Ouçam a música de Edson Gomes "Capturados" A letra, bom a letra demais!
Desliguem a rádio Humaitá ao lado.
Zé Lalado
Caro leitor, neste 20 de novembro se comemora a morte de ZUMBI DOS
PALAMARES e o dia da CONSCIÊNCIA NEGRA em sua homenagem. Espero que leia todo o
texto que é de suma importância sobre Zumbi, o Reino de Daomé (Hoje, República
do Benin) de onde vieram à maioria dos escravos para a Bahia dos quais somos
descendentes diretos. Tem também a poesia
Daomé (Escravos). Tomara que goste, boa leitura e reflexão!
Zumbi foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares de 1655 a 20 de
novembro de 1695. A palavra Zumbi, ou Zambi, vem do africano quibundo
"nzumbi", e significa, "duende". No Brasil, Zumbi significa
fantasma, segundo a crença popular afro-brasileira, vagueia pelas casas a altas
horas da noite. O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares, Estado
de Alagoas) era uma comunidade autossustentável, um reino (ou república na
visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas,
prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de
Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas.
Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.
N.R. - Na
realidade, Zumbi nasceu no interior do Estado da Bahia ao qual Palmares
pertencia. O Estado de Alagoas não existia, o território baiano era imenso
fazia divisa com os Estado do Maranhão e de Pernambuco. Muitos anos depois é
que nasceram os Estados de Sergipe e Alagoas com a divisão do território
baiano.
Zumbi nasceu em Palmares,
Bahia, hoje, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um
missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado
'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e
ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de
aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de
origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era
um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.
Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo
conflito com o Quilombo de Palmares se aproximou do líder de Palmares, Ganga
Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos
fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a
proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou
a proposta governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba prometendo
continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo
líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista
Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de
fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de
ter sobrevivido, foi traído por Antônio Soares, e surpreendido pelo capitão
Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado,
resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de
novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e
Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a
crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
*Daomé (Escravos)
Rota de tráficos,
Daomé capturada, circo dos temores.
Nos céus de
bronze, oceano de trevas e povo inocente
Chicoteado em navios negreiros o palco dos horrores,
Enquanto, senhores
e açoites se olham secretamente...
Pelos oceanos navegando
a miséria, a tempestade!
O navio negreiro, no seu porão, o povo de Daomé.
Penumbra, fome, dor nas chibatadas da crueldade,
Ranger de dentes, capturados acorrentados aos pés...
A manopla dos dias pesa nos teus corpos, desgraça!
Sonhos se desfazem sob o céu de temor e tremores,
O sol da tua pátria na distância do cativeiro refrata,
Chicoteia o lombo dos escravos, céus dos horrores...
Oh, vidas
ceifadas, como se ultraja assim o firmamento,
Onde estão os anjos? A cor dos céus é negra ou branca?
Maldição! Nas senzalas, entoam-se os cantos de lamento,
O amanhecer veste-se de sangue, o vil chicote espanca!
Na amplidão do
horizonte o tinir dos ferros destrata,
O sangue jorra, banha o sol de vermelho sobre o sal.
Estalam os açoites, negros arquejam, roda a chibata,
O horror cobiça teus corpos, a morte te faz o funeral!
No palor, a lua espia a peleja do incerto em céus varonil
Ruge a desgraça, o povo de Daomé geme na escravidão!
Os escravizados forçados a trabalhar neste imenso Brasil
O chicote no ar, o chicote a sangrar pelo bem da nação...
Na indigência de um povo escravo não há o que resumir
Sim, somos nós, filhos dos desgraçados, dos capturados,
Ó tempo! Mas, não temos desonra em admitir e assumir
Em cada pedra do Pelourinho está o sangue derramado...
Descorados sóis,
véus das dores, a história não condiz,
A aflição, a
exploração de um povo roubado, macerado.
Por toda desgraça
aos teus filhos são negados a ser feliz,
Somos nós os
encarcerados, os castrados, os favelados...
Descem dos dias
onde a desventura sibila nos morros!
Jogados nas
calçadas, nas favelas de primaveras toscas,
Nos buracos sem que ouçam os nossos gritos de socorro,
E sobre as nossas covas, luas de milênios, frígidas, ocas...
Pálidos guerreiros nas escuras profundezas do abismo
Estremecem-se nos horizontes dos céus reverberados,
Choram nos ferros gusa por teus descendentes nascidos
Sob a lei do ventre livre. Na saga, jazemos escravizados...
Por isso não temos vez e sempre estamos nas cozinhas
No papel menor, no papel pior, servidão que nos corrói,
Degenera a nossa sina na pele negra de Joãos e Marias,
A chibata estalando, a chibata sangrando até hoje dói...
Ó, auriverde pendão do meu Brasil, ruge no teu estandarte
A saga, onde, crianças negras são aprendizes de marginal.
Aos ferros embate de um potente povo sempre em descarte,
Deus, Deus! Onde estás? Nos liberta deste cativeiro mental...
O Sibarita
O povo de Daomé
DAOMÉ
Daomé – Nação Africana, hoje República
do Benin, a maioria dos escravos vieram para a Bahia, nós baianos somos
descendentes direto desse povo, ou seja, temos um pé na África, muitos de ainda
tem parentes por lá e existe intercâmbio entre a Bahia e o
Benin.
Aqui em Salvador existe a Casa de Benin localizado no Pelourinho para
visitação, e em Porto Novo capital do Benin tem a casa da Bahia. Em ambas as
casas são mantidos e expostos todos os laços que nos unem. Foram desses
escravos que nós os seus descendentes herdamos a culinária magistral a base do
dendê. O acarajé, o abará, a moqueca, a cocada e por ai vai... tão presentes no
nosso dia a dia tem sua origem no antigo Reinado de Daomé .
Herdamos também a sua cultura, como a capoeira, a dança, a música e o seu jeito
de falar e ver as coisas. Ressaltemos também que a Bahia é o estado mais negro
do Brasil e o que tem mais negros fora da África.
O Dahomey (Daomé em português) reino africano,
hoje, República do Benin. O reino foi fundado no século XVII durou até o século
XIX, quando foi conquistado com tropas senegalesas pela França e incorporado às
colônias francesas da África Ocidental.
O seu apogeu econômico ocorreu no início do
século XIX com a exportação de grande quantidade de escravos para o Brasil e
Cuba, o seu litoral era conhecido como Costa dos Escravos. Pasmem, um dos mais
famosos traficantes de escravos nesta época foi o brasileiro Francisco Félix de
Souza, o Chachá de Uidá.
Daomé torna-se em 01/08/1960, formal e
totalmente independente da França.
Pelourinho – Local em Salvador onde os negros
eram barbarizados, chicoteados, hoje, bairro de resistência ao racismo.
O Sibarita