terça-feira, fevereiro 26, 2008

SOLILÓQUIO

Solilóquio

Nada mais.
... O silêncio é teu!
Mas, ainda sobre a cama,
está aquele lençol de seda
ecoando os nossos gemidos
daquelas noites sodomitas
em que perdíamos os sentidos...

Naquela penteadeira,
ainda reflete por aquele espelho
os teus lábios pagãos de batom cereja
em que me lambuzavam de desejos...

Ainda pela mesa,
enfeitando as noites
em jarras chinesas
aquelas flores...

Pelo quarto,
aquelas tuas juras,
ainda impregnadas
nas paredes, agora,
por teu desejo, amareladas...

Pelo chão, está,
aquela taça de vinho
em que traçavas o destino
e, naquela vitrola
ainda toca, à meia luz,
aqueles nossos blues...

Por aquela porta,
ainda, entreaberta...
A paixão solda,
o que a nuvem tosa!

Entre nós, a vida...
Uma peça de teatro
encenada por Hidra
naquela pequena coxia.
Nos hiatos, um solilóquio
de Hércules no sétimo ato...

O Sibarita

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

RUMOR

R u m o r

Tudo bem...
que esta poesia
se torne um folhetim
que ainda gostes de mim
e que na minha camisa
tenha manchas de batom
que não os teus!
E que o perfume impregnado
não seja o teu!
Tudo bem...
que te arrenegues dos beijos
e que não te negues os fatos...
Que faças
as tuas buscas
a procura de lábios
em rostos abstratos
de possíveis retratos!
Tudo bem...
que eu seja o teu fetiche
exorcize os teus demônios
que tu sejas os meus anjos,
que a paixão é inexorável
e tenha se tornado rumor
de beijos indecifráveis...

Só não queiras
guilhotinar minha alma
nesta tua cegueira
que ela tem belos gerânios
em horizontes estâncianos
com sede imensa de luzeiros
e dos teus beijos por inteiros!

Tudo bem...
que dista o alado do condor
mas, saibas que ainda me tens...

O Sibarita

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

CARTA DO CARNAVAL (DESOPILAÇÃO EM BAIANÊS)

Carta do Carnaval

Querida Antonia, acho que você não *gira-bem, é doida varrida. Logo no carnaval me *alforriar? *Pintei e bordei, não teve como *ser fiel. Humm, beijei muito, cada mulher com lábios de mel! (kkk) - Se lhe traí? - Você quer chorar ou quer rir? *A fila andou, fia! (kkk) Na quinta e na sexta saí de *pipoca atrás do trio elétrico, não foi fácil, você imagina o *arregaço? Cariocas, paulistas, gaúchas... e até uma dinamarquesa caíram no meu *laço – Como? Todas no *bagaço? - Qual é Tonha? Todas diziam que eram *cabaços, pode? kkk – Oxente! Você é *otário, fio? Acreditou nessa *gaiva, foi? rsrs – Acreditei nada! (kkk) Naquela altura do campeonato usei *luvas dobradas no meu *artefato, uma *peça de museu, que de fato, em pleno *teatro fazia cena no primeiro ato, soluçando: tô fraco, tô fraco... a mulherada querendo e o papagaio lá do quarto gritando: curupaco, curupaco e nada da rigidez do taco! (kkk) *Bati fofo, não deu *caldo, o Viagra era falsificado, não houve uis e ais, comprei no Paraguai! Valha-me Deus! (kkk) Feito de farinha e eu pensando que seria o galo da rinha! (kkk) Não houve arregaço, será que fui um fracasso? Hei, você ai, ta gargalhando de que? Só porque me lenhei, é? Deixa de ser *cocó! (kkk)

No sábado fui ao Pelourinho, vixe, ai Meu São Longuinho! Encontrei a Lia na maior folia, precisava ver como ela pulava, era só alegria, parecia que tinha ganhado na loteria. – Como? Você ainda vai descobrir por que agente sempre se encontra? – Olha nada contra e desta vez não conta, (kkk) ai meu berimbau! Joguei capoeira e o *escambau, depois, dei um *zignal na maior cara de pau! (Kkk) – A Lia? - Ah, ficou na maior agonia... Não lhe falo mais nada se não vira *tango no mango! Oi, os primeiros dias da folia foi na maior afrodisia sem eu dá conta da freguêsia! (Kkk)

Já no domingo, segunda e a terça-feira foi alvissareira, o Viagra não falhou, não teve bandeira e haja madeira! (kkk) *Ta piripicado, ai meu Deus do céu! Avisa lá que foi o maior *miserê, lá ela ficou atoladinha... Vixe *mainha, *ó neguinha, foi tudo tão bom, o nosso amor já é! Só que ela não agüentou o *arrepique, pediu *pinico e eu com isso? Ah, deu *enguiço! E ela no vício! (kkk) Tá vendo Tonha no que deu você me liberar para o *carná? (kkk)

No Bloco do *Camaleão, haja coração! Só tinha *mulher ninja, todas em cima, eu coladíssimo, igual a imã, só gente fina no maior *rebucetê, não passou na Tevê para você não vê! (kkk) - O que??? - Ô língua ferina! Não, não tinha *cafetina... Tinha mulher *toda boa e eu ali atôa! (kkk)

Na terça quando o Chiclete tocava “*A Fila Anda” e como anda! (Kkk) A Avenida Sete tremia, sendo o último dia, as ninjas na maior *piriguetagem, doidas para *xurupitar, *gunsei logo uma, cortei o maior babado, ela me chamou de *saci lambão, ai Deus! kkk É mole ou quer mais? Ainda disse que pareço um *touro sentado meio aloprado, fiquei muito retado, sendo assim esculhambado, será por que tenho 1,47cm e sou *marombado não tenho o direito de pegar uma baita loura de olhos esverdeados? *Virei nos seiscentos na hora, quando ela gritou: *estou fora! Oh meu Deus, quanta maldade, essa loira é de uma perversidade... *Me piquei, acabou o meu carnaval ali! Valha-me Senhor do Bonfim! kkk É, Antonia, nem tudo foi porreta, desconfio que ao me liberar você jogou praga, não posso ver uma loira que tudo trava e pensar que você me chama de beleza rara, será que não está de chacota? – Não? - E por que está rindo? Ah, bom... kkk

O Sibarita

TRADUÇÃO DO BAIANÊS

Não gira bem – Não pensa direito, Louca (o)
Alforriar - Liberar
Pintar e bordar – Aprontar
Ser fiel – Não trair
A fila andou – Namorar, beijar sem compromisso várias mulheres
Sair de Pipoca – Ir sozinho para o carnaval e está aqui, aculá atrás do trio elétrico
Arregaço – Botar para quebrar
Laço – Conversa
Bagaço – Acabadas
Cabaço – Virgem, virgindade
Otário – Besta
Gaiva – Embromação, mentira
Luvas - Camisinhas
Artefato – Pênis
Peça de Museu – Não faz mais nada, objeto de decoração
Teatro - Cama
Bater fofo – Sem tesão
Caldo – Gozo, orgasmo
Cocó – Crocodilo, (a) Delator (a)
Escambau – Etc. e tal
Zignal - Partir rapidamente sem que a pessoa perceba
Tango no mango – Confusão
Ta piripicado – Faça fé
Miserê – Estrago
Mainha – Modo singelo, amoroso de chamar uma mulher quando namorando
Ó neguinha – Modo também amoroso
Arrepique – Arrocho no namoro
Pedir Pinico – Pedir Socorro
Enguiço – Deu zebra
Carná – Carnaval
Camaleão – Bloco tradicional do carnaval há 30 anos puxado pela Banda Chiclete
Mulher Ninja – Mulher que flerta e depois não quer nada, vai embora.
Rebucetê - Sacanagem
Cafetina – Mulher dona de bordel
Toda boa – Mulher com o corpo bacana, porreta
Piriguetagem – Paqueragem, Afim de amor
Xurupitar – Fazer sexo
Gunsar – Pegar
Marombado – Forte e musculoso
Virar nos seiscentos – Partir rapidamente, desaparecer sem ninguém perceber
Se picar – Ir embora

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

AVESSO

Avesso

Há um silêncio, um vazio escuro, oco
Que corre e escorre ao bater das horas
No tic-tac do meu relógio pirado, louco
Aboiando o canto da tua essência lá fora...

Na luz do sol aceso das fronteiras do infindo
Ancorado dos teus olhos no cais do coração.
Ao meu peito tudo passa ao tempo estendido
Brotando dentre as flores o céu de meu chão.

O inexorável das palavras, o rumor dos versos
Não são espelhos partidos, existe uma história
No imensurável que se espalha pelo universo
Do amor que por tudo passa no correr as horas...

Transmuto-me no que há de vida para ser vivida
Silenciosamente por atrás das portas dos destinos
No mar dos teus olhos em luas de noites perdidas
Onde procuro o teu coração que não se exprime...

Dir-se-ia que me vens no rosto dos meus desejos
Colada no chão da esquina que foge no desvelo
Dos passos esquivos e nas passadas dos ensejos
Cobrindo a distância da vida virada pelo avesso...

Descortinando o teu silêncio de fora sem barulho
Que te faz lembrança eterna no meu porta-retratos.
Mas, no peito, eu sinto este querer e este murmúrio
Da paixão estilhaçada como se fosse cristal barato...

O Sibarita

terça-feira, fevereiro 12, 2008

FLOR-DE-LIS

Flor-de-lis

Já não sei mais quem fui ou ainda sou
E precipito-me nos arranhas céus meus.
Ela, a flor-de-lis deu ninja, se escafedeu,
Viajou na maionese, sem nexo, afundou

Nesse perau sem fundo dos teus sentidos
Já vazio. Deixo aqui as minhas vontades
Rasgo-me em palavras na luz da verdade
Pois, seja o que tem que ser no sol diluído.

Revelando, assim, que tudo foi reticência
E que o templo da razão tem porta estreita,
Resta-me apenas vestir-me da tua ausência.

Toda escuridão tem na luz o seu disfarce
Velando escondida no lugar da vertigem
Do coração batendo aflito: Tic-tac-tic-tac...

O Sibarita

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

CINZAS...

Evoé Baco! Cinzas...

Apagam-se as últimas réstias de luzes já é quarta-feira,
Amanhecendo... Os desejos ainda aflorados. Oh, Baco!
Sai de cena: eu, o profano e ela, a lua, obscena por inteira
Ébrio, rasgo minha fantasia de sibarita em mil pedaços...

Deixo estes versos de remissão para as donas meninas.
É que no Olimpo, o carnaval virou cinzas. E eu, o jogral
Desmonto o anfiteatro, limpo a coxia, fecho as cortinas,
E neste sétimo ato faço o hiato desses dias de bacanal...

Então, enfronho a bandeira do prazer... Faço o estorno
Dos amores frívolos e venais, queimo tudo, são cinzas!
Tenho, agora, nos lábios o sal... No mar, o sol tão morno,
No meu alforje, nenhum brilho dos gozos das meninas...

Deixo para trás a falsa abundância das carnes atiçadas,
Das mundanas da Conceição e da Montanha... Evoé Baco!
E tudo que deixou de ser nos orgasmos das moças recatadas.
Eu, o Sibarita, devolvo o manto do bacanal! Desembarco...

Na luz de todas as cores, na cor do sol, molusco em chamas,
Ai meu Deus! Todo esse fulgor, agora, se esmaece e se apaga.
Os desejos e o bacanal navegam no mar ouriçado de escamas,
Evoé Baco! O carnaval virou cinzas boiando de vaga em vaga...

Agora, recolho-me à reflexão, ao perdão. Adeus carnaval profano!
Ah! Faço as minhas penitências em quarenta dias de abstinência,
Em vigília, jejuarei, nenhuma donas moças, esqueço o mundano...
Ai Jesus! Na via sacra ressurgirei purificado no domingo de ramos!


O Sibarita

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

EVOÉ BACO!

Evoé Baco!

Meia noite. Ela, a lua, nua e soberana entra em cena!
Acorda cidade! É carnaval! O meu manto de Sibarita
Estendo às donas meninas mais ardentes e obscenas
Cheias de má intenção, ai de mim! O gozo mortifica...

O que importa? Eu, ébrio, só de ilusões... É o meu vício
Que me alucina nesses amores frívolos e curtos, eu domo!
Rindo, vejo no corpo das meninas o amor venal de ofício
E me entrego aos prazeres carnais dos velhos carnavais!

No meu alforje rutilam as belas morenas/colombinas.
Eu, o Sibarita dos amores caio na gandaia... embarco!
É nestes obscenos versos que o bel-prazer me ilumina:
Nas chamas e nos ensejos dos desejos... Evoé baco!

E no estio das serpentinas o rútilo de Sodoma
Em lampejos de orgias acendem a febre do prazer.
A lira etérea dos gozos e orgasmos que a cobiça toma
Rumina em mim e nas colombinas ao sol do amanhecer...

Na nudeza da lua Loba, ai meu Deus! Todas as fantasias
Afloradas, poros por poros, ôie! Neste tempo de bacanal
Da urge fronte que brilha na delícia me entrego às orgias
Das donas moças para revelar os prazeres deste carnaval!

Vixe mainha... Evoé Baco!

O Sibarita

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

CARNAVAL...

Caros leitores, este vídeo é da Banda Chiclete no Campo Grande.
Trio elétrico do Camaleão, o melhor e maior bloco de Salvador

Carnaval...

Ah, ta rebocado minha Iaiá já é carnaval na cidade.
Do Campo Grande à Ondina o coro come na Bahia!
Transmuto-me ao profano das moças na liberalidade
Dos ensejos aflorados... Ai meu Deus! É só alegria...

Evoé, no coração daquela menina de abadá do camaleão
Coloco o meu manto de Sibarita, estou livre, leve e solto.
Sobre os teus seios de deusa os meus olhos de navegação,
Vixe mainha! Embarco, caio na gandaia e mostro o rosto.

No fogo do querer, atiro-me nas chamas, entro em cena
Deito e rolo, embolo e me entrego na cobiça desta folia.
Nas fronteiras do infinito: Eu, o luar e a moça obscena
Balançando o chão da Avenida na plenitude das orgias.

Ah, os teus beijos, fogo dos demônios ao som da Chiclete*.
Gemidos, tremores e eu sorvendo dos teus lábios o aroma
Dos desejos e, no meio da multidão, vamos pintando o sete
Rolando pelas ruas desta cidade na vertigem de Sodoma!

E vamos nós, circuito Barra/Ondina, é como o diabo gosta.
Ah, eu sinto os gozos jorrarem nas chamas deste carnaval,
Ai! Na delicia o céu que nos cobre brota uma lua em tochas.
Valha-nos Deus! Como o mundo fútil no olor deste bacanal!

O Sibarita

*A Chiclete Com Banana é a melhor Banda
baiana, puxa o bloco Camaleão há 30 anos.