quinta-feira, dezembro 31, 2009

NOVO ANO!

Novo Ano

A noite anda mundaréu, reflete-se nos espelhos o ano novo,
As musas, gigolôs e mundanas, o reggae, a libido e a euforia
Tremulando como troféus, nos desejos, fervilham os gozos
Na beira-mar vertendo sodômicamente a mais pura afrodisia.

Pipocam-se os fogos, o novo ano nasce, surge na paisagem,
A noite sangra as últimas réstias do ano velho, desembarco!
É o tempo rodando sua foice deixando no céu a passagem
Aberta para o ano novo sair do berço, com ele, eu no vácuo...

Ai meu Ogum! Três, dois, um, uff! Ano novo, eu a bordo
Nos céus, estrelas piscando e uma lua plena em chamas
Demais! O que já foi, lá se foi... É, passou! Nada recordo
O ano velho se escafedeu todo em mil e uma escamas...

No esplendor da noite o banho de mar faz a limpeza espiritual,
Ah tô leve, de roupa branca, faço os preceitos para o meu orixá
Ogunhê meu Pai! Em Jauá, o céu, uma concha azul sobre o ritual
Atô Tô! Ogum de Ronda vem saudar o novo ano em Iorubá...

Sob o céu de Jauá um imenso girassol de fogos e artifícios,
Naquela dona moça que vende flores eu compro corações.
Aquela flor do réveillon desfolhou, como o mundo é fictício
No aroma do sache! A tudo esqueço: Ilusão e prantos vãos...

Ao som dos atabaques as moças quebram nos passos do ijexá
Nos meus olhos de navegação busco nessas negonas as vinhas,
Sim, o que tiver de ser, será! Mas, o que e a quem relembrar?
Aff! Então, me atiro, me entrego às carícias das donas mainhas...

Bafeja a madrugada, desejos e bacanais, o hálito do ano novo
Nos sargaços de entregas e quereres sob um luar de insônias
Ai a própria luz igual à escuridão o coro come na flor dos rogos
E nos uis e ais do novo tempo enflora-se o fogo da babilônia...

O Sibarita

domingo, dezembro 27, 2009

ANO NOVO CHEGANDO

Ano Novo Chegando

Atô, tô
Meu Pai,
Babaluaê!

Negona, agora, é só alegria. Da flor do teu silêncio
O meu olhar tá na rua, chegando ano novo na Bahia,
Peço-te, então, uma das tuas máscaras emprestada
Para compor o meu manto de Sibarita à tua revelia...

Ôie! Acorda cidade, clamai aos deuses libidinosos.
É o ano novo! O sol todo nu se abre obscenamente
E penetra no hímen da praia de Jauá. À noite, a lua
Enciumada me toma aos beijos despudoradamente.

Ai! Mostro a cara, caio na gandaia e no dever do oficio
Meu humano coração é de todas as meninas. Em cena
Fundo tudo num só afago e nos desejos do meu vício
Estou leve, livre e solto entregue às moças obscenas...

Mas, amor, leia as noticias, veja as fotos pelo jornal
Sob o esplendor da lua as minhas estripulias, não ria!
Sou o Sibarita do amor dúbio. Neste tempo de bacanal
As donas moças são alegrias no teu silêncio de agonia...

Oh, sim! Meia noite. Bebo todas, a lua, debochada e fina
Faz-me o fogo dos pensamentos, atiro-me nas chamas.
Ébrio, rio, deliro, beijo tua boca nos lábios das meninas
De carnes atiçadas em cada barraca na seiva da tua cama.

É que no afrodisíaco da libido a noite em desejo é bendita
Nos orgasmos venais dessas moças cheias de má intenção.
Solidário ao teu silêncio (Ai meu Deus!) sou o teu Sibarita
Enviando-te as noticias nas entrelinhas dessa profanação.

Queria tê-la ao meu lado de roupa branca toda molhada.
Não finjo esse desejo e no ensejo deste meu dia de folia
Em que meus gozos orvalham nos meandros o ano novo
Da urgia, peço-te então, data vênia pelo carnal da alforria!

O Sibarita

quarta-feira, dezembro 23, 2009

FELIZ NATAL, NADA ALÉM...

Um deles é o Sibarita.

Feliz Natal, Nada Além...

... Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel!
(Assis Valente)

(Homenagem aos meus amigos de infância dos Alagados
(maré, palafitas) da Vila Rui Barbosa em Salvador/Bahia.)

Valha-nos Jesus Menino!
Você vê
o farol do Monte Serrat
iluminando a Bahia
de todos os Santos,
ao fundo, a ilha de Itaparica
embelezando o seu recanto!
Você não vê
os alagados, a maré, os casebres
de tábuas sobre caibros
balançando ao léu com sua gente
tirando do lixo o sustento!
Não faz parte da sua história
esse povo sem memória...
Você vê
A lua chegar por sobre o seu pedestal
para iluminar a sua mesa farta
de produtos importados
na ceia de natal.
Você não vê
Crianças famintas pelas ruas,
nas sinaleiras, fora da escola
cheirando cola, não faz parte
do seu dia a dia essa escória!
Você vê, revê
abraça os seus amigos
na ceia natalina
ao lado dessa gente fina
grudada em sua resina...
Você não vê
crianças barrigas de lombrigas
num céu de desesperos
com estrelas hidráulicas
sustentando as pontes
que balançam aulicamente
nas asas dos ventos...
Você vê
os seus filhos
saírem para a balada do natal
cheios de presentes:
roupas, tênis de marcas
e coisa e tal...
Você não vê
o natal das crianças da maré
a espera de Papai Noel
com tamancos rachados
nas janelas dependurados...
E pela manhã, nenhum brinquedo,
nenhuma boneca, nenhuma bola
Papai Noel nunca vem, disfarça!
isso, não lhe corta o coração, você isola...
Você vê
o dia amanhecer
tendo a mesa farta e o peru do natal
na confraternização e trocas de presentes,
com sorrisos entre os dentes
agradece esse belo momento.
Mas, não se liga em Jesus,
e nos seus ensinamentos
tocando em seu coração,
então, você vira o rosto
para o seu irmão faminto
quando Ele mandou repartir o pão.
Você não vê
o natal nos alagados
banguelo sobre os caibros
e que pela manhã o sol chega,
olha, disfarça e sem esperança
lacrimejando se joga das pontes
submergindo nos pinicos
de maré lentamente...
Você vê
a ficha cair, mas, não está nem aí
do seu baú de ouro
reluzindo o seu tesouro
com o mundo aos seus Pés
e Deus lhe olhando de viés!
Você não vê
o rumor dos seus passos
atados nos percalços
das trevas do seu coração
e no sentido oposto
a escória enxugando
as lágrimas do seu rosto
nesse poema parodiado
do seu espelho congelado!

Você vê
Apenas lê
O zen astral
Do seu signo
Na coluna social
De qualquer Jornal...

Nada sei além desta janela
aberta diante do meu olhar.
É a maré, é a maré!
Lixos e ratos
estampados no horizonte
de urubus circundando
pelo céu sob a réstia
do sol alumiando meus olhos
perdidos no escarcéu.

Olhando da janela
a visão é ciclope
e me remete
à infância na maré.

As rajadas no azul cinza
de moribundos dias
não esquecidos.
Quebrantava-se o dia...

Era Natal!

Miríades de sonhos
na misantropia
dourando barrigas de lombrigas
sucumbindo pela anemia...

Nada além...
A fome e o lixo!
Dos natais,
apenas, os resquícios.

O Sibarita

segunda-feira, dezembro 21, 2009

IAIÁ

Bahia de Todos os Santos

Iaiá

Minha Iaiá, oi se ligue, viu? Ai meu Deus! É verão na Bahia
Baixei todos meus Santos do altar, agora fia, o coro come!
Estou um vulcão em erupção, não fique triste não, sorria
Quem mandou me liberar? Agora é tarde! É tome e tome...

Aff... Nem lhe conto: da praia de Jauá até a praia da Ribeira
É cada piriguete de fio dental, valha-me Senhor do Bonfim!
Vai se retar? Se rete não! Eu tô comendo todas pelas beiras.
Imagine? Imaginou, foi? Oi que maravilha! Estão todas afim...

Ah, pinto o sete entregue aos braços das moças retadas
E na ponta do Humaitá uma lua traíra me faz lembrar de ti
Dou caruara e os cambaus, tremo sob esta noite aveludada
Já que me és um oceano de desejos desaguando em mim...

Tô pirado fia, tô na gandaia, tô na benção do Olodum, tô no pelô
Meu coração rastafári explode no bar do Reggae, teu olhar de sol
Na miragem queima minha pele morena e ai eu sou todinho amor
Os desejos aguçam, me consomem e sabes como fico... Ó paí, ó!

O que faço, se ao meu lado tem uma moça com os seios palpitando?
Fia, sempre fui desejos, em tua pele escorro sob lençóis de flores.
Ela, a moça de negros olhos de ônix nua no leito vai se revelando,
Por teu querer, sou mar de fogo convertido no venal dos amores...

-Como estou? -Mainha, lenhado! As donas moças não dão sossego
Elas fazem procissão para Jauá, aproveitam, conhecem minha rede
Tô doidim, doidim! Não sei se vou agüentar não, ore por teu nego
Ai meu Deus! Até as turistas, tão vindo ao pote com muita sede...

Piripicado, é na flor dos sentimentos que envio notícias minhas
É que sou o Negão do Olodum na cobiça curtindo aquele som
Do samba-reggae com cada negona que me valha Deus! Ah fia
Elas e eu, a noite e o mar, os uis e os ais, vixe! Tudo é tão bom...

ZéCorró

Ô meu Senhor do Bonfim desse jeito eu vou bater a biela! kkkkkkkk

TRADUÇÃO DO BAIANÊS

Minha Iaiá – Meu amor, meu desejo.
Oi, se ligue – Olhe, fique atento (a).
Baixar os Santos do altar – Sair sem compromisso, sair para festas, sair para namorar.
Agora Fia – Agora mulher.
O coro come – Tudo acontece.
É tome e tome – Fazer amor várias vezes.
Piriguete – Mulher a fim de namorar, de fazer amor e nem sempre mulher da vida.
Fio dental – Maiô devasso, apenas uma tira de pano.
Se retar – Se zangar, se aborrecer.
Comer pelas beiras – Conquistar uma mulher aos poucos para levar para a cama.
Jogo duro – Sem brincadeira, a sério.
Pintar o sete – Fazer tudo.
Moças retadas – Mulheres danadas, mulheres que namoram muito.
Ponta do Humaitá – Um dos lugares mais bonito de Salvador fica na Cidade Baixa.
Lua Traíra – Lua traidora.
Dar caruara e os cambaus – Ficar de perna mole, bambo e muito mais.
Tô – Estou.
Tô pirado – Estou doido.
Tô na gandaia – Estou solto, sem compromisso, em todas as festas.
Tô na benção do Olodum – Benção do Olodum festa que movimento o Pelourinho todas as terças feira o ano inteiro em que se vai muita gente para dançar samba-reggae e paquerar.
Tô no Pelô – Estou no Pelourinho.
Bar do Reggae – Bar do Pelourinho onde só se toca reggae e vende o famoso cravinho (bebida alcoólica feita de cravo) e a intelectualidade baiana se encontra para um papo descontraído.
Ó paí, ó! - Chamar atenção, olhe aí, olhe! olhe aqui, olhe! olhe ali, olhe!
Dona moça – Mulher da vida, mulher velha tirada a mocinha.
Fazer procissão – Ir muitas pessoas ao mesmo lugar.
Doidim, doidim – Doido, doido.
Ir ao pote com muita sede – Ir atrás de algo com muita vontade.
Piripicado – Faça fé, acredite.
Samba-reggae – Ritmo de música inventada pelo Olodum e disseminada pelo mundo.
Negona – Mulher com um belo corpo e negra.
Vixe! – Meu Deus!
Bater Biela – Se acabar, morrer.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

COMPÊNDIO

Compêndio

Abre-me o seio nos céus e na constelação do sonhado
No compêndio, olhando a primavera, a lua de girassóis.
Tudo o que clamo e ruge são gemidos em ritmo cifrado
Intenso e forte na fúria do interminável íntimo de vós...

Pela fome e pela sede o vosso olhar em sol me aflora,
Fulgores refletindo no meu peito é luz da vossa fonte
Mergulhada na paixão. Roubar-vos-ei um beijo agora
Em que os vossos lábios ardentes me são horizontes...

Tão sutis e aproximativos por assim dizer, paixão felina
Vós sois da lua e do sol nessas ambições dos amores
No céu e no cântico da vossa alma as águas cristalinas
Banham-me, afogam-me em vocábulos de louvores...

O que transcende, acende o farol propício da paixão,
Quem me fará mais poeta ainda? Sigo vossos passos,
Vós sois a inspiradora do amor crescente do meu chão
Por amor: retalhas, dividas meu coração em pedaços...

Em torno de mim, o vosso olhar dança na distância
Da abóbada celeste, os desejos, lanternas de fogos
Incendiando as noites nas chamas que nos alcança
Em Jauá, uma rosa e um lírio afagam-se nos rogos...

O Sibarita

sábado, dezembro 12, 2009

O CIRCO II

“Hoje tem marmelada? -Tem, sim senhor!"

Senhoras e senhores, adorável público... boa noite!
Iniciando o espetáculo, ele, o sofredor de emoções.
No globo da morte, o amor, faz e acontece nos açoites,
E versando à amada, ali está, o palhaço em evoluções!

Amada, entrego-te o coração escrevendo o teu nome
Agora, sob a lona desbotada deste circo, eu, o palhaço
Arranco gargalhadas da platéia no fel do teu assombro
Enquanto, no trapézio, animo o céu dos meus farrapos!

No suor das gargalhadas nasci palhaço para te amar
Desse picadeiro abro consultas ao livro dos oráculos
Chamo, digo o teu nome, em resposta vejo o teu olhar
Costuro no então a lona rota na seiva do espetáculo...

Pois, reinvento a inocência brincando de palhaço
A melhor parte! No picadeiro como berço do riso
O meu coração faz acrobacias ao léu... disfarço
E clamo aos espectadores que rimem flor e dor!

Dar-te-ei o sol das copas orvalhadas do meu olhar
E nas peripécias do teu coração... laço e enjaulo!
Amor felino! Eu, o sofredor de emoções sob o luar
Desta lona rota e nesse trampolim, balanço, caio...

Admirável público meu cordial muito obrigado
Encerrando este espetáculo bradem comigo!

"O raio do sol suspende a lua,
Olha o palhaço no meio da rua..."

Ò pai, ò! Senhores leitores aliviem, tô é lenhado! kkkk

ZéCorró

quinta-feira, dezembro 10, 2009

CAIS

Cais

O meu olhar circula navegando o teu mundo
Eu sonho, vivo dentro da flor azul do teu céu
No apalpar, no tocar, no presumir e fecundo
O bel-prazer concebido no dulçor sem fel...

A essência do teu ser, pérola, é vida, é alento
Totalmente íntimo, dedicado a todas as delícias
Inspira-me noites, mergulho, o prazer é pleno
Tu vens beirando, já meu bem, cheia de caricias.

Ó desejo, movo-me entre os sóis das tuas mãos
Que excita a fúria do fogaréu no singular de mim.
Geme os céus! A brisa sopra, ara o meu coração,
Os dias brotam da seiva da zona ardente de ti...

Amor insaciável, sede de céu e terra, áureos fulgores,
Vontade da carne, teu nome inscrito no tempo, é rogo
Cortejando cobiças em volúpias horizontais dos amores,
Pela a tua alma és flor, pelos os teus olhos és fogo...

Cardumes de quereres em mim seguem no alicio
Onde, o espírito lúdico do amor, assim, se banha
Enquanto, no meu olhar, o fogo lambe o infinito
Tu levantas aos céus as chamas que me chama...

Vou pelo cais do teu coração, nele, deixo-me ancorar
Eu quero sorver o néctar da rosa da tua boca navegada
Morrer debruçado no teu corpo espalhando sol e luar
Desde sempre, o fogo te formava, o fogo te anunciava...

O Sibarita

sábado, dezembro 05, 2009

EPARREI!

Eparrei!

Ô mainha, hoje, dia de Iansã, por você fiz caruru
Na procissão, ah, o seu nome tremulava no andor
Aos pés da dona das tempestades sob céu azul
E agora, você vem ou não vem? Eparrei! Atô Tô...

Sabe, eu estou no mercado de Santa Bárbara
Cada negona retada, mas, o meu pensamento
Está ai com você no frenesi que em mim desaba
Dos beijos sonhados no que sou o seu alimento...

Sou seu e para lhe dar ciúmes fiz o poema “Solilóquio”
Você leu? E aí, doeu, foi? Você gosta! Venha, é onda.
O povo comenta que fui abandonado, é fora de foco,
Faça fé! Enrolei lá eles, tá vendo? Por você beijo a lona.

Vem mainha, meu amor, minha sede, minha fome,
O seu corpo arrastará todas as estrelas dos céus...
Divina do poeta, o fogo do seu amor me consome
As chamas, vaidade da sua carne nua, glória ao léu...

Eparrei Iansã! Moça, morrerei no mel dos seus beijos
Cavalgarei na sua lua crescente, vênus é sua marca
O ápice, cravo e alfazema se misturando em desejos
Nas delicias, você gritará não me mata, não me mata...

O seu nego aqui tá todo porreta na boca de espera
Tá piripicado, farei mil e um agrados, vá imaginando
É bom, né? Você toda entregue, sim sei... uma fera
Você não é cobra, é? E por que quer vir rastejando?

Aimôpai! Essa criatura rastejando não vai ser fácil,
Você vem, é fia? Me ajudem ai, o que faço? Kkkkk

ZéCorró

sexta-feira, dezembro 04, 2009

SOLILÓQUIO

Solilóquio

Nada mais.

... O silêncio é teu!
Mas, ainda sobre a cama,
está aquele lençol de seda
ecoando os nossos gemidos
daquelas noites sodomitas
em que perdíamos os sentidos...

Naquela penteadeira,
ainda reflete por aquele espelho
os teus lábios pagãos de batom cereja
em que me lambuzavam de desejos...

Ainda pela mesa,
enfeitando as noites
em jarras chinesas
aquelas flores...

Pelo quarto,
aquelas tuas juras,
ainda impregnadas
nas paredes, agora,
por teu desejo, amareladas...

Pelo chão, está,
aquela taça de vinho
em que traçavas o destino
e, naquela vitrola
ainda toca, à meia luz,
aqueles nossos blues...

Por aquela porta,
ainda, entreaberta...
A paixão solda,
o que a nuvem tosa!

Entre nós, a vida...
Uma peça de teatro
encenada por Hidra
naquela pequena coxia.

Nos hiatos, um solilóquio
de Hércules no sétimo ato...

ZéCorró

terça-feira, dezembro 01, 2009

PRELÚDIO

Prelúdio

Há de se exprimir esse derramamento total de amor
Letras por letras, letras vivas que a boca nunca te diz!
Eu sei que o mesmo coração que molha a pena, escreve,
Expressa nesses versos o desejo, o instinto da paixão...

Mas, o amor, o amor faz medo! A confissão espanca, arde,
Sangra impotente e dá nó, morre presa na minha garganta.
Enfolho, então, o grito abafado, o meu pensamento ferve
Um vulcão sentimental, incandescente e lava reticente...

É, o coração traspassado na paixão fala e fala nos versos
Na mente, a ânsia do amor, escorre em retalhos de papel!
-Guardo, entretanto, nos meus olhos os desejos imersos...

Os debruns das palavras tornam-se um turbilhão
A flor, o canto, o olor e o céu de quem escreve!
-Diga aí coração com seis cordas de paixão...

O Sibarita