quinta-feira, fevereiro 28, 2013

F L O R

Flor  
 
Os dias debruçam, soluçam na monotonia
Do vazio, o teu nome de poema reinvento.
Como sol de cada dia que morre na agonia
Pelas tardes à surdina do querer latente...
 
O teu corpo, camélia e coral e tão ausente,
Parindo estes versos, assim, em estigmas.
Variações/mutações de palavras carentes,
Pela solidão, a guilhotina, o cutelo, a sina...
  
O teu nome, meu nome são rimas flor/dor,
A cada verso ardente a sedução e o feitiço.
Bendita és tu ao meu peito, sintas o amor,
Pelos desejos, a fome, o horizonte infinito...
 
 Acorda os ecos vestido de sol aos teus pés
Balsâmica aura mirando o coração agonia.
As luas novas e velhas clareando do viés,   
Pelo enigma, o amor rediz o que te dizia...
  
Porém, eu no teu vazio, sinto-te solidão,
Tuas entranhas vibram. Flagrante delito.
Cobiça e melaço em néctares da paixão,
Pela delícia, eu te chamo, te pressinto...
  
O Sibarita

 
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segunda-feira, fevereiro 18, 2013

L I M I A R

 Limiar
 
Estrela minha, tu cintilas aqui no meu seio
Raios de luz, libertinas noites de ti inteira.
Vibração, dulçor nos elétricos bamboleios
Do teu corpo ao meu! Feiticeira, feiticeira...
 
Tu fazes sereno na minha cabeça, encantas,
E nas graças sutis das tuas chamas ardentes
Afoga-me em paixão quando a noite estanca
Na volúpia sensual da tua dança do ventre...
                             
Entrego-me às tuas brenhas e nas tuas curvas
O céu desprende todas as vontades inocentes
Afloradas no leito em toques mágicos. Ó musa,
Tu matas-me em delícias, veneno de serpente...
 
A cópula arrastada pelas correntes dos beijos
Crescentes/indecentes, gemendo/arquejando. 
A flor da pele, nossos corpos, tocaia e desejos,
Em frescor de lirismo nos lençóis sublimando...
 
Limiar de chamas e entregas, gozos em fervor,
Mel de fogo, corredeira desembocando no rio
Afrodisíaco de um ao outro na luxuria do amor,
Traquinagem dos corpos em colheitas de cios...
 
 O Sibarita




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quarta-feira, fevereiro 13, 2013

DIABOLÔ


Alô mainha!
 
Eu sumi, foi? Foi não, é?
Lhe dei ninja, me piquei.
Para você mando um Axé
Valha-me Deus, amei!
Tô no carná da Bahia,
O coro come no enruste,
Imagine? Aqui é só folia.
Enquanto você curte
As calungas, o maracatu,
E o galo da madrugada,
O sol se abre todo azul
Para mim e na levada
Do Ijexá vou no batifum
Das negonas assanhadas
No maior ziriguidum...
O que importa? É meu vício
Amores frívolos do carnaval,
Das moças venais de ofício,
E eu ao bel-prazer do carnal!
Dengo, sou madeira de dar em doido
No trio Cheiro de Amor, a Aline Rosa
Arrochou comigo, passei o rodo
Lá ela ficou toda maliciosa
Arrepiante, as chamas acesas,
Piriguete sensual, dengosa
Dei-lhe amor de sobre mesa!
- E ela? –Aimopai!
Entregou-se, minei as suas defesas,
Um beijo aqui e acolá! Ela: Vai, vai...
Fui de todinha, ô beleza! (kkk)
Tô doidim, doidim e a Vevete?
Era toda gastura, eu todo animal
Brocador, só madeirada! Não se rete,
Se os seus olhos não veem o trivial
O seu coração não padece,
No carnaval é libera geral...
 Agora, quarta feira de cinzas,
Nós no Bacalhau do Batata.
O sol é dos amantes no céu de Olinda
Eu e você nessa paixão que se ata,
Lua nova mirando, seja Bem-vinda!
Ladeira da sé, Rua do Bonfim,
Quatro Cantos, Ribeira, Varadouro
E o Largo do Amparo no maior sarro,
Para fazermos um auê no Carmo!
Diabolô!
O segredo desse amor,
Você é meu paraíso
Seja como for, amar você
Alucina o meu juízo...
Mainha, o meu coração,
Um trio elétrico com cinco mil
Bocas de alto-falantes
Apontados aos seus ouvidos
Gritando eu lhe amo porra!
Diabolei!
 
Zé Lalado
 
BAIANÊS
 
Dar ninja, se picar – Ir embora, desaparecer sem avisar.
Mandar Axé – Desejar boa sorte, tudo de bom.
Carná – Carnaval.
O coro come no enruste – Tudo acontece escondido, o amor, o sexo escondido.
Na levada – Na manha, na calma.
Ijexá – Tipo de música baiana com pontos do Candomblé.
Batifum – Festa, alegria.
Negonas assanhadas – Mulheres afim de ganhar um um namorado
Ziriguidum – Confusão, desejo.
Carnal – Sexo.
Dengo – Chamando um mulher carinhosamente.
Madeira de dar em doido – Pessoa que sabe o que quer, retada.
Cheiro de Amor – Bloco de carnaval de Salvador, um dos mais antigos.
Aline Rosa – Cantora do Trio do Cheiro de Amor.
Arrochou – Tipo de música em Salvador que é dançar coladinho, amorosamente.
Passar o rodo – Pegar todas as mulheres.
Piriguete sensual – Mulher despojada, afim de namoro.
Aimopai – Ô meu Deus.
Entregar-se – Diz-se quando alguém não oferece resistência para namorar, fazer sexo.
Minar as defesas – Convencer alguém a namorar, fazer sexo.
Tô doidim, doidim – Estar doido, maluco.
Vevete – Ivete Sangalo.
Era toda gastura – Era toda desejosa.
Todo animal – Todo querer ao sexo.
Brocador – O homem que namora todas e faz sexo.
Madeirada – Sexo.
Auê – Fazer amor.
Diabolô – Diabólico para conseguir alguma coisa.
Porra – De vários sentidos, na Bahia é normal, usual esta palavra.
 
Zé Lalado.