sábado, outubro 22, 2011

DRAGÃO

Dragão

Ah, tá rebocado, tu tens um olhar de mandinga
Recamado de luas cheias me afogo, te consagro.
Ai amor! Fogo, fogaréu, em anseios, minha linda
Viro dragão, lanço fogo, nas chamas te conflagro...

E no teu corpo cor da noite, estrela estonteante
Vênus bela, abóbada celeste, encarnação de luz
Cintura de veludo, o teu colo, volúpias rutilante
Que ateiam a flama libertina soldando os azuis...

Framboesa aromal, os teus lábios aconchegados
São labaredas afetuosas nas delícias tão desejosas.
Tu me enches do tudo nos teus sóis de orgasmos,
Ah, flutuo na tua boca orvalhada de carmim rosa...

Os teus seios são dois asteróides a saltar rijos,
Pontiagudos sob a tua blusa em céus aguçados
De plenos desejos, onde, me levas aos delírios,
Valha-me Deus! Arquejo louco, deslumbrado...

As pernas lisas alucinam o balanço do teu andar,
Divina, tu arrebatas e os anseios aqui perduram,
Apossam-se dessas noites em que faz o sol sonhar,
Oh flor! Nos quebros da tua cintura toda luxúria...

Na nudez essencial deste escrito o fogo é de dragão
Em chamas. Por ti, ando mundo, é teu este poema
Florido de girassóis lascivos extraídos do coração
Como o sol seguindo o perfume da tua alfazema...

Na essência da perfeição é a tua voz de sussurros
Cadenciando o infindo nos lençóis, cobiço do luar.
Assim, desce a noite, os astros, a aurora e os urros
Fia, tu és coisa de querer, sentir. Não de imaginar...

O Sibarita

segunda-feira, outubro 17, 2011

Oráculo de Delfos

Oráculo de Delfos


Sim! A lona levantada, o amor geme, engana
E das coxias do picadeiro acenderam o pavio,
Exposto numa jaula eu expio a culpa. É trama.
Ah, fui julgado! Já morri. Já pensou? Partiu...

Como um cristal barato atiçado, espatifado!
Já, meu bem, já me parece, gema na neblina,
O ouro afunda no lodo, avantesma torturado
Busco alívio, não o descubro, deliro. Defina...

Que outrora o amor, o sonho, o sol barroco
Por dentro e pelo avesso gerava pérola fina
Mas, agora, no circo virou santo do pau ôco
Sob a lona rota de um céu sem adrenalina...

Á sombra da lira. Nas mãos da morte expiro
Na ruptura que tu geras, redimes e lumeias
Quando ora se afasta, ora vem pelo suspiro,
Pela morte, pelo o amor que já não semeias...

Fragmentos? Vibrai os sinos da tua consciência
Que palpitam o amor já que o coração é néscio
Em ti mesma, não revela, não tem indulgência
Deixo a interpretação deste oráculo de Delfos...

Para ti. No aprendizado, solta no céu soturno
Chores saudades, penas do amor que a consome
Arfando no trapézio de um circo... E, sem rumo,
Oh meu bem! Agora bem, silêncio é o meu nome!

Mas, toda vestida de sol, talhada na perfeição
É, meu bem, por onde me vês? Sobrevoas ao léu
Asas grandes de águias para voar na abstração.
-Perdoe-me o queixume de ocultar os teus véus...


O Sibarita

sexta-feira, outubro 07, 2011

JÔNIA

Jônia

Que em vós amor flameje a pureza dos versos, o amar.
Veja-me nos vossos olhos na clareza que a luz assume
Da cobiça, da brisa, dos luares, do incenso de almíscar,
Tão indefiníveis na harmonia do querer e do perfume...

Sutil e suave, mórbido, radiante e o meu coração a mil
Nos arcanos das estrofes com as labaredas emanadas:
Ânsias, vibrações, alentos, desejos, tempo a fio
Destas horas do ocaso, acanhadas/extremadas...

Clamando as rochas, ao mundo pecador, lua nova
Laços, ósculos, salmos e cânticos serenos de vós
Com estrelas vestindo o céu de primaveras, rosas
E bálsamos, ó glorioso Santo Antônio rogai por nós...

Fecundando/inflamando os versos claros, ardentes,
Intensos na essência que o vosso íntimo tão casto
Seja fertilizado, desejo de mulher, luas crescentes
Delicadezas, estátua de Jônia, diva dos alabastros...

Esculpida com a chama ideal de todos os meus desejos,
Original de santa e virgem pudica, piriguete e felina
Despudorada em róseas e áureas correntezas dos arquejos
Réquiem do sol nas vossas fantasias tão claras, cristalinas...

O Sibarita