quinta-feira, fevereiro 13, 2014

MAINHA

Mainha
 
Ô Mainha, o teu coração está solto num labirinto,
Ora vens, ora te afastas e com os desejos delegas,
Se abrindo em parábolas, oferenda, do teu íntimo,
Quando tens a paixão ao alcance e em ti renegas...
 
No imo, o sentimento me deixa sem eira nem beira,
Abstraído do teu universo demudado em ziriguidum.
O amor é capoeirista: e tome-lhe benção e rasteira,
Berimbau ecoa: Ô zum, zum, zum o amor mata um...
 
Subanga, bate biela o coração, assim, na plenitude
Da querência, gemidos em ritmo cifrado, inocente
Ao amor insaciável que dos teus silêncios no alude
O infinito é sede do teu céu e terra, fome e alente...
 
Rebocado! Nos detalhes, és Vênus, diva endiabrada,
O teu corpo encharcado de desejos, um que de fasto
Em chamas, fogo de se r! Na tua boca adejada
O afrodisíaco dos lábios, que um dia, foram castos...
 
Relíquia, por tua carne bem aventurada ao desejo,
O meu coração aflorado é um trio-elétrico canibal
Adornado em batom suave dos teus lábios e beijos
Tu e eu, sob os lençóis, faremos o maior carnaval...
 
 
Mainha, e ai, essa poesia alegra, é?
 
 Eu quero é fazer neném, vamos mãe?
 
Ômodeu! kkkkkk
 
O Sibarita

BAIANÊS EMPREGADO

Mainha - Carinhosamente chamando uma mulher que se está afim.
Ziriguidum – Confusão.
Benção – Golpe de capoeira com a sola dos pés no peito.
Rasteira – Golpe de capoeira com os pés que derruba no chão.
Berimbau – Instrumento que dá o toque, música para jogar capoeira.
Subanga – Mata, morre.
Bate biela – Se acaba, morre.
Rebocado – Afirmativo, faça fé, acredite.
Endiabrada – Doida.
Encharcado do pecado – Cheio de gozos.
Fogo de se jogar – Coisa boa.
Carne bem aventurada – Mulher gostosa, toda boa.
Faremos o maior carnaval – Faremos o melhor do amor, do desejo, da entrega.
Ômodeu – Oi meu Deus.
Vadiar – Fazer amor.
 
HUMAITÁ WEB RÁDIO, A BOA!

sábado, fevereiro 08, 2014

SIMÉTRICA

Simétrica

Avassaladora, o meu rosto perdeu as vivas cores
Vai se enrugando na palidez da lua sem a tua vida.
Nada me resta, pouco a pouco, foge o olor das flores
Na depressão deste anjo caído com humor suicida...

Tu dirás que eu siga o meu destino que tudo é finito.
Ver-te-ei novamente? Há adeus sob essa lua apagada?
Ai! O meu amor é um rio que deságua no teu infinito
Devastando-me o seio, o olhar, o sorriso, as palavras...

E precipita-se num poço sem fundo onde trafegam
Tuas eternas juras. O amor tem coração de vendaval
Assim sendo, a paixão, se despe e por fim, nua, rega
No horizonte: o tempo, os teus textos e o temporal...

Traga-me de volta na paixão o coração correspondido.
Pague eu em agonia a quem por teu destino e pecado
Submergiu por graças deste meu bem e que concedido
A este amor, por este amor o desejo ao amor torturado...

Este que meus lábios ainda cantam por obra do vencido.
De arco e setas é profundo na sua morte crua e dolorosa
E, na minha alma, as taras são os nobres desejos traídos
Enxugando ocultas lágrimas ao escrever a nossa história.

Entretanto, deixarei que a noite me leve pelas ruas
Nos meus passos envelhecidos dessa solidão atroz.
Se a lua banha o caminho, a vida, sempre continua
Na felpa dourada da razão que se definha entre nós...
O Sibarita

SINTA A HUMAITÁ WEB RÁDIO



domingo, fevereiro 02, 2014

SINÓPTICO


Sinóptico


Das minhas palavras ouvidas amor e amor que outras devessem
Beijar-te o coração? Dizes tu... Nestes anos tão assim e esquivos!
No meu peito um acervo inútil das palavras rebuscadas do amor
Que por ti regam a primavera dos meus dias na maciez dos lírios...

De tudo... Vasto, o sol morrente voa sob a túnica da tua brisa,
Ventanias na porta à noite da lua nova curva e fina no poente
Decifra o caminhar no lume do teu sereno olhar de Mona Lisa,
É que o meu olhar debruçado ao teu céu têm o chão presente...

No caos, esse amor é doce ferida, fenda oblíqua que lavo e tinjo!
Porquanto refaço a fronteira da paixão nas cicatrizes das chagas,
Na tela da memória o meu tempo é de puro desejo... Não finjo!
Habitam em mim sonhos que agora, por teu querer, deságuam...

Há no meu seio o brilho mais puro e intenso da luz ao teu alcance,
Vejo escorrer entre os teus dedos e desejos essa luz de ouro e jóia!
Mas, no teu pensar, manda-me as noticias desse tempo sem chance
Que pela claraboia do teu sol lerei teu texto de amor vindo de Tróia!

Geograficamente na distância do teu sol e no véu dos teus espelhos
Reflete o sinóptico do teu íntimo na inspiração desse poema inverso
Ruminando lembranças dos meus passos no teu caminho por inteiro.
Prenda minha! No (des) encanto a ti ofereço o assomo destes versos...

Entretanto, é do teu coração feito de vida,
Interrogações e paixão, presente e alheio
De farol aceso na esquina da minha agonia
Que lumia tempestades em pleno janeiro...

És tu, és tu amada minha em meus olhos
Vestida de luz, de brisa, pólen e ventanias.
Sou eu, sou eu amor o morto e o renascido
O pedra, o harmônico e o contraditório...

 

O Sibarita
 
HUMAITÁ WEB RÁDIO, TÁ NA BOA!

domingo, janeiro 26, 2014

LUCUBRAÇÃO

Lucubração


Sabes, encontramo-nos nas origens da veleidade,
Fogo dos desejos, incêndios, quereres, coisa feita.
O teu corpo é morada carnal de minhas vontades
Nas escritas, no pensar, no céu e no mar, a eleita...
 
És da lua e do sol, formosa eleita, por teu amado
O amor que principia em doçura acaba em paixão.
Relíquia, atravessando tua vida, bem-aventurado
O pretexto, o infinito e o reservado meu coração...
 
O amor é isso, acolhendo as esperas na conjuntura,
Esperar nas estações os nossos destinos por sonhar,
Meiguice acesa, confidências, delírios, lua de usura,
Sobre minha/tua janela na carência do nosso olhar...
 
Eis o tempo de reconstituição desse tempo inquieto
Na delícia e nos prazeres, tempo de Cíntia decidida.
Eis o tempo de ternura, estação de céus e de afeto,
Ao cântico por candeia de uma estrela meio tímida...
 
Pela fresta do coração, o amor espreita e se anuncia
Em vestes primaveris, olor e cobiça por entre ventos
Grassados na distância dos seios, e que não renuncia
Ao cortejo de luzes cinza no azul dos pensamentos...
 
O amor não é proibido, mas, sem toques ou cheiros,
Expira na falência múltipla da distância, vira deserto.
No céu das mãos sobre mãos sem mãos e por inteiro
Corro ao teu olhar, insônia das palavras, dos versos...
 
O Sibarita





segunda-feira, janeiro 20, 2014

BONFIM, LAVAGEM!


Oiaê Lalado, a banda Gasparzinho em São Paulo com o mega sucesso
 "Vai no Cavalinho"
Zé Lalado, né brincadeira não! Tava lá também, foi fio?
DESLIGUE A RÁDIO HUMAITÁ AO LADO

Bonfim, lavagem!

Senhor do Bonfim dai-nos a tua graça divina,
És esperança, o eterno farol dos lares baianos
Que conduz a conquistas desta sagrada colina,
Há séculos que aos teus pés nós te louvamos...

  Ô mainha! Perdoe-me, viu? Comi foi muita água
Na Lavagem do Bonfim. Humm... Cada piriguete!
Sei, me aguarda e no silêncio sua noite desagua
Desejos em poesias. Não se rete, não me delete....

Aqui, foi tão bom, só você vendo, o coro comeu.
Preparei aquele chão tão profano, nele, bordejei,
Limiar de bel-prazer, pira e fogo de que sou seu,
Prospecção, latejos de gozos, eu me entreguei...

Mãe, traí foi? Foi não? Me dei bem, lavei a jega,
Ôdeu! Desci a colina sagrada com uma piriguete.
Cada coxona, vixe, arrepiei! Se ela era do brega?
Isso não sei, mas, beijava como se fosse a Ivete...

Pagou para ver mainha? Sou dendê e dengo afim
De desdobrados desejos profanos! É, fui todinho.
Sumi, lhe dei ninja, eu estava na festa do Bonfim,
Despenhadeiro de aprazes, galopes de cavalinho...

Potoc, potoc as negonas de coração escancarado,
Trepadeiras, sobem e descem, cavalgam a malícia.
No intimo, infinitas, intensas de instintos cifrados
E eu pagando juramentos no lombo das delicias...

Ô mãe, potoc, potoc, potoc...
Venha todinha, é na palmadinha
bom né? 
Mata papá, mata mainha! (kkk)

Zé Lalado
 
 
Baianês:
 
Ô mainha – Ô meu amor. Comi foi muita água – Bebi foi muito.
Cada piriguete – Cada mulher boa, gostosa.
Não se rete, não me delete – Não se zangue, não me apague do seu coração.
O coro comeu – O amor, o sexo foi muito bom.
Preparei aquele chão tão profano – Fiz um caminho profano, de sacanagem.
Bordejei – Andei.   
Fogo de que sou seu – Desejo do que sou seu.
Mãe, traí foi? Foi não? – Gostosa lhe trai? Ou Não?
Me dei bem, lavei a jega – Levei vantagem, muita mesma.
Ôdeu! – Ó Deus!
Desci a colina sagrada com uma piriguete – Desci a ladeira do Bonfim com uma mulher.
Cada coxôna, vixe, arrepiei! – Coxas grossas, fiquei admirado.
Se ela era do brega? – Ele era mulher da vida? Profissional do sexo?
Pagou para ver mainha? – Não acreditou, quebrou a cara, aconteceu.
Sou dendê e dengo afim – Sou baiano da gema, dengoso e querendo muito.
De desdobrados desejos profanos! - Com muita vontade de sexo.
É, fui todinho – Sim, fui todo.
Sumi, lhe dei ninja – Desapareci.
Galope de cavalinho – Fazer sexo cavalgando.
Potoc, potoc – O cavalgar.
 
Zé Lalado

domingo, janeiro 05, 2014

QUEIXUMES

Queixumes
 
...Até que te decidas
e, por tua queixa oculta,
o presente que precisas,
eu sou a tua escuta...
 
Ditosa, sonhando céus, vens de lua despida,
Silhueta devorante, libertina, tão bem assim.
Estrela encarnada, ao amor, fostes escolhida
É que teu bálsamo de luar perfumou a mim...
 
Ocultas-me o coração e no íntimo, acanhada
Ansiedade alucinatória dos intensos desejos.
Pelo brilho no teu seio a arejada madrugada,
Ocaso, veneno rubro, quente dos teus beijos...
 
Tudo que vem do amor é querer e se devora
O pensamento constrói a fábula que abrolhas.
Pela aurora dos dias quando meu olhar aflora
O imaginário e fantasia de ti fazem histórias...
 
As noites do teu brilho no meio da luz louca,
Delícias são dos teus lábios, o melaço em flor
Servido do carmim da tua boca à minha boca
Em prazer e gozos, vinho bento do teu amor...
 
Assim, para o meu sonho, para o teu sonho
Depois do sol, à noite, o brilho da lua densa.
Meu olhar: manhãs do teu coração risonho,
As palavras, as coisas, são belas, intensas...
 
Também dos corações onde abotoam
A paixão e ao teu rosto estampasse.
Os sonhos, um por um, ligeiros voam,
Ao que clamas e ruges nos impasses...
 
O Sibarita
 
FIQUE NA BOA COMPANHIA DA HUMAITÁ WEB RÁDIO!