quarta-feira, março 28, 2012

RESSONÂNCIA


Ressonância

Dádiva, fogem a galope os desejos horizontais,
Com teus espelhos de pureza numa fome atroz
Montada na sede dos néctares e no tudo assaz,
O infindo, limiar inteiro. Ai, ai. Amor, ai de nós...

No firmamento e no cântico da alma. O infinito
Pela candeia das luas íntimas, assim, se resume
O exílio que te sossega sob os toques benditos,
Brenhas dentre muralhas sem capas ou ciúmes...

Aos olhos curtos, parte-se o espelho, estilhaços
Na aurora, atmosfera que respiramos nesse jogo
De quereres, sólidos cacos e aromas, eu te refaço
Às avessas e no avesso escrevo em letras de fogo...

Os dias são auréolas dos desejos na intensidade,
A paixão circunscreve rochedos, sangra, ressente
E faz ecos. Desdiz o tempo oblíquo da ferocidade,
Abrolham as palavras aqui nos entre parêntesis...

Mas, o tempo engorda nas sombras da tua essência,
Ao chamado do sol, as luas e as estrelas e o céu de ti
Germinam as minhas vontades e brada a tua ausência,
Tudo o que clama e ruge é fúria, sumidouro de sucuri...

O Sibarita

sábado, março 24, 2012

SIBILE

Sibile

Amada, retirai o vosso silêncio do meu caminho
Eu quero passar com o meu tédio, a minha dor.
Na essência, vos digo, o meu grito mesmo surdo
É maior que o teu silenciar. O brado é: amor, amor...

Nas entrelinhas, guardai vossa fúria e nos transbordos,
Amada minha, não me negues, sei e sabes somos desejos.
Em nós, a palavra amor é uma só: Paixão, paixão e paixão...
A névoa é breve, fragílima... O teu reino, é o meu reino!

É que as horas descem pulsando o teu nome no aroma puro.
Minha rainha, no tempo dos anjos, a luz se faz nos momentos,
Mas, a teia do caos no galope, a paixão e o amor tornam nulo
Desacompanhando o compasso da ampulheta na asa do vento...

Vida minha, já não sei bem o que fui ou o que ainda sou, dizes!
O templo da razão tem porta estreita, serei sempre o servo, o rei
Para gozar-te em paz e desejos na febre de viver sem cicatrizes
E nunca negar o amor na luz do teu rosto que sempre te amei...

Volta-me, pega-me quando os meus lábios e a pele rememoram
A memória do teu corpo, reinunda-me dos teus desejos de novo.
Um grande amor nasce da peregrinação ao santuário da paixão,
Devolve-nos ao passado, sonhas comigo, vendo-me ao teu lado...

Que hás de me ter mesmo na minha ausência. O querer desfará
O sibile de flechas. Há mesmo, dilúvios de luz vindos a caminho
Agonizando toda escuridão. Amor meu, me oculto no teu olhar
Quando em minhas entranhas o verbo amor grita o teu nome...

O Sibarita

quarta-feira, março 21, 2012

DEUS É MAIS!

Deus é mais!

A Cabrocha que andava
dependurada no olhar
do Nego Retado de Bom
abriu o gás, deu ninja,
saltou de pára-quedas
ganhou o mundo, se picou!
Foi ganhar a fama
Virou mulher dama...

Desceu o Elevador Lacerda
e de saia rendada cor de desespero
foi para a roda de samba
no Mercado Modelo...
Suspirando por beijos
numa blusa cheia de decotes
os seus seios às amostras
Viraram dois asteroides.
Siliconizou!

Com o balaio grande
tem um remelexo
que me valha Deus
Nosso Senhor.
Turbinou!

Na praia do Costa Azul
ela desfilou de fio dental
dizendo que era Grife Daspu.
Arrebentou!

Na Baixa do Sapateiro
comprou meio metro de chita
fez um vestido bem acima do joelho,
muito bonita com laços de fitas.
É toda desejo!

De cara esticada
fez plástica no rosto
e na boca de sulapa.
Botoxzou!

Colocou lentes de contatos,
os zóios castanhos são azuis.
Desbaianou!

Agora, só fala em ingrês
au do iou du? Uat zi neme?
Ai Deus, americanizou!

É gringo prá lá, é gringo pra cá,
Nego retado de bom se lenhou.
Vixe, ômopai.
Piriguetou!

Pelas bandas do Pau Miúdo
Nego Retado de Bom
é capoeirista, o cão de calçolão.
sendo a cabrocha o seu elo perdido,
jogando capoeira lembrou-se da paixão,
bateu fofo. Deu vacilo!

Num rabo de arraia mal dado
tomou, no contra passo, um martelo,
uma cabeçada e um aú cortado,
de espinhela caída, ficou lerdo.
Coitado!

Avexado, tentou se recuperar
e numa meia lua de compasso
tomou uma bença, não se plantou,
viu o céu se exaurindo no arregaço,
Bateu biela. Subangou!

Na roda de capoeira
o berimbau silenciou.
Nego Bom, sem eira, nem beira
pediu pinico. Embarcou!

Ele, ainda, sentiu o tic-tac do coração
no último suspiro da vida que se esvai
deixando as cinzas da ilusão.
Deus é mais!

A cabrocha toda cobiçada
chorou o luto no imaginário
e ao pé do caixão sussurrava
aos prantos: adeus, otário!

E eu,
nesse ziriguidum
pirei de vez
no samba-reggae
do Olodum!.

O Sibarita

TRADUÇÃO DO BAIANÊS

Deus é mais! – Podes crer!
Cabrocha – Mulher da bunda grande com andar muito sensual.
Nego (a) Retado (a) de Bom – Baiano (a) gostoso (a) de namoro, de sexo.
Abriu o gás – Se mandou, foi embora.
Deu ninja – Deu um jeito de ir embora.
Saltou de pára-quedas – Saiu suavemente sem ser percebido (a).
Ganhou o mundo – Está em todos os lugares.
Se picou – Foi embora rapidamente.
Mulher Dama - Profissional do sexo, puta.
Saia Rodada – Saia que as baianas usam.
Samba de Roda – Típico da Bahia, as mulheres sambam e batem palmas.
Largo da Ribeira – Fica na Cidade Baixa, Península Itapagipana.
Seios de asteróides – Seios grandes, volumosos.
Siliconizou – Colocou silicone.
Balaio Grande – Bunda grande.
Remelexo – Dança mexendo muito a bunda.
Turbinou – Colocou silicone na bunda.
Praia do Costa Azul – Praia da Cidade alta, jardim dos namorados.
Fio Dental – Maiô minúsculo que deixa a bunda toda do lado de fora.
Daspu – (Das putas) Grife das profissionais do sexo parodiando a Daslu.
Arrebentou – Fez, faz sucesso.
Boca de Sulapa – Pessoa de boca e lábios grandes.
Botoxzou – Colocou botox.
Zóios – Olhos.
Desbaianou – Aquele (a) que deixa os costumes, o jeito de ser baiano.
Americanizou – Pessoas que não sabem o Inglês e enrolam os gringos.
Gringo – Turista estrangeiro.
Se Lenhou – Perdeu, ficou mal.
Piriguetou – Mulher que virou piriguete, vai para cama com vários homens.
Pelas Bandas - Por aquele local.
Pau Miúdo - Bairro de Salvador.
Cão de Calçolão - Pessoa muito boa no que faz.
Beter Fôfo - Ser mole, amolecer.
Vacilar - Dar moleza à alguém.
Rabo de Arraia - Golpe de Capoeira, salto mortal na cabeça do adversário.
Martelo - Golpe de Capoeira mortal no peito do adversário.
Cabeçada - Golpe de Capoeira com violência no torax do adversário.
Aú Cortado - Golpe de Capoeira no calcanhar do adversário derrubando-o.
Espinhela caída - Dor no peito.
Avexado - Apressado.
Meia Lua de Compasso - Golpe de Capoeira, atinge o adversário no calcanhar.
Bença - Golpe de Capoeira para atingir o adversário com a planta do pé.
Não se plantou - Não ficou firme.
Arregaço - Acabou tudo de forma violenta.
Bateu Biela - Se acabou.
Subangou - Se lenhou, desmaiou.
Sem eira, nem beira - Ficar sem nada, não ter nada
Pediu pinico - Pediu socorro.
Embarcou - Morreu, partiu desta para outra.
Tic-Tac - O bater do coração.
Ziriguidum – Confusão.

O Sibarita

segunda-feira, março 19, 2012

Febe, Calíope, Briseida e Afrodite

Febe, Calíope, Briseida e Afrodite

Retorno a mim, hoje, agora.
Vou ser, outra vez,
neste último sol
que se apaga lá fora
no cinza poente do teu olhar
o oceano em qualquer navegação
de qualquer mar de levar
que afogue o teu coração.
E contigo todas as sereias
dos oceanos e dos céus,
todas as ondas, os ventos e os arrecifes
todas as musas e as deusas sem véus
Febe, Calíope, Briseida e Afrodite.
Não direi das ondas fortes
em cascos de veleiros...
Ah, sobre os teus seios
de Afrodite, um Anquises
em cardumes de desejos.
Vem com todas as tuas fêmeas
e musas, bendigo!
Oh Febe, eu vou à volúpia
de uma noite contigo.
Comigo: o mar, o azul e a noite,
a lua de ti, tuas deusas, tuas sereias
num leito de rosas e lençóis de jasmim
ao ritmo do teu corpo,
entre, a cintura e o teu quadril
mais a manta de aromas
do meu corpo viril
em monte de pétalas desfeito...
A cada arco das tuas curvas
moldaremos à forma o meu corpo.
Tua pele aprenderá da minha
o aroma e maciez e cobiças.
Em cada palmo da tua pele estou,
em cada poro do meu corpo estás.
Aprenderás, ainda, que a noite
dos que sonham a aurora
se banham da brisa
nas vontades das deusas...

Vem dormir comigo e contigo
todas as tuas deusas e sereias,
todas as tuas ninfas e musas.

Ai Calíope, este poema
é como um punhal
pelo punho brota flores...
E quem quiser ver-me
que me procure nos teus olhos.

Valha-me Deus, oh Briseida!
Cravei o tritão de Poseidon na lua
e as velas de tua nau serão escassas
para enxugar-te as lágrimas...

E nunca mais:
a melodia de um reggae
dos hinos do Bob Marley
aos teus ouvidos cegos...

O Sibarita

domingo, março 11, 2012

AS PALAVRAS

As palavras

Meu bem, o meu escrever clareia o cinza que te aflige,
Rebuscadas, as palavras, são águas de regato coradas
No meu seio falando o que os meus lábios não te dizem
E beijam teu coração despindo-me todo de corpo e alma...

Nobres e ágeis são as palavras no frenesi da humilde pena
Que ao escrever sabe aonde vai ou aonde vou no renascer
Desse novo horizonte no azul que o teu coração faz a cena
Na paisagem da paixão em que a lua sempre virá nos ver...

Por vezes enigmático, romantizo, banho o teu coração de luz,
Nem sabes nas entrelinhas das palavras que nasceram de ti
Ecoando o sol da paixão que na distância soldamos os azuis!

As palavras à doçura embalam... O falar, a garganta engasga
O céu que germina do meu peito. Entretanto, o que palpita
Nos meus lábios são tintas sem cores ou cheiros, tão vagas...

O Sibarita

quarta-feira, março 07, 2012

SEREIA


Sereia

Minha sereia,
Oi eu aqui! Gostou, foi?
Ah, cheguei arribado,
um luar de prata e ouro
em céus estrelados.
Estou um mar de te levar
por rotas desconhecidas,
gaivotas no azul farão o cortejo
das intensas quimeras
nos quereres e recifes de desejos...
Trago um cardume de amor
e uma bandeira enorme
tremulando o teu rosto
de primavera em flor...
Do teu coração ancorado
no oceano brônzeo do meu peito
sou eu, o teu amado...
Sereia, a estibordo do meu coração
tem um container carregado
de sentimento e emoção
nos uís e aís procurados...
A bombordo, um sol de amaranto
reflete o brilho do teu olhar
em todos os instantes...
Na proa, uma lua despudorada
faz a chama do vamos ver
sussurrando aos teus ouvidos: ele
tem fome, dê-te o que comer...
Na popa, o coração rastafári,
toca Bob Marley
num leito de rosas
ao reggae das preliminares...

Minha Sereia,
o coração abre as velas
e pelas parabólicas envia o sinal,
fundeado no teu peito, navega
no etecetera e tal...

O Sibarita

SALVE 08 DE MARÇO!

"Uma mulher bonita não é aquela de quem
se eologiam as pernas ou os braços, mas
aquela cuja inteira aparência é de tal beleza
que não deixa possibilidades para
admirar  as partes isoladas"


                                                     Sêneca, filósofo