terça-feira, setembro 29, 2009

CONFISSÃO

Confissão

Sim, sei... tudo agora explode e amanhã explode
Evoé, venha! Ai meu Jesus! Eu tô que tô faminto
Soldei abstrato e concreto investindo nessa ode,
Fuzilei o tédio, soltei a vida, incendiei o instinto...

É sim! No corpo daquela moça os desejos dançam,
No teu vestido justo as curvas soberbas, sonhadas
Afloram inseridas na paisagem que tão me alcança
Ah, é... O sexo explode! Clareia a lua toda enfiada...

Tomba a noite, desmaiam as estrelas sobre a cama,
Ô mainha, no abstrato, o vazio do leito não faz céu
A ternura do fogo sustentado não move as chamas
E, sem mover-se, ó Deus! A pura chama arde ao léu...

Nos lençóis percutindo a mão da noite desfolhando
Palavras concretas. No teu corpo, coloquiais desvãos
Ao teu ventre descoberto num céu côncavo, cifrando
Desejos. Por gozos, rogo que me ouças em confissão...

Minha estratégia Fia
É que um dia qualquer
Sem nenhum pretexto
Sem eu se quer esperar
Por fim tu careças de mim,
De joelhos vou te escutar
E alojar-me dentro de ti!

O Sibarita

domingo, setembro 20, 2009

BELA DONA

Bela Dona

Valha-me Senhor do Bonfim
Coloquei meu barco no mar
Nesse oceano sem fim...
Arribado, no seu mastro
Vai uma bandeira enorme
Tremulando os olhos da Bela Dona,
Na popa, um container carregado
De saudades em gotas de mel
Dos teus beijos molhados
Na cor do pecado...

De dia, na proa, um sol
Dependurado no azul
Bronzeia o teu corpo nu.
À noite no estibordo estrelas piscam
E a bombordo luas se arriscam, se jogam
Á flor d’água a procura de ti...

Esse barco não tem rotas,
Só nuvens, celestes panos desdobrados,
Acenam-me no desfiar das horas...
O abismo, o caos, os dias tombados
E as noites sobre noites
Totais, íntimas noites do princípio,
Pesadas noites, e cegas nos seus eixos
Seguem nos seus ritos...

Bela Dona, firme no leme,
Nas cores vespertinas
Lavo a saudade que geme
E me perturba o coração,
Padeço de crepúsculos
O que me confere a solidão...

Singro nas gotas de orvalhos,
Faço dos horizontes o teu cais,
Aporto madrugadas, detalho
Os dias no céu que se desfaz...

Qual mar te evocou
Bela Dona do amor?

Pelos teus olhos, tu vens
Empurrada pelos temporais
Nos aís dos céus inocentes!

Quem te ama, tem fome
E sede em qualquer vento...

O Sibarita

domingo, setembro 13, 2009

NOTÍCIAS

Notícias

Para as (os) Leitoras (os)

Mando notícias minhas nessas ausências das palavras
Que o amor, as estrelas e as luas aclaram sem agonias
Por dentro e pelo avesso na seiva da essência renovada
Dos mundos convergidos e constelados aos meus dias...

No céu afetuoso estou de volta ao tempo sem tempo,
Sintonizo o azul do infinito na luz que a noite suspira
Quando a última estrela se apaga desse meu silêncio
E no compêndio dos dias o sol tríplice soluça, delira...

Tudo me nutre, me constrói, me esclarece e traduz
Por decreto divino o meu pensamento transladado
Germina a bondade e a caridade encoberto de luz
No que gera, redime e lumeia do trigo já semeado...

É luz trazendo as bem aventuranças pelos caminhos
Por onde eu movo os passos tão longes, aqui e além.
Sondo o oráculo, a lua filtra a solidão do pergaminho
Mas, não se aflijam. O espírito em diagonal é zen...

No celestial santuário das adjacências do universo
Situando as órbitas da lua emersa no seu crescente
Então, confiro a minha própria identidade no reverso
Ao ser espírita adjetivo, reflexo, o céu confidente...

Tudo vem de Allan Kardec, vem do livro dos espíritos
São perguntas e respostas cavalgando reencarnações.
O belo da alma, a fé raciocinada na lei do livre arbítrio
Em conformidade à seara do Mestre Jesus no coração...

No exílio tão aplacado, mantenho das palavras o báculo,
Com lucidez vigilante procuro o eco elíptico, em verdade
Entre, formas e idéias, cor e som eu sinto nos vocábulos
À sombra da lira o sol arisco galopando a claridade...

O Sibarita