Sim, sei... tudo agora explode e amanhã explode Evoé, venha! Ai meu Jesus! Eu tô que tô faminto Soldei abstrato e concreto investindo nessa ode, Fuzilei o tédio, soltei a vida, incendiei o instinto...
É sim! No corpo daquela moça os desejos dançam, No teu vestido justo as curvas soberbas, sonhadas Afloram inseridas na paisagem que tão me alcança Ah, é... O sexo explode! Clareia a lua toda enfiada...
Tomba a noite, desmaiam as estrelas sobre a cama, Ô mainha, no abstrato, o vazio do leito não faz céu A ternura do fogo sustentado não move as chamas E, sem mover-se, ó Deus! A pura chama arde ao léu...
Nos lençóis percutindo a mão da noite desfolhando Palavras concretas. No teu corpo, coloquiais desvãos Ao teu ventre descoberto num céu côncavo, cifrando Desejos. Por gozos, rogo que me ouças em confissão...
Minha estratégia Fia É que um dia qualquer Sem nenhum pretexto Sem eu se quer esperar Por fim tu careças de mim, De joelhos vou te escutar E alojar-me dentro de ti!
Valha-me Senhor do Bonfim Coloquei meu barco no mar Nesse oceano sem fim... Arribado, no seu mastro Vai uma bandeira enorme Tremulando os olhos da Bela Dona, Na popa, um container carregado De saudades em gotas de mel Dos teus beijos molhados Na cor do pecado...
De dia, na proa, um sol Dependurado no azul Bronzeia o teu corpo nu. À noite no estibordo estrelas piscam E a bombordo luas se arriscam, se jogam Á flor d’água a procura de ti...
Esse barco não tem rotas, Só nuvens, celestes panos desdobrados, Acenam-me no desfiar das horas... O abismo, o caos, os dias tombados E as noites sobre noites Totais, íntimas noites do princípio, Pesadas noites, e cegas nos seus eixos Seguem nos seus ritos...
Bela Dona, firme no leme, Nas cores vespertinas Lavo a saudade que geme E me perturba o coração, Padeço de crepúsculos O que me confere a solidão...
Singro nas gotas de orvalhos, Faço dos horizontes o teu cais, Aporto madrugadas, detalho Os dias no céu que se desfaz...
Qual mar te evocou Bela Dona do amor?
Pelos teus olhos, tu vens Empurrada pelos temporais Nos aís dos céus inocentes!
Mando notícias minhas nessas ausências das palavras Que o amor, as estrelas e as luas aclaram sem agonias Por dentro e pelo avesso na seiva da essência renovada Dos mundos convergidos e constelados aos meus dias...
No céu afetuoso estou de volta ao tempo sem tempo, Sintonizo o azul do infinito na luz que a noite suspira Quando a última estrela se apaga desse meu silêncio E no compêndio dos dias o sol tríplice soluça, delira...
Tudo me nutre, me constrói, me esclarece e traduz Por decreto divino o meu pensamento transladado Germina a bondade e a caridade encoberto de luz No que gera, redime e lumeia do trigo já semeado...
É luz trazendo as bem aventuranças pelos caminhos Por onde eu movo os passos tão longes, aqui e além. Sondo o oráculo, a lua filtra a solidão do pergaminho Mas, não se aflijam. O espírito em diagonal é zen...
No celestial santuário das adjacências do universo Situando as órbitas da lua emersa no seu crescente Então, confiro a minha própria identidade no reverso Ao ser espírita adjetivo, reflexo, o céu confidente...
Tudo vem de Allan Kardec, vem do livro dos espíritos São perguntas e respostas cavalgando reencarnações. O belo da alma, a fé raciocinada na lei do livre arbítrio Em conformidade à seara do Mestre Jesus no coração...
No exílio tão aplacado, mantenho das palavras o báculo, Com lucidez vigilante procuro o eco elíptico, em verdade Entre, formas e idéias, cor e som eu sinto nos vocábulos À sombra da lira o sol arisco galopando a claridade...