segunda-feira, dezembro 26, 2011

SOLITUDE

Solitude

E tudo, agora, exulta. A primavera e a flor...
O coração absorve funde tudo num só afago.
Ah, esse querer, porque nascestes e és amor
Fluindo em chamas como aspiração do âmago...

Quero saciar minha sede seguindo a tua estrada
Mas, diga-me: Em qual coração anda o teu coração
Ou envio o meu coração ao Santuário de Fátima
E dessa velada angústia espero a tua revelação?

No entanto, estás absorta, não ouço tua voz! Oh, flor
É que sonho encontrar-te em plena solitude, o amar...
Mar azul, desejos, toques e essa luz peregrina do amor
Que se acende num canto, qualquer canto, do meu olhar!

Em mim, tudo cintila... O amor, a paixão! E sem medos
Tombarei imerso nas íris dos teus olhos de luas acesas
E... Guardarei o meu coração por entre os teus dedos
Para que percas o medo e, cristalina, o amor te veja...

Lúcida, sem manto, perpetuando o róseo azul da paixão
Em que a minha alma ardente há de sentir-te... Embora,
Nesses versos pulse o chamamento... O meu coração
Não finge a dor, nem o sonho... A solitude sopra lá fora!

O Sibarita

sábado, dezembro 24, 2011

NATAL

Natal

Pássaros de jade sobrevoam a cidade de Belém
Reis Magos anunciam o nascimento dos azuis.
Nos alagados, Menino Jesus, corre pelas pontes
Em verdade, transmudado em pétalas de luz...

E, dentro da noite, esplende uma luz peregrina,
Nas pontes os olhares de perpétua esperança
Molduram o cenário do céu que jamais termina
E os festejos natalinos fogem, não alcançam...

Na mesa de Natal o tom mágico dos fifós acesos
Verbera no fogareiro em brasa da ceia natalina.
Gatos escalpelados... Churrasquinhos disputados
Sob a fome no finismundo dessa parcela divina...

No balança mais não caí estrelas hidráulicas
Piscam sobre caibros sustentando as pontes
Que balançam ao Deus dará da noite natalina
Em pleno frenesi das asas de todos os ventos...

Pela manhã, o sol chega e se joga das pontes
Submergindo nas poças da maré lentamente...
Valei Menino Jesus! Comida para peixe baiacu,
E nenhum presente para crianças inocentes!

Ó, crianças, correm pelos pontilhões carcomidos
Catando raios de sol e lua para clarear dia e noite
Que te virão em sudários nas dores que deságuam
Todos os desejos do natal batendo como açoites...

O Sibarita

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Espelho (Soneto)

Espelho (soneto)


(As estações semeiam sóis e girassóis, céus solitários.
No espelho: o teu reflexo, com os olhos eu te como...)

 Na exceção das entrelinhas, via de regra, desejos:
Céu enorme, lua distante, bem longe, muito longe,
Aqui e acolá aflorados, onde, o teu olhar esconde
Os detalhes, os quereres, reflexos do meu espelho...

As estrelas abertas, brisa soprando no mar em frente,
Ó noite, inocente noite! O leito: os sussurros no rogo
Flamejam na volúpia dos nossos corpos pegando fogo,
Delírios e mãos burilando, ósculos e mel docemente...

Vontade da carne sorvendo o néctar da boca navegada
A essência das essências ardentes, luxúrias decifradas,
Danação de chamas, fastígio do fecho que nos permeia...

As ânsias, sonhos, latejos e os suspiros dos néctares,
Os seios, umbigo e ancas despudorados nos entalhes,
Encaixam-se no céu das horas, o tempo que incendeia...

O Sibarita

domingo, dezembro 04, 2011

Relampejou, Oyá!

Para assistir ao vídeo pare a Rádio Humaitá ao lado.

Maria Bethânia é filha de Santo do Terreiro do Gantois.

ESTAMOS NA CAMPANHA CONTRA A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA DOS NEOPENTECOSTAIS QUE PERSEGUEM O POVO DE SANTO!

Relampejou, Oyá!

Eparrêi, Eparrêi Ó Deusa dos trovões e Ventanias,
Com a tua taça de ouro e tua espada na mão, Oyá!
Estou mesmo aos teus pés e tira-me dessa agonia,
Desse tempo, traz-me a dona moça do casto olhar...

Se aqui tudo é vermelho como os teus lábios carnudos
Atiças desejos na minha cabeça, rebocado, relampejou!
Oriki de Iansã, Oyá! Assim fia, adentro no teu mundo,
Aimôpai!Quem és que não conhece as pedras do Pelô?

Ô negona dos olhos solitários em céus tão nublados
É dia de Iansã, Oyá!E no mercado de Santa Bárbara
O coro come: muito caruru, cadê you? E todo retado
Meu pensamento em ti é frenesi, tô é comeno água...

Piriguete, meu amor e minha sede, vem minha fome
Que o teu corpo envolverá todas as estrelas dos céus
Nas chamas do fogaréu que o teu amor é tome e tome,
Oie!Divina a vaidade da tua carne nua é glória ao léu...

Iansã quero essa mainha e com ela a vida pegar fogo
Cavalgando sensualidade dos céus sem tempestades
Saravá! Rolaram os búzios, Oyá disse teu nome no jogo
E que no auê da delicia, adentrarei na tua intimidade...

Axé! Vou todinho, secura e fervor, angústia barroca
Descampada no carregar do teu andor na inocência
Se mandar me chamar, estou aqui, o que é que há?
Ômãe! Naquela gota do teu olhar deságua ausência...

Oyá, Oyá, olha ê!
Olha a Matamba de karoká zingue
Oyá, Oyá, Olha ê!
Olha a Matamba de Kakoká zingue ô

Zé Corró

Baianês

Rebocado – Faça fé.
Fia – Menina, moça, amor.
Aimôpai – Rogando a Deus, Ó meu Deus.
Negona - Carinhosamente chamando uma mulher retada,
O coro come – Muita gente na festa.
Tô é comeno água –Estou é bebendo muito. (bebida alcóolica)
Piriguete – Mulher gostosa.
Tome e tome – Muito sexo.
Glória ao léu – Sexo, Gozos ao ar livre.
Mainha – Sensualmente chamando uma mulher com carinho.
Auê da delícia – Fazer sexo gostoso.
Adentrar na intimidade – Penetrar no sexo da mulher.
Vou todinho – Entrar todo.
Ômãe! – Hummm, venha.