terça-feira, outubro 23, 2012

MANDACARU

 
Mandacaru
 
As palavras são retóricas gestuais do coração agonia
Fragmentos paralelos, minutos contidos em acender
O tempo matemático do amor, poliedro, face, avaria,
E, em nós, principio e fim enviesado no transcender...
 
Mas, o amor se veste do gibão de couro e aboiando
O canto da seca, sertão do coração pela sede e fome
Espera que qualquer chuva de ti banhe alimentando.
A vontade segue, dobra no fim do teu olhar e some...
 
Ao telescópio dos meus olhos à parabólica dos astros
Captando suspiros sitiados na elocução das incertezas,
Partitura do canto, distância e deserto, infinitos castos,
Análogos, sumidouros de amor posto e paixão acesa...
 
 O tempo engole os dias sob os espinhos, amor trincado,
Rachado pelo sol escaldante do silêncio deita-se na rede,
Evapora, se apaga, parte a procura dos ventos soprados
E alimenta-se de cactos para sobreviver à fome e sede...
 
 O açude do teu seio transborda água perene em rio seco,
Pela estiagem dos desejos, voo de pássaro preto no azul.
Fome e sede, agora, são outra sede e fome, eu me perco
No teu coração estorvado na linguagem do mandacaru...
 
O Sibarita

 
Se ligue na Humaitá Web Rádio!

13 comentários:

Lúcia Laborda disse...

Siba ler seu lindo poema ao som de Perfume de Gardênia, que toca na Humaitá, nossa que delícia, viu?
Siba leio entre versos as inquietações e incertezas desse amor, ausências em noites de desejos... o que falta a dar esse passo?
Lindo Siba!
Beijos

Paula Barros disse...

Belíssima construção poética.
Aplausos, aplausos...
Frases que me impactaram. Um conjunto que impressiona.
beijo

Naty Araújo disse...

Adorei as trocas de comparações.
Mandacaru realmente é de se admirar. Mesmo na sequidão, ele ainda resiste a tudo.

Adorei essa coisa de transbordar água em rio seco, essa troca de metáforas, realidades e doçura.

Li tua poesia com a música "Mandacaru" na cabeça.

Adorável. Encantador.
Obrigada por tuas visitas.
Achei que já estava seguindo seu blog, mas vi que não. Aproveitei para seguir.

Um abraço

mARa disse...

Aimôpai! ô lindeza e tristeza, rima que espinha, faz cicatriz na pele, dói na alma.

Sempre bom viajar nesses versos.

bjao!

Lucinha disse...

Bom dia meu amigo Siba... afff tô escutando "Ultimo Desejo - Chico Buarque" na rádio Humaita... mas fio que linda poesia! já tive momentos (anos e anos) vestida do gibão de couro,e acredito que alguns momentos ainda me utilizo dele..rs... Menino poeta te doro viu...um super lindo final de semana.. bjos mil em seu coração. agora toca..spie eu cantandooo... era só isso que queria da vidaaa...
uma cerveja,uma ilusão atrevida
que me dissesse,uma verdade chinesa
com uma intenção,de um beijo doce na boca.....Senta, se acomoda
a vontade, tá em casa,toma um copo, dá um tempo,que a tristeza vai passar...Deixa, prá amanhã tem muito tempo O que vale é o sentimento e o amor que a gente
Tem no oraçãoooooooooooooooo...hihi nem desafinei kkkkkkkkk bjussss fuiiiii

Vanuza Pantaleão disse...

Siba, meu anjo!
Me mande uns acarejesinhos pra cá, pode ser? Pastel é bom, mas não é comida de nordestino, não. Oxente!
Por três dias estive em Salvador e me fartei nas sagradas escadarias do Bomfim, nos tabuleiros daquelas lindas baianinhas, todas de branquinho. Já decidi, vou contar essa breve aventura no próximo post. Não sei se lhe agradará, mas vou tentar.

"Mandacaru quando fulora na seca é um siná que a chuva chega no sertão..." (tem filme comemorativo aos 100 anos do Gonzagão na praça, sabia?)

Eletrizante esse seu super poema, meu amigo. Senti, no decorrer da leitura, um certo quê do nosso João Cabral de Mello Neto, mas a sua capacidade lírica é tão sua, tão própria que foi apenas uma involuntária comparação. Enquanto João Cabral falava na educação pela pedra, você nos faz sub-entender o rio de amor que jorra sob a camada espinhosa de um mandacaru em flor.
Sei mais o que dizer não, amigo. Só sei que amei e adorei!!!

Uma beleza de fim de semana aí pra você e muito, muito obrigada pela sua presença nos nossos cantinhos "empastelados", rsrs!Beijinhos mil!!!!

Vanuza Pantaleão disse...

Não resisti e reli:
"O açude do teu seio transborda água perene em rio seco..."

Vá escrever bonito assim lá na (e só podia ser)...Bahia!!!!

Anónimo disse...

Oi Siba,

Tudo bem?
Que significa, por favor, Manducaru (acho que não me enganei no nome...!!!)
Bela construção poética, meio matemática, própria de engenheiro, meio lírica e sensual.
Desejos que bebem, mesmo na hipotética secura do corpo da amada.

Obrigada por seu comentário. Bem, quem escreve, a Luz, já sabia que o "cara" do poema era casado, porque ele próprio o revelou. Estado civil, não afasta amor, porque o coração não entende dessas coisas, dessas burocracias sociais.

Bom final de semana.
Luz

Evanir disse...

Estou um pouco ausente ,mais nunca esqueço minhas lindas amizades.
Confesso não consigo ficar ausente
nos últimos anos são vcs ,
que tem me dado animo para continuar.
um feliz Domingo beijos,Evanir.

Bandys disse...

Manda,caru
Flor de mandacaru pra mim
Que é pra botar no xaxim
Em cima da televisão

Manda, caru
Uma flor dessa do sertão
Uma flor de cardo
Pra alegrar meu coração


Manda pra ca tuas poesias que agente fica apaixonada de te lê.


Siba, meu fio assim tu mata a mamae.

beijos

Anónimo disse...

Oi Siba,

Afinal, me enganei. O correto é "mandacaru", que agora, e graças á sua explicação bem perfeita e pormenorizada, já sei o que é.
Obrigada, querido amigo.

Boa semana.

Abraço

Ângela disse...

Versos lindos, adorei por aqui.
Bjs

DESBRAVADORES DE LIVROS disse...

O mandacaru engole desafios, dos mais sórdidos. O tempo.
O tempo nos engole com espinhos e somos engolidos por ele.

Fascinante tua obra. Sibarita.

M&N