONHECÊ-LOS!

O blogue da minha cumadi já havia sido escolhido, então, achei por bem colocar outro.
É isso pessoal agora é so prestigiar, vão lá!

O Sibarita

terça-feira, abril 17, 2007

SONETO AO AMOR

Soneto ao Amor

Bem sei dessas algaravias do amor
E como inóspita ao coração... nego!
No fogo que balança a palavra na dor
Em desejos, jogo a toalha, me entrego...

Na paixão dou o melhor da minha seiva
Escrevo o teu nome e revelo o teu rosto
Nos meus versos que falam nos anversos
E no desejo do teu ser espera de ti o sopro...

Nasci para venerar-te, para querer-te assim
E sei, o sol repousa nas copas do teu olhar
Quando o amanhecer se despe para mim...

A ti pertenço, a chama das palavras tecidas
Livremente nesses meus finos versos, sonha
E quer dizer-te que este soneto te pertence...

O Sibarita

terça-feira, abril 10, 2007

DIVA

Diva

Entre de chofre com o teu menoscabo e sem cerimônias
Tirai as capas que o teu amor venal de ofício trás agruras.
Cai-te bem a burka! Mas, recolhas o teu punhal, demônia!
Em mim, jorra, borbotões dos embustes das tuas juras...

Evoé! O meu espelho contra o teu espelho e as tuas baldas
Lá fora, o céu de invernia e de ilusão. O teu mundo é fictício
É... a máscara da lua ri! Soberba, irreal, pulcra, nívea e fada.
Tu Madona, dúbia nos sonhos, lunar e imprecisa, és o meu vicio!

Batiscafo ao mar, viandante, aljube e zetética as tuas palavras!
O teu seio ressoa com o nada. As tuas palavras ouro trigueiro
Que elevo ao canto cálido. Dize-me quais as garras do teu amor?
Chove, agora, no meu peito as águas de junho em fins de fevereiro.

Amor preso a si mesmo não destroça sonhos, a sina, quem sabe?
Guardai o vosso silêncio! Conecto-me em ti no lume do sentimento,
Decifro o arcano que arde! Aprisionado aos ferros, não me mates,
Sendo eu o teu escravo andas à noite ao léu dos meus pensamentos.

Diga-me que não! E, Condena-te, ao frio alabrasto das sombras.
Onde pousas? Fizeste-me passageiro na colheita do teu aprumo,
Meu grito mesmo surdo é maior que o silênciar que tu ensombras.
Vasta a vereda é! Quem me escuta sabe que tu eras o meu rumo.

Medito sobre o claro e o escuro, ruminando, a cinza das nuvens.
Procuro a tua voz, nada nela encontro. Nada! Sinto-te de partida
É por teu poder, ó iluminada! Eu, o siderado, aos teus pés ruge,
Recolhe os momentos do passado que fui o teu sino de amor e vida!

As farsas nascem no perau das horas. O calar faz a tua alma troncha
Ou a lei dos entrechoques suavizará a aflição do coração apunhalado?
Em mim nascem flores, sempre fui primavera. Em ti, o teu remorso
Chorará as minhas lágrimas quando abrir o véu do poente cortejado!

Sei, haverá o ranger dos dentes nos teus desejos. Sou ouro em pó,
Ouro fino, jóia rara, a essência pura do teu seio esquecido de mim.
Habita em mim o meu dono! E, em ti? Resoluto, parto, desfaço o nó!
Nasci para amar-te, venerar-te. Agora, o meu seio se veste de luto.

Solta a melena açucena, desnuda tua alma para minha psiquê
É que te faz bem, sobre a tua nudez vil, um enorme peplo cinza
Assombrando os meus dias de sol em que tu me és pura penumbra.
No esplendor das trevas a luz te revela, atrai, absorve e te anula...

O Sibarita

quinta-feira, abril 05, 2007

NOTURNO

Noturno

A noite é de puro breu,
Nenhuma penumbra deixara cicatrizes.
Se o silêncio do luar é todo meu,
O entardecer, eu sei, mas, uma luz
Mesmo no cinza-inverno do caminho
Virá trazendo a estação primaveril.

Meu coração de aço polido, é clausura
Preso as tuas teias distantes, fúteis...
Dentro do peito a nudez do sentimento
Nele, o desejo ardente destes amores inúteis
Sangrando aos borbotões na aridez do silencio...

Amor, no então, manda-me os sinais,
Quero quebrar o espelho desta penumbra.
Não há desespero, ainda ouço os teus ais...
Os versos e as rimas nasceram do enigma
O oculto pranto que não se esvai...

Paixão venha ver aquele nosso jardim
As acácias, as rosas e as amapolas
Floresceram pelo tempo e meu desejo
Mas, os espinhos, o aroma e o amor
Foram semeados do teu rochedo
E da tua alma que nunca brotou uma flor...

A ti ofereço o canto noturno deste poema
Escrito na beira de qualquer poça de lua
Sob um vago e peregrino céu azul casto
Refletindo tua alma e tua face seminua
Até que o inverno afogue os teus rastros.

O Sibarita
Música Midi: Baby (Caetano veloso) Gal Costa

domingo, abril 01, 2007

JOÃO PALAFITAS

João Palafitas

Acordou, escovou
os dentes com carvão,
olhou a mesa, pratos vazios...
Ruminou com os olhos a fome.
Abriu a janela, viu
um sol nascente mirrado,
mas que enche bocas vazias,
dependurado nos caibros...
Rogou aos céus!
Passou pó de pemba no peito,
colocou o patuá no pescoço,
fechou o corpo!
Apanhou o velho gereré,
chamou por Ogum de Ronda
e desceu para a maré.
Foi mariscar...
Papa-fumo,
canivete e rala-coco.
Siris magros,
caranguejos e aratus.
Não acreditou!
Passou as mãos nos olhos,
viu a fonte do seu alimento,
sem ao menos lhe darem
outro meio de sustento
aterrada pelo lixo
da noite para o dia!
Chorou nas mãos
toda a sua agonia...
Enquanto,
ratos, baratas e urubus
faziam a festa, sorriam!
Ainda restava
um penico de maré.
Não pensou duas vezes:
no gereré rasgado
deu algum nó
e pescou magros baiacus.
Tinha ali o seu pôr-do-sol!
Subiu as pontes,
passou no boteco,
cacete-armado de Tonho de Zene,
pediu uma e deu para os santos,
depois, tomou três poca-olho.
Saiu mambembe,
revirando os olhos, zarolho...
Chegou no barraco, sem tirar as tripas,
feliz, jogou na panela os baiacus!
Danação de fome... Aferventados,
encheu o prato, agradecido,
fez o sinal da cruz!
Chamou para dentro o alimento,
enganou ali todo o sofrimento...
Deitou, dormiu por breve momento,
sonhou com uma vida melhor,
com a primeira namorada,
como seriam os filhos ali
sem escolas, sem horizontes,
só lixos, ratos e baratas por todos os cantos
e nenhuma felicidade por encanto.
Bateu escuridão! Acordou,
com o serviço de alto falantes
São Lázaro tocando: “Eu não
tenho onde morar...”
Deu caruara, guenzo
correu para o penico,
o corpo trêmulo, suava!
Ainda tomou um chá de velame
para rebater o veneno dos baiacus
que lhe tinham saciado a fome.
Deu vexame!
Colocaram o corpo moribundo
no carrinho de mão,
correram pelas pontes
Santo Antonio e Copacabana
em busca de socorro.
Chamaram Dona Joana rezadeira.
Ela, com três galhos de guiné
e um dente de alho macho
rezou o corpo de João
pensando que era mal olhado...
Tarde demais!
João, ainda, semi-inconsciente,
Pensou em Gilda sua namorada,
no terreiro de Candomblé, era corujebó,
na roda de capoeira, nos pais,
nos amigos de infância,
no ano novo chegando,
na mesa farta que nunca teve
e em uma vida melhor com esperança.
Deu o último suspiro,
ficou tudo na lembrança...

Nas rodas de capoeiras
o luto dos beribaus,
nos terreiros,
o silêncio dos atabaques!
Nos barracos pendurados
um céu cinza nos olhares...
Deus sabe!

O Sibarita