sábado, janeiro 27, 2007

M U S A

Musa
Um dia,
Colocarei asas
E, como um colibri
Flutuarei no espaço,
Bordejando por aí...

Penetrarei no teu quarto,
Pousarei sobre o teu corpo desnudo
Germinando-o de pólen e desejos.
Oh, sim... Sugarás dos meus lábios
Todo néctar do amor nos meus beijos!

A noite se revelará sobre a tua cama!
E andará no frescor e na forma da libido
Sob a penumbra do teu rosto escarlate
Na doçura primitiva do teu sorriso...

E, das minhas mãos recorrentes
Deslizando sobre o teu ventre,
Decifrarei os teus secretos labirintos.
Rocha e mar! E o amor nas tensões
Das curvas delirantes do infinito...

Partirei, rirá a lua em fino bordado.
Depois nada... Um céu de cobre,
As minhas asas recolhidas ao alforje.
É... Na embriaguez de uma canção banal,
A noite foge...

O Sibarita
(Boa música:www.humaita.radiowebtv.com)

segunda-feira, janeiro 22, 2007

VIAGEM

Viagem

Boa tarde amor!
Navego em ti nestas margens tão limpas,
sob um céu de cor anil.
Meu corpo levita em tuas ondas,
tão cristalinas! Ora verdes, ora azuis...
O meu rumo é o teu destino,
a guiar-me ao néctar da paixão!
Entra! Pois, o frescor da brisa
encarna o sonho de encontrar-te.
Agora, sinto-te... Meu Deus!
Fotografo a ausência do teu rosto,
falta o sorriso, a voz, o perfume...
Tropeço em palavras,
ouço amarelo, penso vermelho
Relaxo...
Desenho o teu nome geograficamente,
em cada lua, em cada canto, em cada rua...
Meus olhos solitários vagueiam,
e solitários erram os meus passos!
Ao longe, no cais,
um fio de sol cintila
sobre pelos dourados!
És tu...
Oh, senda dos meus desejos
por quais mares navegastes?
Agora, refaço-me!
Não mais vãs filosofias
deixo ao largo o vaso cristalino da paixão...
Boa noite sonhos!
E, beija-me os lábios,
é tarde, muito tarde...
Fraturei a expectativa do destino,
carne rasgada em sangue e orvalho!
Esqueci-me do arco... Abandonei a lira!
E tu dizes que menti?
Breus no azul do céu...
Em ti, nem estações há,
é sal... É agonia!
Quem cantou foi o teu olhar...
Bom dia mar!
Disfarço ilusões, estou de partida.
Entrego-me a solidão de netuno
e a nitidez do horizonte,
pintado em cores carregadas!
Eu te beijo mar
Eu te beijo luas
eu te beijo estrelas...
Adeus sonhos que plantei!

O Sibarita

segunda-feira, janeiro 15, 2007

A Volante do Sargento Bezerra

No dia 13/01/07 (Sábado passado) A Volante retornou ao Grazie a Dio-Vila Madalena em São Paulo para nova temporada. Com certeza de sucesso absoluto. Abaixo deixo mais um poema para degustação. Convido à todos para se ligarem na Humaitá Web Rádio é música 24hs de muito bom gosto, inclusive, toca músicas da Volante . Agora é conferir.
O endereço é: www.humaita.radiowebtv.com

Doce Ira

Das eras avivadas na memória, o teu nome
É que busco tecê-lo nos desejos desse amor...
Em cada poro do meu corpo estás e consome
Se em cada palmo do teu corpo eu estou...

Doce ira a metade de ti ao extremo
É selvagem, é luz e fogo do desatino
E para que não te perca eu te cavalgo
Com espora e rédea sob meu domínio.

Loba de mim, no amor, o coração eleito
Pela existência afora e na paixão vivida
Ao cio do desejo tua mão afaga-me o peito
Em um sorriso, um olhar, uma frase perdida...

Eu te debelo com o teu perfume ímpio
A espora te fere, a rédea te retém e freia,
Para soltar-te no deserto do azul limpo
Iluminando o horizonte que ti sombreia...

No aclive das horas no debrum azulado
A lívida aurora nos visita e sai do casulo
Com asas translúcidas do céu encurtado,
Amor, na cobiça, viro sucuri, te engulo...

O Sibarita

terça-feira, janeiro 09, 2007

SOMBRAS

Sombras

Ao ouvir a tua voz colado no chão dos teus pensamentos
Jazo inerte sob a lua nesta noite enrugada no teu coração.
Faço saltar, então, o meu rosto pasmo nas rosas funerárias
Que cobrem o meu torvo olhar no mistério desta paixão...

Dir-se-ia do silêncio da noite no perfume do viver contigo,
As palavras dizem e descem insones clamando por teu nome
Nestes versos amargos em que a lua se esconde num jazigo
E no ranger dos gonzos sepulcros o imaginário me consome...

És tu mesma? Por que o mundo é mesmo tão imenso, intenso
E, apenas ouço os teus passos perdidos que não me alcançam.
Dize-me, o que espero se tão longo é o teu percurso pretenso?
Amada os teus caminhos azuis são tão esquivos nas passadas...

Minha alma é imensa, entretanto, enfastiei-me de ser o sonho vão
Sombra de sombras numa estrada branca da fria luz dos teus olhos.
Ao longe beijo teu olhar baço que foge na distância do teu coração
Nos côncavos de medo e de saudade dos teus passos perpassados...

É que vejo em ti um vulto solitário que anoitece... Contemplou-o!
Nos passos teus pés desconsolados com o coração encovado no nada.
Seguirás o infindo dos aventureiros ao Everest desafiando o tempo?
Ou no alude voltarás à porta, ainda, entreaberta da aurora esgarçada?

Sei, dir-se-á que me virás leve, sem névoas na doçura da branda luz,
Serás tu mesma? Ou se nos teus passos amórficos há um que de zumbi?
Dizes tu! Amada, amastes coisas fugidias no poço da paixão tão estéril
Que te dou este poema, por certo, para nada. Sim! Por certo, para nada...

Mas, quero estar de coração quieto. Eu, a soma de mim mesmo
Nas dobras do teu caminhar num choro debulhado da vã ventura.
O amor se mira e as bromélias brotam no umbral dos teus desejos
Ao som das trombetas e convivas fúnebres na beira da sepultura...

O Sibarita

Música: Ave Maria - Kenny G

quarta-feira, janeiro 03, 2007

JAUÁ

Jauá

O mar, uma concha ora verde, ora azul... Espelha
Os intensos corais de todos os tons, cores e gamas.
No ponto de junção, o sol – molusco em chamas –
Desenrola as velas no anil de Incendiada centelha...

No crepúsculo vespertino a lua insidiosa e enorme
Sai nos arabescos de Jauá. O fulgor do dia se apaga
E em sombras o olhar do sol bóia de vaga em vaga,
Recolhendo suas velas, fecha o seu brilho e dorme.

Cândidas andorinhas planam, cintilam sobre sereias
Estendidas nos corais suaves das branquinhas areias
Ao pôr-do-sol, de pêssego, de romã e de lua lasciva.

Á noite a brisa sopra e os desejos correm nas veias
Fulgurando o amor perolado sobre camas alheias
Quando a lua passional orvalha bocas ressequidas.

O Sibarita
Música: Baby - Gal Costa