quarta-feira, julho 25, 2012

ALAGADOS (PALAFITAS)

Alagados (Palafitas)

Caro leitor, por solicitação de um grupo de estudo faço nova postagem desta poesia que fala da minha infância nas palafitas, Vila Rui Barbosa, em Salvador/Bahia, onde, nasci e me criei.

Dedicada aos meus amigos de infância da pontes Santo Antônio, Copacabana, Chile, Almirante Tamandaré, Monteiro Lobato, Gelasio Farias, Castro Alves...

Em memória aos que se foram: Gilson Caruru, Lurdes, Carlinhos Negão, Gilcéia, Vando, Mário Nagô, Valtemir, Luiza, Toínho Magriça, Luiz Bilita, Paulo Paiapaia...

Alagados (Palafitas)

Os versos,
são memórias e sonhos
da maré como lembrança
nos desejos da infância
vivida nas palafitas...

De pés descalços
correndo sobre as pontes
catando raios de sol
nas asas de um beija-flor!
Meu coração tinha enredos:
Melancolia e fantasias
palpitavam como folias
e desfilavam sem alegorias...

À noite
os momentos eram
infinitos, um fifó aceso
espantando a escuridão,
gatos lânguidos esfomeados,
ratos correndo dos algozes,
pés descalços e tamancos rachados
fugindo da leptospirose...

O tempo à noite
sempre se estendia.
Eu tentava empurrá-lo
com as mãos, pura agonia!
Ele teimava desfilar, entre,
os meus dedos lentamente...
Segundos, minutos, horas e dias.
Parava o tempo!

Uma Ave Maria e um Pai Nosso
para amenizar o sofrimento...

Pela fresta,
viam-se as últimas gotas
de estrelas trêmulas
circulando sobre
tábuas podres sobrepostas
e esqueletos de caibros
sob a lua que ludibriava
os telhados...

O dia
florescia na enchente
atiçada pela maré de março.
Em cada barraco, olhos velados
retiravam o que tinha e o que não tinha...
Sufoco! O povo dos alagados
recorria a todos os santos,
sob a luz de um sol minguado...

Correi marezeiros!

Há nas pontes,
dependurados e sombreados:
desejos da vida, sangue em lágrimas,
trapos velhos e penicos furados
rasgando o ventre dos sonhos,
sempre, macerados!

Bocas de caranguejos
asas de morcegos
e nenhuma flor como desejo...

A maré cheia
convidava ao mergulho.
Crianças davam caídas,
era o prazer do corpo na água,
o debater de braços e pernas, nadar!
Ingenuidade da flor idade,
na borda do prazer,
a cilada montava o cenário,
entre, lixos, galhos e estacas.

O perigo é fatal... Tarde demais!
No azul, um sol de tempestades.
A morte é crua, a felicidade é fugaz,
na adversidade mais um que se vai!

Erguia-se um silêncio,
havia uma alma desesperada,
em fuga, pedia a extrema-unção!

A tarde uivava, a dor se curvava,
nenhum padre, nenhuma benção,
mas, à noite te virá em orações!
Naqueles momentos,
a maré cumpria a sua sina,
vestia-se de cinza
e na desesperança das lágrimas,
uma chuva fina...

Mas, não sei, era paradoxal!
Pratos vazios, tripas em revoluções,
urubus, cachorros e ganhamuns
lutavam por comidas no beira mangue.
Siris magros e mariscos aferventados,
crianças amareladas exangues.
O prato se repartia, mercúrio disputados,
lombrigas faziam greve de fome...

Um novo dia pintava, era a dona esperança!
Ela enganava a todos, saia de fininho e
se jogava das pontes, comida para pratos vazios.
Ai Deus! A fome rugia nos alagados, nua e crua!
Enquanto, a morte, despudoradamente deitada
nos telhados filmava a cena de binóculo
na aba de pratos sonhados...

Sob um céu de jade,
natal chegava com luas estreladas!
Nos olhares quanta alegria
escondendo a dor, a melancolia...

Os barracos eram enfeitados,
no piso de tábuas carcomidas
a areia branca dava um toque mágico,
nos alagados enfim, tinha vida!

Nos jarros barro,
galhos de pitanga e espada de Ogum.
Folhas de arruda presas nas portas,
sal grosso nos telhados e alfazema
para espantar os maus olhados,
gatos pretos ludibriados...

A noite é o olhar e virá em clarões!
Nas janelas:
 nenhum chinelo, nenhum tamanco...
Papai Noel nunca vem, disfarça!
Nem ao menos uma bola, uma boneca,
crianças da maré sonham descalças!

No fundo de nós,
uns olhos de tormentos
torturados por natais iguais
a procura de manhãs desiguais!

Valei-nos Jesus menino!
Lembrai dos seus pequeninos,
em suas mãos os nossos destinos!

O Sibarita

NA: Na foto sou um deles.




terça-feira, julho 24, 2012

SUBLIME

Sublime

Estrela minha, tu cintilas aqui no meu seio
Raios de luz em lúbricas noites de ti inteira.
Vibração, dulçor nos elétricos bamboleios
Do teu corpo ao meu! Feiticeira, feiticeira...

Tu fazes sereno na minha cabeça, encantas,
E nas graças sutis das tuas chamas ardentes
Afoga-me em paixão quando a noite estanca
Na volúpia do sensualismo, dança do ventre...

Entrego-me às tuas brenhas e nas tuas curvas
O céu desprende todas as vontades inocentes
Afloradas no leito em toques mágicos. Ó musa,
Tu matas-me em delícias, veneno de serpente...

A cópula arrastada pelas correntes dos beijos
Crescentes/indecentes, gemendo/arquejando.
A flor da pele, nossos corpos, tocaia e desejos,
Em frescor de lirismo nos lençóis sublimando...

Limiar de chamas e entregas, gozos em fervor,
Mel de fogo, corredeira desembocando no rio
Afrodisíaco de um ao outro na luxuria do amor,
Traquinagem dos corpos em colheitas de cios...

O Sibarita

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quarta-feira, julho 18, 2012

GOLFO

Golfo

Amada, contemplas o gume irônico dos versos.
Um sol decaído numa poça de chuva inocente
E dois íntimos, duas almas orbitando o universo
Sob o azorrague de um céu que tu consentes...

Tens os desejos. Quer amar. O sol ulula e sangra
Gemidos cifrados. De quem são os gritos? Ferina,
Voa o amor incorporando o teu nome e engana.
-O Deus de Abraão, Isaac e Jacó soabre a cortina...

Modulações das nuvens cinza, abismos surgidos
Dividem as noites em duas, suspirando, não flui,
Longo silêncio, despenhadeiro, céus dissolvidos.
-Já meu bem, sei! O nosso amor acabou na cruz...

Apontando-me o sudário deste amor crucificado
Então, na peregrinação a Fátima, o que se revela,
É itinerário dos quereres estreitamente separado.
-Desejo e volúpia. Vida! Fogo! Acendas as velas...

E nas flamas quem sabe agora descubra o sentido
Do amor submergindo no pretexto do sol apagado,
Onde, os dias emagrecem na cor do céu derretido.
-Tudo que desintegra, explode! O amor tombado...

Esperas que eu te absorva. O esplendor do princípio
Descreve o teu véu, apresenta e se aloca à tua alma,
A evocação dos desejos é amor em flagrante delito.
-O teu sentimento? Contraponto, golfo de palavras...

O Sibarita

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quinta-feira, julho 12, 2012

SONETO V

Soneto V

Pega-me sempre nas tuas mãos macias, pega-me!
A lua sempre ao derredor do nosso leito... toda nua,
Largada, cumprida à meia luz nos lençóis... Desejos
Orvalham a noite, assim, saindo do casulo em nós...

Pega-me na relva fina do teu púbis, oh, pega-me!
Reinunda os anseios dos céus que germino... unta
Anseios, peles e olor erguendo libidos... lampejos
Advindos, ápice, orgasmos, doçuras e gemidos...

Pega-me sempre no teu olhar em chamas, pega-me!
Fala do amor a pura essência do teu seio... Afaga
Desejos antigos no céu e no luar dos teus beijos...

Pega-me sonhando no teu colo inefável, pega-me!
Sublimo o teu ser nessa noite de colheitas... Rimo
Versos sorvendo o teu mel no gozo que espreita...

O Sibarita

domingo, julho 08, 2012

ESTEIO

Esteio

Vós que agora viveis nos esteios dos lençóis
De um leito qualquer, onde, acende desejos
Vis tão nascidos do sem pudor no amarelejo
Da flor em botão brotando sem a luz do sol...

Inocente rosa sempre-viçosa, desabrochada
Num golpe sem maior destino, a flor despida!
Cinzento outono, segredo dos dias, seduzida
Entregais-vos a púrpura corada, de(s)florada...

Cruel, buscais-vos a paixão, assim, calhada
Nos breus. Flor sem afeição, estás despida?
Em vossa alma uma vazia imenso, perdida...

De flor ao céu passastes a ser nada, o nada.
Quem vos despiu flor dos acúleos e feridas?
Não importa quem vos desvelou! Atrevida...

O Sibarita

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segunda-feira, julho 02, 2012

A INDEPENDÊNCIA DA BAHIA E O CORNETEIRO L. LOPES


Trecho do Filme "A ORIGEM" em fase de produção por Dom Peixoto, necessitando de apoio de órgãos, entidades e autordidades para conclusão das gravações e finalização. Trecho da personagem Maria Quitéria de Jesus, também conhecida como soldado Medeiros, personagem feminino de destaque durante a guerra de independência do Brasil na província da Bahia.

NR. Desligue a rádio ao lado para assistir o vídeo.

Caro leitor, vale a pena ler tudo sobre a independência da Bahia e o porque de comemorarmos com desfile cívico e militar o 02 de julho. Inclusive, já em fase de votação no senado lei que transforma essa data tão importante para o Brasil em feriado nacional. Sem a independência da Bahia o Brasil não seria livre!

INDEPENDÊNCIA DA BAHIA E O CORNETEIRO LOPES

Hoje, 02 de julho, a Bahia comemora a sua independência e a do Brasil. Embora, D. Pedro I tenha dado o Grito do Ipiranga em 1822. O Brasil só ficou livre do julgo português e se tornou nação livre em 02 de julho de 1823 com a vitória dos baianos ao expulsar as tropas do General português Madeira de Melo de Salvador depois da sangrenta batalha de Pirajá, onde, se destaca, além, de Maria Quitéria, Maria Felipa e Sóror Joana Angélica, o corneteiro português Luís Lopes que lutou ao lado das tropas baiana. Leiam o registro de Tobias Monteiro soldado brasileiro no front da batalha em “A elaboração da independência”

A Batalha de Pirajá

O General Madeira de Melo recebeu reforços e desferiu um grande golpe contra as tropas brasileiras em Pirajá, conduzindo as suas forças para a Estrada das Boiadas, hoje, bairro da Liberdade.

"A elaboração da independência"

"A luta foi tremenda, a resistência heróica; mas após quase cinco horas de refregas, acudindo reforços chegados da cidade e para não ver o exército bipartido, os independentes estavam ao ponto de recuar e escolher na retaguarda melhor ponto de defesa. Já galgavam os atacantes as encostas dos montes, certos de levar de vencida o inimigo, quando ouviram o toque sinistro de avançar cavalaria e degolar. O corneta, a quem o major Barros Falcão, que comandava a ação naquele ponto, dera ordem de tocar retirada, trocara, por conta própria, o toque destinado a anunciar a derrota dos irmãos de armas, pelo do ataque inesperado, donde veio a desordem e o pânico dos portugueses. (nota abaixo sobre o Corneteiro Lopes)

O estratagema providencial de Luís Lopes, que assim se chamava esse lusitano aderente à causa do Brasil, transformou subitamente a ação. Espantados da presença dessa cavalaria imaginária, com que não contavam, os portugueses estremeceram indecisos e, por fim, recuaram. Sem perda de um momento, prevalecendo-se os brasileiros da situação, ordenaram a carga de baioneta.

As hostes quase vitoriosas vinham agora de roldão sobre a planície, fugindo amedrontadas, envolvendo as reservas na mesma dispersão e na mesma derrota. Depois desse desastre e do último malogro da ação sobre Itaparica, o exército de Madeira ficou em total abatimento, que não pôde renovar reforços para dominar além da capital."

O Corneteiro Lopes

Possivelmente o historiador Inácio Acioli de Cerqueira e Silva, na obra Memórias Históricas e Políticas da Bahia quem primeiro explicou a vitória baiana na Batalha de Pirajá como decorrente de um toque errado de corneta. Temendo ficar sitiado, o Major José de Barros Falcão, no comando de posição-chave, mandara tocar a retirada, mas o corneteiro Luís Lopes, um português que combatia do lado brasileiro, fez o oposto: deu o toque primeiro de avançar cavalaria e, em seguida, o degola: os inimigos, acreditando a chegada de reforços, saem em debandada e os brasileiros, quase derrotados, saem vitoriosos da pugna.

O episódio foi registrado por D.Pedro II em seu diário, sobre o relato feito ao Imperador pelo Barão de Cajaíba, que tomara parte dos combates: "um corneta trânsfuga português que descompunha, por meio de toques, o exército lusitano, e neste dia, tocando a retirar, fez com que avançassem os lusitanos para debandarem para o lado do campo de Cabrito e da cidade, logo que ouviram os vivas dados a meu pai, pelo major de Pernambuco Santiago".

2 de julho: data máxima da Bahia

Não houve rendição de Madeira de Melo; este simplesmente embarcou, derrotado, com o que lhe restava de tropas na capital, cerca de quatro mil e quinhentos homens, que tomaram 83 embarcações. As primeiras tropas brasileiras que entraram na capital foram as que estacionavam em Pirajá e seguiram até São Caetano, sob o comando do coronel João de Souza Meira Girão, trecho da antiga "estrada das boiadas" que, depois, passou a chamar-se Estrada da Liberdade. Teriam sido recebidos, segundo a tradição, por um arco do triunfo feito em flores pelas irmãs do Convento da Soledade. Também ali seguiam José Joaquim de Lima e Silva, à frente do Batalhão do Imperador e comandante-em-chefe e o Coronel Antero José Ferreira de Brito com os homens que tomaram as trincheiras da Lapinha e Soledade.

Outras tropas ingressaram na cidade, ocupando-lhe os quartéis e pontos-chave de sua defesa:

1. Felisberto Gomes Caldeira saiu de Armação e Rio Vermelho rumo ao Tororó, Barra, Graça e Corredor da Vitória, ocupando os quartéis do Campo da Pólvora, Palma, Gamboa e Forte de São Pedro, e ainda a Casa da Pólvora, nos Aflitos.
2. Major José Leite Pacheco, saindo de Armação e da Pituba, segue pela área conquistada pelo Major Silva Castro em Cruz de Cosme e vai para o Carmo. Ocupam o Convento do Carmo, e postos em São Bento, Piedade, Jerusalém (ou Hospício), Noviciado (atual São Joaquim) e Santa Tereza.

Julho de 1822 - A Bahia Conflagrada

Os brasileiros ainda na capital reagiram com pedradas às ações militares de Madeira de Melo e, na procissão de São José, 21 de março de 1822, os portugueses foram apedrejados.

Sobre esse episódio, Madeira de Melo registrou:

"Então viu-se nesta cidade reunir-se uma multidão de negros a fazer depósitos de pedras em alguns lugares muito públicos, como o Largo do Teatro e ruas adjacentes; tomaram suas posições e logo que apareceu uma procissão que era feita por naturais da Europa, atiraram sobre ela uma infinidade de pedradas (...) Chegada a noite, reuniram-se grandes magotes em diferentes sítios e apedrejaram todos os soldados e mais pessoas que viram ser Europeus (...)"

Respondia pelos interesses dos baianos um jornal, o "Constitucional", de Francisco Corte Imperial e Francisco Gê Acaiaba de Montezuma (que veio a compor o primeiro governo durante as lutas), que dava vazão aos sentimentos da maioria do povo.

A cidade de Salvador assistia à debandada, a cada dia maior, dos moradores, que aumentou diante da chegada de reforços a Madeira de Melo: um navio, dos que levavam tropas do Rio de Janeiro de volta a Portugal, aportou na capital, ali deixando seus soldados.

Consulta às Câmaras Municipais

Os deputados da província da Bahia nas Cortes de Lisboa (entre os quais Luís Paulino d'Oliveira Pinto da França, que chegou a ser enviado por D. João VI para negociar com Madeira de Melo - chegando após o desfecho do conflito), consultaram por carta os seus distritos, indagando qual a opinião das municipalidades sobre qual deveria ser a relação da Bahia com a metrópole. Tomando a frente, as vilas de Cachoeira e São Francisco do Conde, seguidas pelas demais, manifestaram-se favoráveis a que a província passasse para a regência de D. Pedro, no Rio de Janeiro. Havia, por trás destas declarações, nítida vontade de separação de Portugal, a quem já tinham como a figura opressora.

Uma escuna militar foi mandada por Madeira de Melo para Cachoeira. A 25 de junho de 1822, reuniram-se na Câmara Municipal de Cachoeira os nomes de Antônio de Cerqueira Lima, José Garcia Pacheco de Aragão, Antônio de Castro Lima, (Futuro avô de Castro Alves. “Ode a Dois de Julho” é uma homenagem ao avô e aqueles que deram suas vida pela independência do Brasil) Joaquim Pedreira do Couto Ferraz, Rodrigo Antônio Falcão Brandão, José Fiúza de Almeida e Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, futuro visconde de Jequitinhonha, tendo como resultado a consulta ao povo, pelo Procurador do Senado da Câmara, "se concordava que se proclamasse Sua Alteza Real como Regente Constitucinal e Defensor Perpétuo do Brasil, da mesma forma que havia sido no Rio de Janeiro". O povo respondeu com entusiasmo que "Sim!".

Em comemoração, a vila iniciou em seguida um desfile da cavalaria que marchou pelas ruas, celebrando-se uma missa. Durante o desfile popular, foram disparados tiros em sua direção, vindos da casa de um português e da escuna fundeada ao largo. O tiroteio seguiu por toda a noite e no dia seguinte.
Em Cachoeira constitui-se a "Junta de Defesa"

Os partidários "brasileiros" reuniram-se na cidade de Maragojipe, a 23 km de Cachoeira, em novembro de 1822 e decidiram então que todos ficariam do lado de D.Pedro e contra a corôa portuguesa. Proclamaram uma Junta Conciliatória e de Defesa, para governo da cidade, em sessão permanente, recebendo a adesão de muitos portugueses. Dentre esses brasileiros, destacavam-se Rodrigo Antônio Falcão Brandão, depois feito primeiro barão de Belém, e Maria Quitéria de Jesus. Foi constituída uma caixa militar e instaram ao comandante da escuna portuguesa para que cessasse o ataque, obtendo como resposta uma ameaça.
O povo reagiu e teve lugar o primeiro combate pela tomada da embarcação que, cercada por terra e água, resistiu até à captura e prisão dos sobreviventes, em 28 de junho de 1822. As vilas do Recôncavo foram aos poucos aderindo à de Cachoeira. Salvador tornou-se alvo de maiores opressões de Madeira de Melo, e o êxodo da população ganhou intensidade.

As municipalidades se organizaram para um combate, treinando tropas, cavando trincheiras. Pelo sertão chegavam as adesões. Posições estratégicas foram tomadas nas ilhas do Recôncavo, em Pirajá e Cabrito. As hostilidades iniciaram-se e as suas notícias espalharam-se pela Província e pelo restante do país. Itaparica já aderira. Para lá enviou Madeira de Melo uma expedição, que chegou atirando. O povo fugiu, engrossando as hostes que se concentravam no Recôncavo.

Miguel Calmon, futuro Marquês de Abrantes, primeiro governador da Bahia "livre"

Em Cachoeira foi organizado um novo Governo, para comandar a resistência, a 22 de setembro de 1822, sob a presidência de Miguel Calmon do Pin e Almeida, futuro Marquês de Abrantes. Todos estes movimentos foram comunicados ao Príncipe-Regente. De Portugal, 750 soldados enviados como reforço para a manutenção da ordem na Bahia, chegaram em agosto.

Proclamada a Independência do Brasil (Setembro), em outubro de 1822 chegou do Rio de Janeiro o primeiro reforço aos patriotas baianos, sob o comando do francês general Pedro Labatut. Era uma tropa constituída quase toda por portugueses, já que ainda não existia um exército verdadeiramente nacional. O seu desembarque foi impedido, indo aportar a Maceió, em Alagoas, de onde veio, por terra – conseguindo assim arregimentar mais elementos ao fraco contingente.

Labatut assumiu o comando das operações, sendo mais tarde substituído nessa função pelo general José Joaquim de Lima e Silva.

Fontes:

1. Luís Henrique Dias Tavares in: Diversos. Aspectos do 2 de Julho. [S.l.]: Secretaria estadual de educação e cultura, 1973. sem numeração p.


2. Braz do Amaral. História da Independência.... 2ª ed. [S.l.]: Livraria Progresso, Salvador, 1957. 169-170 p.

3. TAVARES, Luís H. Dias. Independência do Brasil na Bahia, pp. 219-221

4. José Calasans Brandão da Silva, O Folclore da Independência, in: Diversos autores. Aspectos do 2 de Julho. [S.l.]: Secretaria estadual de educação e cultura, 1973. pág. sem numeração p.

5. Koehne, André. (julho/agosto 2009). "Dois de julho em Caetité: O sertão e a independência da Bahia". Revista Integração XVI (101): 8-10. Guanambi: Gráfica Papel Bom.

6. João Ribeiro. História do Brasil (João Ribeiro). [S.l.]: Livraria Cruz Coutinho, Rio de Janeiro, 1901, 2ª ed.. 360 p.

7. TAVARES, História da Bahia, op. cit., "Mata-Maroto", págs. 259-261.

O Sibarita