quinta-feira, fevereiro 22, 2007

EVOÉ BACO! CINZAS...

Vejam: Banda Chiclete no trio elétrico cantando "Voa, Voa..."
Bloco Camaleão no *Campo Grande, a massa delira. Imperdível!

Evoé Baco! Cinzas...

Apagam-se as últimas réstias de luzes já é quarta-feira,
Amanhecendo... Os desejos ainda aflorados. Oh, Baco!
Sai de cena: eu, o profano e ela, a lua, obscena por inteira
Ébrio, rasgo minha fantasia de sibarita em mil pedaços...

Deixo estes versos de remissão para as donas meninas.
É que no Olimpo, o carnaval virou cinzas. E eu, o jogral
Desmonto o anfiteatro, limpo a coxia, fecho as cortinas,
E neste sétimo ato faço o hiato desses dias de bacanal...

Então, enfronho a bandeira do prazer... Faço o estorno
Dos amores frívolos e venais, queimo tudo, são cinzas!
Tenho, agora, nos lábios o sal... No mar, o sol tão morno,
No meu alforje, nenhum brilho dos gozos das meninas...

Deixo para trás a falsa abundância das carnes atiçadas,
Das mundanas da Conceição e da Montanha... Evoé Baco!
E tudo que deixou de ser nos orgasmos das moças recatadas.
Eu, o Sibarita, devolvo o manto do bacanal! Desembarco...

Na luz de todas as cores, na cor do sol, molusco em chamas,
Ai meu Deus! Todo esse fulgor, agora, se esmaece e se apaga.
Os desejos e o bacanal navegam no mar ouriçado de escamas,
Evoé Baco! O carnaval virou cinzas boiando de vaga em vaga...

Ah! Recolho-me à reflexão... Adeus carnaval profano!
Faço minha penitência em quarenta dias de abstinência,
Em vigília, jejuo, nenhuma carne, esqueço o mundano...
Na via sacra ressurgirei purificado no domingo de ramos!

O Sibarita

* Campo Grande, ínicio dos desfiles dos blocos no circuito Osmar (Inventor do trio com Dodo) que se extende por toda Av. Sete, Praça Castro Alves e Rua Carlos Gomes.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

CAMALEÃO

Camaleão na Bahia não é bicho, é bloco – e o maior bloco de carnaval! Com tradição de quase 30 anos, o Camaleão transforma as ruas por onde passa, com a Banda Chiclete com Banana no comando do seu trio elétrico. Salvador pára para ver o Camaleão passar. Mas a multidão não fica parada um só minuto. Este é o bloco que saio há mais de 20 anos.
Evoé Baco!

Meia noite. Ela, a lua, nua e soberana entra em cena!
Acorda cidade! É carnaval! O meu manto de Sibarita
Estendo às donas meninas mais ardentes e obscenas
Cheias de má intenção, ai de mim! O gozo mortifica...

O que importa? Eu, ébrio, só de ilusões... É o meu vício
Que me alucina nesses amores frívolos e curtos, eu domo!
Rindo, vejo no corpo das meninas o amor venal de ofício
E me entrego aos prazeres carnais dos velhos carnavais!

No meu alforje rutilam as belas morenas/colombinas.
Eu, o Sibarita dos amores caio na gandaia... embarco!
É nestes obscenos versos que o bel-prazer me ilumina:
Nas chamas e nos ensejos dos desejos... Evoé baco!

E no estio das serpentinas o rútilo de Sodoma
Em lampejos de orgias acendem a febre do prazer.
A lira etérea dos gozos e orgasmos que a cobiça toma
Rumina em mim e nas colombinas ao sol do amanhecer...

Na nudeza da lua Loba, ai meu Deus! Todas as fantasias
Afloradas, poros por poros, ôie! Neste tempo de bacanal
Da urge fronte que brilha na delícia me entrego às orgias
Das donas moças para revelar os prazeres deste carnaval!

Vixe mainha... Evoé Baco!

O Sibarita
Música Mid: 100% você - Chiclete com Banana
Ouçam a www.humaita.radiowebtv.com Neste Carnaval programação especial, vale a pena ouvir!

sábado, fevereiro 10, 2007

VIVA O CARNAVAL DA BAHIA


Av. Sete a nata da sociedade - Os marezeiros - Pça Castro Alves, a nata...

Ópera Bufa do Carnaval de Salvador

Gatos nas panelas
Tamborins exaltados.
Fome na boca da miséria
Gatos escalpelados...

Na maré,
os marezeiros colocam o bloco na rua.
Lá vai o bloco dos miseráveis desfilando
pela passarela da ponte Santo Antonio!
Explode o som do serviço de alto-falante
“Eu sou o carnaval em cada esquina...”
Caretas feitas de sacos de alinhassem,
pano de chita enfeitando as meninas.
Nas pontes, não há batalhas de confetes.
Jornais velhos como serpentinas,
serpenteiam tristezas e pneumonias!
Nesse bloco não tem cordas
e não tem as cores da cidade
é um amontoado de sofrimentos
fazendo festa sem instrumentos...
Farrapos de mortalhas como fantasias,
no enredo desfilam: fome, asma e cirrose
meningite, pneumonia e tuberculose...
No porta-estandarte,
dona morte requebra cheia de alegria
sob a pele de barrigas vazias!
Enquanto no outro lado da cidade,
dona esperança pula cheia de alegorias!
No porta estandarte,
desfilam: saúde, escolas e educação,
teatro, lazer e boa alimentação!
Do Campo Grande à praça Castro Alves,
batalha de confetes, pierrôs e colombinas,
lança-perfume, cervejas e serpentinas.
Dentro das cordas,
o trio detona o som: “atrás do trio elétrico
só não vai quem já morreu...”
Requebram quadris bonitos e malhados.
A nata da sociedade em plena felicidade,
desce a Avenida Sete com os desejos aflorados...

Na maré, segue o carnaval...
Crianças caras-pálidas,
botam o bloco nas pontes.
Pintam os rostos de índios
e de cuias nas mãos,
os vinténs serão bem vindos!

Nas pontes, o sol chega vestido de arlequim,
espia da esquina e bate uma no botequim.
A lua aparece vestida de colombina,
ela requebra, ele se agarra à sua cintura,
beijam-se e vão desfilar no mar de Amaralina...

O Sibarita