segunda-feira, janeiro 28, 2008

ÓPERA BUFA DO CARNAVAL DE SALVADOR

Ópera Bufa do Carnaval de Salvador

Gatos nas panelas
Tamborins exaltados.
Fome na boca da miséria
Gatos escalpelados...

Na maré,
os marezeiros colocam o bloco nas pontes.
Lá vai o bloco dos miseráveis desfilando
pela passarela da ponte Santo Antonio!
Explode o som do serviço de alto-falante
“Eu sou o carnaval em cada esquina...”
Caretas feitas de sacos de alinhassem,
pano de chita enfeitando as meninas...
Nas pontes, não há batalhas de confetes.
Jornais velhos como serpentinas,
serpenteiam tristezas e pneumonias!

Nesse bloco não tem cordas
e não tem as cores da cidade
é um amontoado de sofrimentos
fazendo festa sem instrumentos...

Sob a pele de barrigas vazias,
No porta-estandarte: Valha-nos Deus!
Dona morte requebra cheia de alegria...
No enredo desfilam: fome, asma e cirrose
meningite, pneumonia e tuberculose
Em farrapos de mortalhas como fantasias...

Enquanto, no outro lado da cidade:
Avenida Sete, Barra e Ondina
dona esperança pula cheia de alegorias!
No seu porta estandarte desfilam:
Saúde, escolas e educação,
teatro, lazer e boa alimentação!

Do Campo Grande à Praça Castro Alves
batalha de confetes, pierrôs e colombinas,
lança-perfume, cervejas e serpentinas.
Dentro das cordas, o trio detona o som:
“atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu...”
Requebram quadris bonitos e malhados.
É... A nata da sociedade em plena felicidade,
desce a Avenida Sete com os desejos aflorados...

Na maré, segue o carnaval...
Crianças caras-pálidas,
botam o bloco nas pontes.
Pintam os rostos de índios
e de cuias nas mãos,
os vinténs serão bem vindos!

Nas pontes, o sol chega vestido de arlequim,
espia da esquina e toma uma no botequim.
A lua aparece vestida de colombina,
ela requebra, ele se agarra à sua cintura,
beijam-se e vão desfilar no mar de Amaralina...

O Sibarita

sexta-feira, janeiro 25, 2008

LUZ

L u z

Quando vossa claridade candeia na minha porta
A lua, então, nos meus passos beija a noite mansa
Na luz do vosso coração e, em mim, o amor estanca,
As estrelas piscam por vós e nada mais me importa.

É que na escuridão eu me mostro para vossa luz.
Aqui, agora, os caminhos vêm e em tudo irradias
Como faróis acesos ao findo das minhas agonias
Se em mim habitas anulando toda minha cruz.

Senhora e musa, a chama dos sonhos me consome
E, à noite na solidão finismundo da tua ausência
A lua socorre e as estrelas formam o vosso nome.

Não há como fugir nos desejos dos nossos azuis,
No infinito a lua dança em círculo e nessa paixão
Estou mesmo afogado na enchente da vossa luz...

O Sibarita

terça-feira, janeiro 22, 2008

ESPELHO

"Espelho"

Há fulgores e desejos
que o espelho da alma semeia...

Sonhar o invisível, poesia!
Imagens?
Nenhum rosto... Pura imaginação
onde do espelho eu habito!

O espelho,
ante a face da água conquistada,
seria eu o eros nos braços da amada?
O sonho fugirá? Premonição!
Quanto desta estância já está em mim?
Dizei-me!
E condena-me a plena escuridão...

Quero o brilho do teu olhar
e a chama ardente do teu corpo!
Avançar sobre os teus lábios, te amar,
lambuzar-me de batom: Cereja, ruge...
(não importa o tom!)
E morrer de gozos em toda plenitude!
(os teus uis, os meus ais...)

Reconhece-me agora?

Então,
acendo-te as chamas,
transformo o espelho
da minha alma em lavas
e entrego-te o céu e o fogo
das minhas palavras!

O Sibarita

sábado, janeiro 19, 2008

VENTOS

Ventos

No escopo cíclico da vida agitada
Breves versos cândidos e soturnos
Brotam nos espasmos cru da alma.

Ao amor desespero o coração negado
Incendeia a lua e os ventos noturnos
Batendo na porta do tédio encadeado.

Despido, discorre em si e não medra
Sem armaduras na aflição do pesadelo
Dá salto mortal e pula de pára-quedas.

Nos céus e becos do poente que flameja
Esquecidas rosas ornam o amor pálido
Naqueles retratos sobre a penteadeira...

Do horizonte jorram os ventos semeados
No deserto do caos na flor do pensamento
Refletindo tenso no espelho empoeirado.

Mas, nas chamas ardentes da noite calma
Os passos insones beijam o amor peregrino
E faz brilhar no céu aquele sol que se apaga...

Quando a solidão encontra uma lua partida
Em toneladas de volúpias no fel do relento
Sem um riso, um olhar ou palavra perdida.

Racionalizo e dou um salto na escuridão
Como insano ou iluminado que a lua beija
Nos vestígios do breu varando o coração.

É que há ventos moucos e reminiscências
Então, subo aos céus e acendo uma estrela
No anoitecer embalsamado da tua ausência.

É na lápide que o desejo escreve e entrega
Para edificarmos no vento o que nos resta...
- O passado não há, se em ti, o amor renega.

O Sibarita

terça-feira, janeiro 15, 2008

JAUÁ (RESSACA II)

Jauá (Ressaca II)

Jauá. Meia noite. Ai Deus! Eu, ela e a lua.
Lábios contra lábios e a bulimia dos desejos
Em tremores dos corpos na escuridão da rua.
Mãos sutis correm refém na delicia dos beijos!

Evoé! Os verdes olhos dela são duas esmeraldas
Acendendo a noite em lampejos dos ais e dos uis.
É o amor venal no esplendor de todas as baldas
Vestido de gozos com franjas do luar nos azuis!

Agora, o seu corpo é fruto. Ah, vem dormir comigo
Sob essa lua nos lençóis de fragrância do meu corpo.
Sereia! Vem na volúpia de mais uma noite contigo,
Para minha psiquê só mesmo a sua plástica e escopo.

Ai! Entra. Dispa-se. E, nua, no encanto, sem cerimônia,
Poderosa, mata-me nas suas fantasias e vontades sem fim.
De chofre, vem oh pulcra, lassa, irreal, serena e demônia
Como o diabo gosta no isso ou aquilo, assim, bem assim...

Evoé! Os seus seios, a cintura e as ancas na dança do amor.
É, toda deusa, se entrega na volúpia dos desejos ditosos.
Tudo explode, no leito, corpos entrelaçados é lua em flor
Solvendo o nécta de unha a unha na derrama dos gozos...

O Sibarita

sábado, janeiro 12, 2008

NOITE, SONETO

Noite, soneto

Pega-me sempre nas tuas mãos macias, pega-me!
A lua e sempre ao derredor do nosso leito... Nua
Largada, cúmplice à meia luz nos lençóis... Amada
Em frenesi orvalha essa noite que sai do casulo e ri...

Pega-me na relva tênue do teu púbis, oh, pega-me!
Inunda os teus desejos do céu que germino... unta:
Anseios, peles e olor erguendo libidos... Os lampejos
Advindos... doçuras, ápice, orgasmos e gemidos...

Pega-me sempre no teu olhar em chamas, pega-me!
Fala do amor na pura essência do teu seio... Afaga,
Desejos antigos no céu e no luar dos teus beijos...

Pega-me sonhando no teu colo inefável, pega-me!
Sublimo o teu ser nessa noite de colheitas... Rimo
Versos sorvendo do teu mel nos gozos ascéticos...

O Sibarita

sexta-feira, janeiro 11, 2008

MAIO, 1º

MAIO, 1°

A Grace Sweden

Uma vaga luz intensa do alamor
induziu-me à meditação, um anjo
incendiou-me, ele tinha o olhar azul
tinha vida e a suavidade do esplendor.
O brilho e uma translúcida claridade,
era um anjo de disciplina mongeana
de luz alada com áurea dourada.
Havia nele o dia e a claridade nos olhos,
ele guiou-me na leveza das plumas
por jardins de caminhos perfeitos
e imagens sacras de cenas do evangelho,
via-se nelas a urbe de almas panteístas
ao redor de castiçais e círios acesos
de silentes anjos de um céu angélico
em góticas catedrais barroquianas
e, no tocar dos sinos, eu carregava a cruz!

Foram pecados... Outros passados!
Eram passados... Outros pecados!

A colheita é a que semeias
a fé vem do evangelho
o anjo vem da circunstância
a cruz vem dos atos...

Livre da inconstância
desencarnei em 1784!

O Sibarita

quarta-feira, janeiro 09, 2008

NOVO VISUAL

Novo Visual

Caros leitores, com a chegada do ano novo todos nós sempre queremos mudar alguma coisa. De algum tempo, eu pensava, em fazer mudanças no visual do Blog. Nada melhor que o inicio do ano, mas, sem saber como, porque, não domino bem a feitura de um Blog.

O Blog do Sibarita nasceu há quase dois anos pelas mãos da minha amiga Saramar do blog ABRINDO JANELAS que lendo os meus textos me perguntou por que eu não fazia um blog para que todos pudessem ver, ler. Ponderei dizendo que eu não era e nem me achava poeta, escritor seja lá o que fosse, apenas, eu gostava de escrever e isso desde os 16 anos. Dias depois eis que a Saramar me apresenta o Blog. Surpreso, não tive como não me render, fui em frente!

No final de dezembro, eu fui ao Blog RENASCER DAS CINZAS. Coisa que nunca fizera antes, deixei comentário. No outro dia, em retribuição, a Grace Olsson que é a proprietária veio ao Sibarita, ao final, do seu comentário perguntou se eu queria o sistema de comentários HOLOSCAN. Caso eu quisesse faria e mandaria os códigos.

Escrevi para ela dizendo que sou leigo nesse assunto de Blog, em resposta, ela se prontificou a fazer e colocar os códigos e mais do que isso mudar o visual do Blog. Aceitei imediatamente já que eu tinha esse pensamento.

Assim, ela procurou saber como eu queria que fosse o novo visual, apenas, dei algumas idéias, mas, que ela ficasse à vontade para fazer ao modo dela e olha no que deu? Um visual magnífico com as fotos de lugares importantes da minha querida Salvador.

O bom do Blog é isso, as amizades, que são construídas ao longo do tempo, são as identificações no dia a dia!

Meus sinceros agradecimentos:

A Saramar pela primeira fase do Sibarita, sem ela, com certeza o Blog não existiria.

A Grace Olsson, brasileira, radicada na Suécia por esta segunda fase. Como nada é por acaso, nos identificamos de cara em pouco tempo por um motivo simples: Somos Espíritas Kardecistas!

Aos caros leitores que sempre estão aqui nos prestigiando, incentivando.

Obrigado Saramar!
Obrigado Grace Olsson!
Obrigado Caros Leitores!

O Sibarita

segunda-feira, janeiro 07, 2008

ENIGMA

Enigma

Janela aberta...
Uma vaga luz
de lampião sai pela fresta
como luminosidade do teu quarto
o teu corpo ao deleite da cama
se entrega na puridade do sono
tantos, tantos são os sonhos...
Mil tentações... Mil desejos!
No entanto, eu como um anjo
surjo da solidão noturna
penetro nos teus sentidos
vasculhos os teus sonhos
e decifro as chamas, os sinais...
Percorro o teu ser, sinto a tua alma
foco as imagens, vejo o horizonte
descubro o caminho... Venho à tona!

Sim!

Eu sei das flores,
das cores e dos astros.
Traço rumos, faço rotas,
sigo estrelas...

O Sibarita

sexta-feira, janeiro 04, 2008

SENTIMENTOS

Sentimentos

Estou no ar!
A ventania bate-me forte.
Mudará de rumo? Revelará sinais?

Boa noite, saudade!
Não mais sentimentos a acender-me.
Já não há lógica, só fragmentos...
O enigma acena-me mosaicamente,
legado em taças cristalinas.
Bebo o prazer e a dor. Trôpego,
me devoro em partículas medíocres
à procura de caminhos de abstrato sentido.
Aceito-os. Não há passos, só o destino!
Estou longe. Já não existe o mar.
Vagueio na solidão. Não há bússola...
Não mais pedra. Não existem flores.
Por lógica, removo o limbo, o lodo!

É tarde...muito tarde...
Meus sentimentos perderam-se na escuridão
à procura de trilhas dos mesmos sonhos...

Divina!
Espelho da puridade,
olha o que fizeste?

Ai de mim!
Quebraste sem piedade
o encanto do destino...

O Sibarita

quarta-feira, janeiro 02, 2008

JAUÁ (RESSACA)

Caros leitores esse vídeo é da música ÁRVORE com o baiano Edson Gomes o maior REGGAE MAN do Brasil e considerado um dos melhores do mundo. A letra da música fala da necessidade de todos os dias nos regarmos... Assistam!
Jauá

O mar, uma concha ora verde, ora azul... Espelha
Os intensos corais de todos os tons, cores e gamas.
No ponto de junção, o sol – molusco em chamas –
Desenrola as velas no anil de incendiada centelha...

No crepúsculo vespertino a lua insidiosa e enorme
Sai nos arabescos de Jauá. O fulgor do dia se apaga
E em sombras o olhar do sol bóia de vaga em vaga,
Recolhendo suas velas, fecha o seu brilho e dorme.

Cândidas andorinhas planam, cintilam sobre sereias
Estendidas nos corais suaves das branquinhas areias
Ao pôr-do-sol, de pêssego, de romã e de lua lasciva.

À noite a brisa sopra e os desejos correm nas veias
Fulgurando o amor perolado sobre camas alheias
Quando a lua passional orvalha bocas ressequidas.

O Sibarita
informações do vídeo:
Gravação do DVD ao vivo de Edson Gomes em Salvador com mais de 15 mil pessoas presentes, eu estava lá, faça fé!