sexta-feira, novembro 27, 2009

A RAZÃO E A PSIQUÊ

A Razão e a Psiquê

Há uma esquina no metafísico da minha psiquê
Que foge do oculto e se esconde no teu olhar!
Quem sou? Não me perguntes, não tentes saber
Contenta-te, fita-me e que te bastes imaginar...

Não finjo, há sim, um dilúvio de luz na minha alma
E na paisagem os sibilos de flechas na escuridão
Rompem em tochas o noturno da noite que se acalma
No azul dos versos, no eco do psicofísico da razão...

O meu cérebro é eletrônico no perímetro urbano,
Ele tem largas ruas, becos, labirintos e um delta
Na foz da psiquê desembocando no oceano insano
Da paixão que afoga todos os desejos na aresta...

Das solidárias sou servo... Colho os lírios da lua
E olhando das estrelas, na fé, sinos axiomáticos
Badalam na esquina do pensamento a face nua
Do fervor que brota no espaço mental somático...

Mas, trago no peito, um gramofone anunciando
Um coração partido ao meio e no zênite, o fogo
Do amor que devasta nuvens alvas reverberando
No espelho de quem me vê um anjo vesgo, coxo...

O Sibarita

segunda-feira, novembro 23, 2009

O ILUSIONISTA

Ômopai! Seu Sibarita se rete não! kkk Oi, sou negão não, viu? Sou MORENO agora! kkk Que nada fio, ser negão é de lenhar, vai me chamar de negão de alma branca, vai? Kkk Você fica se retando, deixa o cara ser MORENINHO, fui no blog dele e não é que ele embranqueceu a foto, me acuda Jesus! kkkkkkk Vai ver que a foto dele pegou vitiligo ou então usou o photoshop para clarear que onda retada! Kkk E a negona teve no Máli, foi? Pior que sou do bloco Afro Malê Debalê e nunca vi por lá, será que ela sabe da Revolta dos Malês aqui na Bahia contra o sistema escravocrata brasileiro? kkk Com sua permissão e de Alá (Ela sabe por quê? kkk) Minha próxima postagem será sobre a Revolta dos Malês aqui na nossa Bahia. Oi to falando demais daqui a pouco não vão ler nem a poesia, leiam! Dona moça Desnuda virei palhaço, oi que bom! kkk

O ilusionista

-Hoje tem espetáculo? -Tem sim senhor!

A paixão louca, é alude, chora lágrimas perdidas.
Aniquilado e na amargura, o amor, faz mistérios!
E, o que foi, lá se foi... Oh, flores fortuitas, a vida
Balançando na aragem dos vãos de um trapézio...

...Paladina do amor e encantadora na essência pura,
Curva o destino... A paixão, auréola dos derradeiros
É santa mártir, qual luz dissolve e, no tempo perdura
Como heroína dissoluta do coração lançado ao picadeiro.

No palco do circo da aflição, o amor é carrossel,
Ó diversão, doida e cruel! O palhaço do sentimento
É ilusionista... Ri de si! A platéia faz o seu tropel...

Divina! Agônico, pulsa o coração malabarista,
Em mim, alguma coisa a ti pertence... O amor,
Ao tudo, ao nada, fala da paixão contorcionista...

-O que é que o palhaço é? -Ladrão de mulher!

Ô meu Deus! Tô um mar de levar... Oi você aí dona moça! kkkkk
ZéCorró

sexta-feira, novembro 20, 2009

ZUMBIS

Navios Negreiros

ZUMBI DOS PALMARES

Caro leitor, espero que além de ler a Poesia ESCRAVOS, leia todo o texto que é de suma importância, vale a pena saber sobre Zumbi e o Reinado de Daomé, hoje, República do Benin de onde se origina na quase totalidade o povo baiano. Sobre Daomé, o texto está abaixo da poesia. Boa leitura!

Zumbi, foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares de 1655 a 20 de novembro de 1695. A palavra Zumbi, ou Zambi, vem do africano quibundo "nzumbi", e significa, "duende". No Brasil, Zumbi significa fantasma, segundo a crença popular afro-brasileira, vagueia pelas casas a altas horas da noite.


O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.

N.R. - Na realidade, Zumbi nasceu no interior da Estado da Bahia ao qual Palmares pertencia. O Estado de Alagoas não existia, o território baiano era imenso fazia divisa com os Estado do Maranhão e de Pernambuco. Muitos anos depois é que nasceram os Estados de Sergipe e Alagoas com a divisão do território baiano.

Zumbi nasceu em Palmares, Bahia, hoje, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.

Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.

Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.

Escravos

Singrando pelos mares a miséria, a tempestade!
O navio negreiro, no seu porão, o povo de Daomé
Penumbra, fome, frio e chibatadas da crueldade,
Ó Cristo! Os capturados acorrentados pelos pés...

A manopla dos dias pesa no teu corpo em desgraça
Sonhos se desfazem sob o céu de temor e tremores
O sol da tua pátria na distância do cativeiro apaga-se
Choram, então, os escravos no palco dos horrores...

Na amplidão do horizonte, a sede e o tinir de ferros
O sangue jorra, banha o sol de vermelho sobre o sal
Estalam os açoites, negro arqueja, roda o azorrague,
O horror cobiça o teu corpo, a morte te faz o funeral

Oh, vidas ceifadas, como se ultraja assim o firmamento,
Onde estão os anjos? A cor dos céus é negra ou Branca?
Maldição! Nas senzalas, entoam-se os cantos de lamento,
O amanhecer veste-se de sangue, a vil chibata espanca!

No palor, a lua espia a peleja do incerto em céus varonil
Ruge a desgraça, o povo de Daomé geme na escravidão!
Os escravizados forçados a trabalhar nesse imenso Brasil
Era o chicote no ar, o chicote a sangrar pelo bem da nação...

Na indigência de um povo escravo não há o que resumir
Sim, somos nós os filhos dos capturados, dos adulterados
Ó tempo! Não temos vergonha de admitir e de assumir
Em cada pedra do Pelourinho está o sangue derramado...

Mas, vamos acabar com toda essa história que se diz
Revelando, agora, o sofrimento de um povo roubado
Escravizado, castrado... E, sempre, negado a ser feliz
Por toda miséria, somos nós teus filhos, os favelados...

Estamos jogados nas favelas, dependurados nos morros
Não temos morada, marcados nas calçadas como animal
Estamos nos buracos. Deus, ouça nosso grito de socorro
Sim, não temos nada, nos liberta desse cativeiro mental...

Pálidos guerreiros nas escuras profundezas do abismo
Estremecem-se nos horizontes dos céus reverberados,
Choram nos ferros gusa por teus descendentes nascidos
Na lei do ventre livre e na saga continuam escravizados...

Por isso não temos vez e sempre estamos nas cozinhas
No papel menor, no papel pior, servidão que nos corrói
Degenera a nossa sina na pele negra de Joãos e Marias,
A chibata estalando, a chibata sangrando até hoje dói...

Oh, auriverde pendão do meu Brasil ruge no teu estandarte
A saga, onde, crianças negras são os aprendizes de marginais.
Aos ferros embate de um potente povo sempre em descarte
É! Mas, transamos bem o corpo, a mente e o espírito nos aís...

Sou negão, o meu coração é a liberdade!

O Sibarita



Daomé – Nação Africana, hoje Benin, foi de lá que vieram a maioria dos escravos para a Bahia, nós baianos somos descendentes direto desse povo, ou seja, temos um pé na África, muitos de ainda tem parentes por lá e existe um intercâmbio muito grande entre a Bahia e o Benin.

Aqui em Salvador existe a Casa de Benin localizado no Pelourinho para visitação, e em Porto Novo capital do Benin tem a casa da Bahia. Em ambas as casas são mantidos e expostos todos os laços que nos unem. Foram desses escravos que nós os seus descendentes herdamos a culinária magistral a base do dendê. O acarajé, o abará, a moqueca, a cocada e por ai vai... tão presentes no nosso dia a dia tem sua origem no antigo Reinado de Daomé (hoje, República do Benin).

Herdamos também a sua cultura, como a capoeira, a dança, a música e o seu jeito de falar e ver as coisas. Ressaltemos também que a Bahia é o estado mais negro do Brasil e o que tem mais negros fora da África.

O Dahomey (Daomé em português) reino africano, hoje, República do Benin. O reino foi fundado no século XVII durou até o século XIX, quando foi conquistado com tropas senegalesas pela França e incorporado às colônias francesas da África Ocidental.

O seu apogeu econômico ocorreu no início do século XIX com a exportação de grande quantidade de escravos para o Brasil e Cuba, o seu litoral era conhecido como Costa dos Escravos. Pasmem, um dos mais famosos traficantes de escravos nesta época foi o brasileiro Francisco Félix de Souza, o Chachá de Uidá.

Daomé, torna-se em 01/08/1960, formal e totalmente independente da França.

Pelourinho – Local em Salvador onde os negros eram barbarizados, chicoteados, hoje, bairro de resistência ao racismo.

segunda-feira, novembro 16, 2009

DIVA

Diva

Entre de chofre com o teu menoscabo e sem cerimônias
Tirai as capas que o teu amor venal de ofício trás agruras.
Cai-te bem a burka! Mas, recolhas o teu punhal, demônia!
Em mim, jorram, borbotões dos embustes das tuas juras...

Evoé! O meu espelho contra o teu espelho e as tuas baldas
Lá fora, o céu de invernia e de ilusão. O teu mundo é fictício
É... a máscara da lua ri: soberba, irreal, pulcra, nívea e fada.
Tu Madona, dúbia nos sonhos, lunar e imprecisa, és meu vicio!

Batiscafo ao mar, viandante, aljube e zetética as tuas palavras!
O teu seio ressoa com o nada. As tuas palavras ouro trigueiro
Que elevo ao canto cálido. Dize-me quais as garras do teu amor?
Chove, agora, no meu peito as águas de junho em fins de fevereiro.

Amor preso a si mesmo não destroça sonhos, a sina, quem sabe?
Guardai o vosso silêncio! Conecto-me em ti no lume do sentimento,
Decifro o arcano que arde! Aprisionado aos ferros, não me mates,
Sendo eu teu escravo andas à noite ao léu dos meus pensamentos.

Diga-me que não! E, Condena-te ao frio alabrasto das sombras.
Onde pousas? Fizeste-me passageiro na colheita do teu aprumo,
Meu grito mesmo surdo é maior que o silênciar que tu ensombras,
Vasta a vereda é! Quem me escuta sabe que tu eras o meu rumo.

Medito sobre o claro e o escuro, ruminando, o cinza das nuvens.
Procuro a tua voz, nada nela encontro. Nada! Sinto-te de partida
É por teu poder, ó iluminada! Eu, o siderado, aos teus pés ruge,
Recolhe os momentos do passado que fui teu sino de amor e vida!

Farsas nascem no perau das horas. O calar faz a tua alma troncha
Ou a lei dos entrechoques alivia a aflição do coração apunhalado?
Em mim nascem flores, sempre fui primavera. Em ti, o teu remorso
Chorará minhas lágrimas quando abrir o véu do poente cortejado!

Sei, haverá o ranger dos dentes nos teus desejos. Sou ouro em pó,
Ouro fino, jóia rara, a essência pura do teu seio esquecido de mim.
Habita em mim o meu dono! E, em ti? Resoluto, parto, desfaço o nó!
Nasci para amar-te, venerar-te. Agora, o meu seio se veste de luto.

Solta a melena açucena, desnuda tua alma para minha psiquê
É que te faz bem, sobre a tua nudez vil, um enorme peplo cinza
Assombrando os meus dias de sol que tu me és pura penumbra,
No esplendor das trevas a luz te atrai, revela, absorve e te anula...

O Sibarita

sexta-feira, novembro 13, 2009

Cruz, Credo!

Edson Gomes e Banda Cão de Raça - Árvore

Pois é! Sibarita aproveitou do apagão e me apagou (sacana ele! Kkk), ou seja, não saiu minha poesia, pode, é? Kkkkkk Agora sai! Tá vendo aí Desnuda? Ele é gente boa, né? Muita gente boa! Kkkkkkk Já que donas moças e lá eles também gostam de Reggae deixo o vídeo do Edson Gomes, um dos maiores reggman do mundo na atualidade, para que todos assistam, este vídeo faz parte do DVD gravado ao vivo aqui em Salvador, o nome da música é Àrvore, se eu e o Sibarita estávamos lá? Oxente! Claro que sim! Descubram a gente aí, ó pai, ó! kkk Vejam que letra da zorra e não somente essa, outras também, depois colocarei aqui outros vídeos, ei seu Sibarita, se rete não, viu fio? kkkk

Cruz, Credo!

Cruz, credo! Você vem, é mãe? Ó nega, o tempo é alado!
Seu olhar alicia, coração dispara, você sabe me fazer viver,
São tantas formas de amor para sentir o calor ao seu lado
Que fui ao sol para encontrar essa luz que brilha em você...

A vida são caminhos, quem lhe evocou, jasmim do amor?
Tô de espinhela caída no gume afiado das asas do coração
Bombeando o tempo moroso oculto da magnólia, no olor,
Os aromas suaves se encontram, se misturam nas emoções...

Minha pele negra é caminho, sol para todos os aconchegos,
Meu corpo é feito de amor, é querer, é linguagem, é leitura
Espelhando a luz da lua na plumagem da noite, nos desejos,
Vontade carnal conduzida entre sua lucidez e minha loucura...

No claro escuro, a noite é, está. Tem você própria na fantasia
Da coisa, da fome, do humor, do sexo extraindo o seu profano.
É! Mais cedo ou mais tarde combinaremos todas as alegorias,
Minha outra metade: é o sacro, é o feroz e os desejos insanos!

Ah, gostou, foi? (kkk) Ai meu Senhor do Bonfim! Ah, você vem,
Vou me banhar da sua aragem, com você deslumbrar o infinito.
No rito, lhe devorar, bom! -Fia, como? -É! -Não valo um vintém?
Ó pai, ó! Ô mãe, por você até boto roupa nova, ave Cristo! (kkk)

ZéCorró

BAIANÊS

Cruz, Credo! - Exclamação de algo bom ou ruim.
Espinhela caída – Dor no peito.
Gume – Faca, canivete, adaga.
Aconchego – Carinho.
Vontade Carnal – Desejo de fazer amor.
Não vale um vintém – Não vale nada.
Ó pai, ó – Olhe para isso

quarta-feira, novembro 11, 2009

APAGÃO I e I I

A P A G Ã O

Sob o signo dos apagões
unidades e fábricas paradas,
canta-se o réquiem, chora a natureza
com a sua morte anunciada.

Correntes, curtos-circuitos e sobre correntes
tensão, sub-tensão e sobre tensão
potências ativa, reativa e aparente,
é a nação de candeeiro na mão!

Painéis, seccionadoras, relés, disjuntores
redes elétricas de alta e baixa, afloramentos
tc`s, tp’s, trafos elevadores e abaixadores.
Bancos de bateria, retificadores e aterramentos
valha-nos Cristo! Curto-circuito nos investimentos,
afunda-se a geração, ai Deus, faltou tensão!

Paulo Afonso, Tucuruí, Sobradinho, Xingó, Itaipu
Entre rios e Lagos, hidroelétricas inertes,
fazem-se paralelos: sistemas anelados,
cargas acima da capacidade, SOS!

Não há geração, pinta o apagão!
Culpa-se a chuva pela limitação,
nasce João José Brasil de fifó na mão!

O Sibarita

A P A G Ã O II

Lá vem a escola de samba unidos da escuridão
Desfila sob o signo do apagão na luz de candeeiros.
No porta estandarte: o povo sufocado e o apagão
No enredo: sistema elétrico limitado, Brasil sucateado
Tio Sam cheio de verdinhas mostra os dentes e toca pandeiro
Josés e Marias esfarrapados requebram na ala dos ludibriados.

A Aneel preocupada manda a conta dolarizada,
As distribuidoras entregues aos estrangeiros
Tem Tio Sam solidário morrendo as gargalhadas
E ao final do mês surrupiando o nosso dinheiro
Enchem as burras na miséria do povo brasileiro.

Abrem-se as cortinas, um grande teatro,
Na escuridão das coxias o povo de palhaço
Procura o lume no primeiro ato!
Fecham-se as cortinas,
Acendem-se as velas é o apagão,
E a nação moribunda pede a extrema-unção!

Curujebós colocam ebós nas encruzilhadas
Ogans repicam os atabaques nos terreiros,
Os Orixás pedem a luz do candeeiro
Zé povim atochado clama aos Santos Guerreiros

O Sibarita

sexta-feira, novembro 06, 2009

CRENDEUSPAI!

Pagador de Promessas

Caros leitores aqui está mais uma poesia em baianês, agradeço à todos pela bondade das palavras nos comentários. Não escrevo rebuscado (Isso é coisa para o Sibarita, lá ele sabe! Sei não, esse camarada... Kkk), mas, escrevo com a alma de bom baiano que sou. Abaixo da poesia a tradução do baianês.

Ô Seu Jota Cê você tá enrolando a moça, é fio? Kkkkk Quando é esse casório, heim? Sabe não, é? Kkkkk Rebeca, abra o olho que você não é japonesa! Kkkkkkkkk

Vanuza minha fia e ai? Vou bater os tambores, viu? Kkkk Ei, Desnuda, fique com ciúmes não, você é minha irmã de fé! Kkkkk E é? Aí Senhor do Bonfim! kkkkkkkk

Crendeuspai

Crendeuspai! Ô ordinária, cadê você? Não vem não, é?
Acabei de jogar os búzios... Ah, você vem sim na avidez,
Na mangaba, cheia de nove horas, venha toda a migué,
Sugarei a essência, o fogo na singularidade da sua nudez...

Ô Fia, ando mesmo avexado e se demora fico na gastura
Tá de calundu? Deixe de frescura, viu? É... O amor incide
E você nem tchum! Ó, não entende os toques da secura
Para lhe afogar no mar de cobiças, oi que bom? Se ligue!

Você está presa nas entranhas dos meus pensamentos
Deixa estar, entrego-me aos seus caprichos e carinhos,
Ô delicia! Neguinha vem vadiar por fora e por dentro
Valha-me Deus! Reconhece-me? Sou eu, seu Painho!

Nos avessos dos avessos dessas peripécias do prazer
Meu dengo, flor desabrochada, eu faço um carnaval
Nas estripulias e fantasias das luas carentes em você
Ô mãe, corro doido, enlouqueço, viu? Sou todo carnal!

Dengosa, esse tangolomango é seu, foi escrito de joelhos
Vixe... Fiz promessas, ajoelhei, tive que rezar, oi que sarro?
Sei, ta rindo, é? Nos reflexos dos meus espelhos lhe vejo
Xiii... Oi, cuidado com o andor que o santo é de barro! (kkk)

Tá vendo ai? Né não, é?
Ah, eu bato biela,
Já que a lua não sai
Acendo as velas,
Crendeuspai! kkk

ZéCorró

TRADUÇÃO DO BAIANÊS

Crendeuspai – Creio em Deus Pai.
Ordinária (o) – Na Bahia essa palavra não é usada de modo pejorativo (ruim, medíocre, sem caráter...) ela é empregada para dar ênfase a alguém que é retada (o) danada (o).
Na mangaba – Na facilidade.
Cheia (o) de nove horas – Cheia (o) de conversa, de enrolação.
A migué – À vontade, sem compromisso.
Fia (o)– Carinhosamente chamando uma mulher ou homem.
Avexado – Apressado.
Gastura – Nervoso, agoniado.
Calundu – Zangada (o), aborrecida (a).
Frescura – Infantilidade.
Nem tchum – Não ligar, não quer saber.
Na secura – Sem fazer amor há muito tempo.
Oi que bom – Que felicidade.
Se ligue – Fique por dentro do que ocorre.
Ô delicia – Gostoso.
Neguinha – Chamando uma mulher no carinho.
Vadiar – Fazer amor.
Por fora e por dentro – Namorar normal (por fora) Praticar o tão sexual, penetrar (Por dentro)
Valha-me Deus – Implorando, pedindo socorro a Deus. Na Bahia é usual nas conversas os nomes: Deus, Jesus, Senhor do Bonfim, Nossa Senhora e outros santos no dia a dia, não é blasfêmia é pedido mesmo.
Painho - Como a mulher chama seu homem, seu amor principalmente na cama.
Meu dengo – Meu amor.
Flor desabrochada – Mulher depois dos 30 anos.
Faço um carnaval – Brinco, faço e aconteço no amor, no sexo.
Estripulias – Fazer muitas coisas fora do comum.
Ô mãe – Carinhosamente chamando a mulher, a namorada.
Carnal - Só pensa na carne, no sexo.
Dengosa – Mulher muito bem tratada e ainda acha pouco.
Tangolomango - Confusão.
Sarro – Gozação.
Cuidado com o andor que o santo é de barro – Tenha cuidado com o que diz, com o que faz, com o que vê.
Tá vendo ai? - Está vendo? Na Bahia abreviamos palavras expl: Tá (está) Cê (Você)
Né não, é? – Não é não, é? Né (não)
Bato biela – Tô (estou) acabado, tô lenhado, tô na pior.
Acendo as velas – Acender velas para os Santos, os Orixás.