segunda-feira, dezembro 31, 2012

2013, ANO NOVO!

 
2013 o Ano Novo!
 
Nos céus, pipocam os fogos, o ano novo chega à paisagem,
A noite sangra as últimas réstias do ano velho, desembarco!
É o tempo rodando a sua foice deixando no céu a passagem
Para as boas vindas do novo ano e com ele, eu no vácuo...
 
Ai meu Deus! O ano velho com a espinhela caída abriu o gás,
De cacete na mão, (kkk) resmunga da mocidade ida, ele pirou.
Já no horizonte, o ano novo sai do berço cheio de luz, sagaz,
Ele chega retado na chama dos desejos, arrepiando, diabolô...
 
Rebocado, o coro come e olha-me uma lua bandida, franca
Perfumada, largada, toda gostosinha nesta noite de escopo.
Tomei banho de folha, sal grosso e alfazema, roupa branca,
Guia de Ogum e o patuá de Oxalá no peito, fechei o corpo!
 
Meia noite anda mundaréu e nos espelhos reflete-se o fogo,
Gigolôs, mundanas e musas, o reggae, a libido e a afrodisia
Troféus tremulam no bel-prazer, a  carne fervilha os gozos,
Na beira-mar vertem sodômicamente a mais pura euforia...
 
No meu pensamento: Ô mãe, cadê você? Não veio, por quê?
Tá tirando onda é? Vai se lenhar todinha, viu? Uma rastafari
Olhar de lança na dança do amor, mira, alucina e ao me ver,
A negona que não é judoca quer dar ippon em vários wazaris...

 Se tiver que ser, será! Esse seu sorriso no olhar vai desaguar,
Os seus olhos é que nem luz de candeeiro, se apaga nos véus.
Tenho fome e sede! Nos passos do afoxé, o atabaque é ijexá,   
No meu peito: um mar de saudade a sete léguas do seu céu...

                                                                                         
NR. Poesia compartilhada a seis mãos e não necessariamente as estrofes estejam na ordem dos autores.
 
O Sibarita – O ouro da Babilônia! Foi um prazer compartilhar, agora, lá eles são malucos. kkkk
 
Zé Corró – As duas melhores estrofes são minhas... é com lá ela e  RC, eu sou o cara! kkkkkk
 
Zé Lalado – Nada disso! As minhas sim, tem nome e sobre nome. Se ela abrir a guarda! rsrsrsrs
 
NÓS DESEJAMOS Á TODAS(OS) LEITORAS(ES) UM 2013 CHEIO DE VITÓRIAS E QUE SE CONCRETIZE CADA SONHO!
 
Zé Corró, Zé Lalado e o Sibarita

quarta-feira, dezembro 26, 2012

VISAGEM

 
Visagem 
 
A vaga, agora, cruza o silêncio de agonias.
E, comigo, uma lua de miragem orvalhada,
Ao léu, sai e encontra-te na calada dos dias
Sob um céu amaranto de seiva evaporada...

Piro, viajo na maionese e no olhar esquivo
Sol e lua no mar em crepúsculo espelhado
Franqueando a noite para um céu risível
Nos lábios da tarde ardentemente curvado.

Então, eu te sinto lúdica e aromal que se revela
Espreitando o meu caminho com o teu perfume
De flores sugadas em rondas de pura quimera...

Contigo, estrela e brilho que a noite inflama
Na placidez dourada dessa alma leda e cega.
Valha-me Deus! Pelas trevas, tu me chamas...

O Sibarita
 
Se ligue neste final de ano na Humaitá Web Rádio
Cada música retada de boa!
 

domingo, dezembro 23, 2012

BEM-AVENTURADO NATAL!

Bem-aventurado Natal ...

"...Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel!" (Assis Valente)


Valha-nos Jesus Menino!
Você vê
o farol da  Barra
iluminando a Bahia
de todos os Santos,
ao fundo, a ilha de Vera Cruz
embelezando o seu recanto!
Você não vê
os alagados, a maré, os casebres
de tábuas sobre caibros
balançando ao léu com sua gente
tirando do lixo o sustento!
Não faz parte da sua história
esse povo sem memória...
Você vê
A lua chegar por sobre o seu pedestal
para iluminar a sua mesa farta
de produtos importados
na ceia de natal.
Você não vê
Crianças famintas pelas ruas,
nas sinaleiras, fora da escola
cheirando cola, não faz parte
do seu dia a dia essa escória!
Você vê, revê
abraça os seus amigos
na ceia natalina
ao lado dessa gente fina
grudada em sua resina...
Você não vê
crianças barrigas de lombrigas
num céu de desesperos
com estrelas hidráulicas
sustentando as pontes
que balançam aulicamente
nas asas dos ventos...
Você vê
os seus filhos
saírem para a balada do natal
cheios de presentes:
roupas, tênis de marcas
e coisa e tal...
Você não vê
o natal das crianças da maré
a espera de Papai Noel
com tamancos rachados
nas janelas dependurados...
E pela manhã, nenhum brinquedo,
nenhuma boneca, nenhuma bola
Papai Noel nunca vem, disfarça!
Isso, não lhe corta o coração, você isola...
Você vê
o dia amanhecer
tendo a mesa farta e o peru do natal
na confraternização e trocas de presentes.
Com a boca escancarada
e o sorriso entre os dentes
agradece esse belo momento.
Mas, você não se liga em Jesus
e nos seus ensinamentos
tocando em seu coração,
então, você vira o rosto
para o seu irmão faminto
quando Ele mandou repartir o pão.
Você não vê
o natal banquelo nos alagados
 sobre os caibros
e que pela manhã o sol chega,
olha, disfarça e sem esperança
lacrimejando se joga das pontes
submergindo nos pinicos
de maré lentamente...
Você vê
a ficha cair, mas, não está nem aí
do seu baú de ouro
reluzindo o seu tesouro
com o mundo aos seus Pés
e Deus lhe olhando de viés!
Você não vê
o rumor dos seus passos
atados nos percalços
das trevas do seu coração
e no sentido oposto
a escória enxugando
as lágrimas do seu rosto
nesse poema parodiado
do seu espelho congelado!

Você vê,
apenas, lê
o zen astral
do seu signo
na coluna social
de qualquer jornal...

O Sibarita

quarta-feira, dezembro 19, 2012

SELENE/CÍNTIA

 
Selene/Cíntia
 
 Vós que viveis do silêncio intocado nos eus,
Bato às portas dos vossos céus em tentação.
Entrego-me em domicílio, devaneios meus,
Céu feroz, castelo de areia, amor e sedução...
  
Observai a vossa armadura, abrigo invisível.
Aos vossos olhos, vereda do tempo, destino
Refletindo sombras em brilho do céu risível,
Direção de sonhos ouvindo os vossos sinos...
 
Morrente astro, coro de sabiá e Cíntia nua,  
Em vosso peito, ressonam, cantos perdidos.
Primavera e outono, plúmbeas noites cruas,
No cerne: um amor mirado e outro sentido...
  
Finos duendes, noites frias, orvalhos frescos,
Silêncio e sossego dos dias quando nada flui.
Névoas, quimeras arquejando de vós, ar seco
E o luar das lajes na cerração se mostra à luz...
 
 O pensamento que gira amor alastra desejos,
Na copa dos meus olhos, ecoa, dissemina sóis.
Alento e consolação defletem meus espelhos,
Selene, o crepúsculo original anoitece em vós...
 
O Sibarita

Conheçam: www.florvioleta.com.br

Ouçam: www.radiohumaita.com.br  programação natalina da zorra!
 
 
 
 
NEGROS, HERÓIS.



Beatriz Nascimento
 
Intelectual, pesquisadora e ativista, Beatriz Nascimento nasceu em Aracaju, em 12 de julho de 1942, filha da dona de casa Rubina Pereira do Nascimento e do pedreiro Francisco Xavier do Nascimento.
 
Teve a trajetória interrompida foi assasinada quando fazia mestrado em comunicação social, na UFRJ, sob orientação de Muniz Sodré.
 
Beatriz foi assassinada ao defender uma amiga de seu companheiro violento, deixando uma filha. Faleceu em 28 de janeiro de 1995 no Rio de Janeiro.

Formada, passaria a trabalhar como professora de História da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, articulando ensino e pesquisa. Nessa mesma época, passaria a exercer sua militância intelectual através de temáticas e objetos ligados à história e à cultura negras. Esteve à frente da criação do Grupo de Trabalho André Rebouças, em 1974, na Universidade Federal Fluminense (UFF), compartilhando com estudantes negros universitários do Rio e de São Paulo a discussão da temática racial na academia e na educação em geral. Exemplo dessa militância intelectual foi a sua participação como conferencista na Quinzena do Negro, realizada na USP, em 1977, evento que se configurou como importante encontro de pesquisadores negros.

Concluiu a Pós-graduação lato sensu em História, na Universidade Federal Fluminense (UFF), em 1981, com a pesquisa "Sistemas alternativos organizados pelos negros: dos quilombos às favelas", mas seu trabalho mais conhecido e de maior circulação foi o filme Ori (1989, 131 mim), de sua autoria, dirigido pela socióloga e cineasta Raquel Gerber. O filme, narrado pela própria Beatriz, apresenta sua trajetória pessoal como forma de abordar a comunidade negra em sua relação com o tempo, o espaço e a ancestralidade, emblematicamente representados na ideia de quilombo.

Beatriz Nascimento, ao longo de vinte anos, tornou-se estudiosa das temáticas relacionadas ao racismo e aos quilombos, abordando a correlação entre corporeidade negra e espaço com as experiências diaspóricas dos africanos e descendentes em terras brasileiras, por meio das noções de "transmigração" e "transatlanticidade". Seus artigos foram publicados em periódicos como Revista de Cultura Vozes, Estudos Afro-Asiáticos e Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de inúmeros artigos e entrevistas a jornais e revistas de grande circulação nacional, a exemplo do suplemento Folhetim da Folha de S. Paulo, Isto é, jornal Maioria Falante, Última Hora e a revista Manchete.


 

Carolina Maria de Jesus (1914 - 1977)
 
Carolina Maria de Jesus nasceu no interior de Minas Gerais, em Sacramento, no dia 14 de março de 1914. Vinda de uma família extremamente pobre, tinha mais sete irmãos e teve que trabalhar cedo para ajudar no sustento da casa. Por isso, estudou apenas até o segundo ano primário.

Na década de 30, mudou-se para São Paulo e foi morar na favela do Canindé. Ganhava seu sustento e de seus três filhos catando papel. No meio do lixo, Carolina encontrou uma caderneta, onde passou a registrar seu cotidiano de favelada, em forma de diário.

Segundo Magnabosco, "mesmo diante todas as mazelas, perdas e discriminações que sofreu em Sacramento por ser negra e pobre, Carolina revela, através de sua escritura, a importância do testemunho como meio de denúncia sócio-política de uma cultura hegemônica que exclui aqueles que lhe são alteridade".

Descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, repórter da Folha da Noite, Carolina teve suas anotações publicadas em 1960 no livro Quarto de Despejo, que vendeu mais de cem mil exemplares. A obra foi prefaciada pelo escritor italiano Alberto Moravia e traduzida para 29 idiomas. Em 1961, o livro foi adaptado como peça teatral por Edi Lima e encenado no Teatro Nídia Lícia, no mesmo ano. Sua obra também virou filme, produzido pela Televisão Alemã, que utilizou a própria Carolina de Jesus como protagonista do longa-metragem Despertar de um sonho (inédito no Brasil).

Em 1963, Carolina publicou, pela editora Áquila, o livro Pedaços da Fome, com apresentação de Eduardo de Oliveira. Em 1965 publicou Provérbios.
 
Em 1977, durante entrevista concedida a jornalistas franceses, Carolina entregaria seus apontamentos biográficos, onde narrava sua infância e adolescência. Em 1982 o material foi publicado postumamente na França e na Espanha, sendo lançado no Brasil em 1986, com o título Diário de Bitita, pela editora Nova Fronteira.

Carolina foi uma das duas únicas brasileiras incluídas na Antologia de Escritoras Negras, publicada em 1980 pela Random House, em Nova York. Também está incluída no Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis, publicado em Lisboa por Lello & Irmão.

Carolina faleceu em São Paulo, em 13 de fevereiro de 1977.

O Sibarita
 
 

quarta-feira, dezembro 12, 2012

BUGANVÍLIA

  Buganvília
 
Diva, na caridade dos sentidos a ternura inflama,
Acende-se e caminha nas entrelinhas da estação.
O amor denso, castiço ajunta a clareza da chama,
Da primavera, das borboletas. Brisa do coração...
 
Quando o teu amor por acaso se despojar de mim,
Vestirei a couraça do céu na harmonia dos ventos.
Cavalgarei no avesso da paixão deste poema de ti,
Ao coração que permanece e expira nos silêncios...
 
Pois, é tempo de compreender a lucidez do amor,
Abrir as cortinas/janelas e admirar as buganvílias.
No vago do teu olhar abriga-se, se desfolha a flor,
O peito que se apaga junta os cacos das estilhas...
 
A galope, o amor volta curvado, entre, espinhos.
Mas, em mim, a conspiração do teu olhar corrói,
Os pássaros sibilam, o dilúvio bebe do teu vinho,
Comei o pão, há querer. E, não há ti. É amor e dói...
 
Eis o satélite de suspiros que nos é apresentado.
O poeta abre o seu arquivo: dor, alegria e alento,
Ao separar a luz das trevas no que fui teu amado,
 Desfloresce a paixão, ecoa a primavera ao vento...
 
O Sibarita


NEGROS, HERÓIS BRASILEIROS


MÃE ANINHA


ATAULFO ALVES

terça-feira, dezembro 04, 2012

OYÁ! SALVE IANSÃ!


Rita Ribeiro e Maria Bethânia cantando Iansã de Gil e Caetano.
 
DESLIGUE A HUMAITÁ AO LADO.
 
Oriki
  
Eparrê Iansã! Fia, cadê você com o amuleto de Xangô?
Oyá! Fiz oferenda: Milho branco, arroz, feijão e acarajé.
Para a Deusa dos ventos, das tempestades, toco agogô
Chamando seus desejos de entregas, tô todo a migué...
  
Ô dengo dos olhares desertos em firmamento nublado,
De joelhos, pago promessa à dona dos ventos e trovões.
Relampejou, viu dengosa? Eu tô todo avexado e retado,
Saravá! No auê dos néctares quero você na minha mão...
 
 Minha Oyá quero essa nega e com ela a vida virar ardor, 
Sem tempestades, traze-me a dona moça do casto olhar.
Piriguetezinha, cheia de nove horas, estrela e toda flor,
Aimôpai! Seu corpo: ervas omin ojú para me enfeitiçar...

 Ô mãe! Seu nego aqui tá todo porreta na boca de espera
Tá piripicado, farei mil e um agrados, viu? Vá imaginando
Bom, né? Você toda entregue, bem assim, safadinha, fera.
Mas, você não é cobra, é? E por que quer vir rastejando?
 
 Venha mainha, meu amor, minha bulimia, minha sede,
O seu nome tá desfraldado no andor, esplendor ao léu.
As flamas: vaidade da sua carne desnudada numa rede 
É carne na carne: erupções em lavas de gozos, ó céus...
  
O Sibarita
 



Baianês:
 
Eparrê Iansã e Oyá – Saudação a Iansã em Iorubá
A migué – A vontade, sem compromisso.
Dengo – Chamando a mulher que se quer carinhosamente.
Dengosa – Mulher que faz muitos agrados ao seu homem.
Avexado, retado – Homem agoniado, não quer perde tempo.
Saravá – Bem vinda (o).
No auê – No amor.
Piriguetezinha – Mulher danada, mulher delícia.
Aimôpai – Ai meu pai.
Omin Ojú - Tipo de erva que Iansã gosta. 
Ô mãe - Ô mulher.
Seu nego aqui tá todo porreta na boca de espera – Seu homem está todo bonito na espera.
Tá piripicado – faça fé, acredite.
Toda entregue – Toda desejosa.
Todinha fera - toda Gostosa, toda boa.
Venha mainha - Venha meu amor.
 
CONHEÇA MAIS IANSÃ
  
Deusa da espada de fogo, Dona das paixões, Iansã é a Rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais. Orixá do fogo, guerreira e poderosa. Mãe dos eguns, guia dos espíritos desencarnados, Senhora dos cemitérios.

Não é muito difícil depararmo-nos com a força da Natureza denominada Iansã (ou Oyá). Convivemos com ela, diariamente.

Iansã é o vento, a brisa que alivia o calor. Iansã é também o calor, a quentura, o abafamento. É o tremular dos panos, das árvores, dos cabelos. É a lava vulcânica destruidora. Ela é o fogo, o incêndio, a devastação pelas chamas.

Oyá é o raio, a beleza deste fenômeno natural. É o seu poder. É a eletricidade. Iansã está presente no ato simples de acendermos uma lâmpada ou uma vela. Ela é o choque elétrico, a energia que gera o funcionamento de rádios, televisões, máquinas e outros aparelhos. Iansã é a energia viva, pulsante, vibrante.
 
Sentimos Iansã nos ventos fortes, nos deslocamentos dos objetos sem vida. Orixá da provocação e do ciúme.
 
Iansã também é a paixão. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax, o orgasmo do homem e da mulher. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase "estou apaixonado" tem a presença e a regência de Iansã, que é o Orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúmes doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão, propriamente dita.

Iansã é a disputa pelo ser amado. É a falta de medo das conseqüências de um ato impensado, no campo amoroso. É até mesmo a vontade de trair, de amar livremente. Iansã rege o amor forte, violento.
 
Oyá é também a senhora dos espíritos dos mortos, dos eguns, como se diz no Candomblé. É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma.

Iansã é a deusa dos cemitérios. Ela é a regente, juntamente com Omulu (ou Obaluaê), dos Campos Santos, pois comanda a falange dos eguns. Comanda também a falange dos Boiadeiros, encantados que são cultuados nas casas de Nação de Angola. Ela é sua rainha.
 
Como deus dos mortos, Iansã carrega consigo o eruxin, feito com rabo de cavalo, para impor respeito aos eguns, bem como a espada flamejante, que faz dela a guerreira do fogo.
É, sem dúvida, o Orixá mais popular e a mais querida no Candomblé.
 
MITOLOGIA
 
Embora tenha sido esposa de Xangô, Iansã percorreu vários reinos e conviveu com vários reis. Foi paixão de Ogum, de Oxaguiam, de Exu, Conviveu e seduziu Oxossi, Logun-Edé e tentou, em vão, relacionar-se com Obaluaê. Sobre este assunto, a história conta que Iansã percorreu vários reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente a tudo.
 
Em Ire, terra de Ogum, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganho deste o direito de usá-la. No auge da paixão Ogum , Iansã partiu, indo para Oxogbô, terra de Oxaguian. Conviveu e aprendeu o uso do escudo para se proteger de ataques inimigos, recebendo de Oxaguian o direito de usá-lo. Quando Oxaguian estava tomado pe paixão por Oyá, ela partiu.

Pelas estradas deparou-se com Exu. Com ele se relacionou e aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Oxossi, seduziu o deus da caça, mesmo com os avisos de sua mulher, Oxum, que avisara ao marido do perigo dos encantos de Iansã. Todavia, com Oxossi, Oyá aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal, com a ajuda da magia aprendida com Exu. Seduziu o jovem Logun-edé , filho de Oxossi e Oxum e com ele aprendeu a pescar.
 
Iansã partiu, então, para o reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto (conhecido apenas por Nanã – sua mãe – e Iemanjá, mãe de criação). Uma vez chegando ao reino de Obaluaê, Iansã tratou de insinuar-se:

 - Como vai o Senhor das Chagas?
 
No que Obaluaê respondeu:
 
- O que Oyá quer em meu reino?
 
- Ser sua amiga, conhecer e aprender, somente isso. E para provar minha amizade, dançarei para você a dança dos ventos!
(Dança que, por sinal, Iansã usou para seduzir reis como Oxossi, Oxaguian e Ogum).
 
Durante horas Iansã dançou, sem emocionar ou, sequer, atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzir Obaluaê, que jamais se relacionou com ninguém, Iansã então procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim, dirigiu-se ao homem da palha.
 
- Obaluaê, com Ogum aprendi a usar a espada; com Oxaguian, o escudo; com Oxossi aprendi a caçar; com logun-edé a pescar; com Exu aprendi os mistérios do fogo. Falta-me apenas aprender algo contigo.
- Você quer aprender mesmo, Oyá? Então, ensinar-lhe como tratar dos mortos!

 De inicio Iansã relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte e, com Obaluaê, aprendeu a conviver com os eguns e controlá-los.

Partiu, então Oyá, para o reino de Xangô. Lá, acreditava, teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Iansã aprendeu muito mais que isso... aprendeu a amar verdadeiramente e com um paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu coração.

O fogo é o elemento básico de Iansã. O fogo das paixões, o fogo a alegria, o fogo que queima. Iansã é o Orixá do fogo...
 
E aquele que dão uma conotação de vulgaridade a essa belíssima e importantíssima divindade africana, é digna de pena e mais digna, ainda, do perdão de Iansã.

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