quarta-feira, setembro 26, 2012

CARURU DE SÃO COSME E SÃO DAMIÃO


Agnes Mariano 

A festa é caseira, mas farta. Todos os anos, no mês de setembro, ela acontece em milhares de lares baianos. Difícil imaginar uma mais sincrética. O “Caruru de São Cosme e São Damião” homenageia os santos gêmeos da igreja católica, os Ibêjis do candomblé e também as crianças. Tudo precisa ser feito no mesmo dia: caruru, xinxim de galinha, vatapá, arroz, milho branco, feijão fradinho, feijão preto, farofa, acarajé, abará, banana-da-terra frita e os roletes de cana. A dimensão da oferenda é medida pela quantidade de quiabos do caruru. Cada um faz como pode: mil, três mil ou até 10 mil quiabos. Quando a comida fica pronta, coloca-se uma pequena porção nas vasilhas de barro aos pés das imagens dos santos, ao lado das velas, balas e água. Depois, serve-se o caruru a sete meninos com, no máximo, 7 anos cada. Eles comem juntos, com as mãos, numa grande gamela de barro ou bacia. Só então é a vez dos convidados participarem da celebração.

A história da devoção a São Cosme e São Damião é antiga e atravessam continentes. Na Bahia, a fé nos santos irmãos ganhou importância principalmente pelo sincretismo com Ibeji, o orixá duplo dos nagôs, que representa os gêmeos. A mistura foi tão completa que ultrapassou a fronteira das religiões e classes: católicos e adeptos do candomblé, ricos e pobres oferecem a mesma comida sacrificial do candomblé às imagens dos santos cristãos. E mais, chega-se a fabricar imagens dos santos que incorporam uma terceira figura – Doú – uma corruptela de “idowu”, o nome dado, numa família nagô, àquele que nasce depois de um par de gêmeos. “Sempre tidos como muito traquinas, os idou deram origem ao ditado nagô: Exu lehin Ibeji – Exu vem depois dos Ibeji”, explica o antropólogo Vivaldo da Costa Lima, em seu texto “Cosme e Damião no Brasil e na África”.

Quem assume a devoção aos santos e a obrigação de oferecer o caruru todos os anos, geralmente tem um bom motivo. Há 25 anos, no mês de setembro, Joselita Bulhões deu à luz a um dos seus filhos. Muitos moradores de Muritiba já estavam envolvidos com as festividades para os santos, que incluía caruru e foguetes. A criança, que tinha nascido com problemas respiratórios e peso excessivo – seis quilos -, por ter engolido o líquido da placenta, foi imediatamente para o médico. À noite, quando tinha retornado para casa, já à salvo da primeira dificuldade que enfrentou no mundo, o bebê novamente correu risco de vida. O vizinho da casa em frente resolveu soltar foguetes para homenagear os santos. O primeiro deles quebrou uma telha da casa de Joselita e caiu sobre o travesseiro onde o bebê dormia a poucos centímetros do seu rosto. Interpretando esses acontecimentos como provas da intervenção dos santos irmãos, Joselita decidiu oferecer, todos os anos, o caruru em homenagem a eles. Hoje adulto, o seu filho, que também se tornou médico, como Cosme e Damião, faz questão de colaborar para manter a tradição.

Na família do Mestre Curió, da capoeira Angola, a tradição do caruru vem dos antepassados. “Começou com meu bisavô, passou pra meu avô e depois pra meu pai, que parou porque entrou para a lei de crente”. Além da vontade de prosseguir com a tradição familiar, Mestre Curió decidiu “tomar essa responsabilidade” por uma impressionante coincidência na sua vida: “Sou gêmeo, minha mulher é gêmea, tenho um casal de gêmeos e minha mãe era gêmea”. O caruru, que ele oferece em janeiro – mês do seu aniversário e do seu grupo de capoeira – acontece em três etapas. A primeira é na academia Mestre Pastinha, com três mil quiabos. A segunda, na academia dos Irmãos Gêmeos – para os sete meninos, alunos e convidados. E, depois, em sua própria casa.

 Oferenda, sacrifício e obrigação. 

Os santos são católicos, mas a forma de homenageá-los é africana. Segundo o antropólogo Vivaldo da Costa Lima, “os iorubás, em suas várias etnias, entendem o sacrifício, o ebó, como a forma essencial da sua comunicação com os orixás”. O caruru – dos Ibeji ou de São Cosme e São Damião “seria, então, mais do que uma oferenda, mas um sacrifício: o que na Bahia, o povo-de-santo chama de ‘obrigação’, que tem um preço e custa dinheiro. É como se desfazer de algo muito valioso”. Joselita Bulhões conta que, nesses 25 anos, pensou algumas vezes que não fosse fazer o caruru, por causa de problemas financeiros, mas sempre conseguiu manter a promessa. “Pra mim, eles são santos vivos: o que você pedir, eles atendem. Uma vez, a situação estava tão difícil, que eu fiz uma prece bem forte. Na mesma hora, meu marido entrou. Tinha conseguido um dinheiro, nós mudamos de casa e eu fiz o caruru”, conta ela, que tem um pequeno oratório para os santos na lavanderia de sua casa. Hoje em dia, oferece anualmente um caruru completo e farto, com mais de dois mil quiabos escolhidos cuidadosamente na Feira de São Joaquim. 

 Nas últimas décadas, tem sido feita frequentemente uma associação entre os santos católicos e os erês, que é um estado infantilizado do transe no candomblé. Por isso, inclui-se a distribuição de balas, doces e refrigerantes nas homenagens aos santos, especialmente no Rio de Janeiro. Mas são poucas as casas de candomblé que fazem obrigações para os Ibeji, geralmente discretas e não necessariamente em setembro. Outro detalhe é que não se tem notícias de filhos-de-santo de Ibeji na Bahia.
Ibeji 

Coisas da Bahia 

Todos os dias, antes das 6h, quando acontece a primeira missa na Igreja de São Cosme e São Damião, no bairro da Liberdade, já é possível encontrar pessoas na porta. Pequena, simples, mas visitada durante o ano inteiro, a igreja precisa conviver cotidianamente com o sincretismo que caracteriza a devoção a esses santos. “Só na Bahia existem essas imagens com Doú. Quando as pessoas as trazem, nós explicamos que não podemos benzer e elas trocam as imagens”, explica o padre Ciro. Com muitos fiéis também em outros países, o padre lembra que existem igrejas para São Cosme e São Damião em Roma e no Rio de Janeiro, e que existe uma missa própria para eles na liturgia católica. O dia reservado para os santos é 27 de setembro.

Para os católicos, não há provas de que os santos fossem gêmeos. Conta-se que eles eram irmãos, nascidos na Arábia e filhos de uma viúva. Formados em medicina, na Síria, além das curas realizadas, pregavam o cristianismo. Por estarem convertendo muitas pessoas e também por trabalharem gratuitamente, foram perseguidos e condenados pelo tribunal de Lísias. Sofreram muitas torturas, às quais sobreviveram, até que, em 303, foram decapitados. “Eles são santos muito carismáticos, porque defendiam os humildes, curavam as doenças físicas, sem nunca terem cobrado um centavo. Curavam, também, as doenças da alma”, comenta o padre Ciro, explicando a legião de devotos que os santos conquistaram nos últimos séculos.

 Vitalino dos Santos, 67 anos, que trabalha na Paróquia de São Cosme e São Damião desde 1957, já viu muitas formas de manifestação de fé. “As pessoas trazem velas para acender e imagens para ficar na igreja”. Para ele, seja no caso de São Cosme e São Damião ou qualquer outro santo, o mais importante é o exemplo que deixaram: “Os santos foram pessoas como nós, que enfrentaram muitas dificuldades, mas com força e coragem”.

Comida de sexta-feira 

Seja por motivos religiosos, gustativos ou nutricionais, o caruru é um prato sempre presente na mesa baiana. Já é uma tradição: na sexta-feira, a maioria dos restaurantes da cidade inclui o prato no cardápio. Em setembro, por causa do caruru religioso, os comerciantes aproveitam para subir os preços dos produtos, porque têm a certeza de que as vendas irão aumentar. 

Na Feira de São Joaquim, onde a maioria dos devotos se abastece, o preço do quiabo varia a cada dia de setembro. Segundo o feirante conhecido por Toinho, as vendas já foram bem melhores. “Agora todo mundo é crente, pouca gente dá caruru. Antes, numa rua qualquer mais de 10 casas dava caruru”, afirma ele, sem negar que o aumento das vendas ainda acontece. “Se normalmente eu vendo quatro sacos por mês, em setembro, são oito ou 10 sacos de quiabo”, sintetiza o feirante José Paes.
Sobre os preços, a feirante Maria Lúcia Falcão explica: “Ontem, o cento estava por R$2,00. Hoje está por R$1,50, porque entrou mais quiabo. Depois do dia 10, vai para R$2,50 ou R$3,00”. 

Alguns usam só quiabo, cebola, sal, camarão e azeite de dendê. Outros acrescentam castanha, amendoim, pimentão e tomate. Segundo a nutricionista Joseni França, o caruru é mesmo um prato muito rico: “O quiabo tem muito ferro, mas um tipo de ferro que para ser melhor assimilado precisa ser combinado com fontes de vitamina C, como limão, tomate, pimentão. O dendê tem o betacaroteno, que o nosso corpo transforma em vitamina A, boa para a pele e para os olhos. Já com as castanhas e o amendoim, o prato ganha em proteínas e uma forma saudável de gordura”.

CURIOSIDADES

Mas por que caruru para sete meninos? Segundo a peculiar tradição afro-luso-baiana, existiam sete irmãos: Cosme, Damião, Doú, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi, conta Odorico Tavares, em seu livro “Bahia – Imagens da terra e do povo”. - A fertilidade das iorubás, que tem inclusive motivado pesquisas médicas, provavelmente é um dos motivos da importância dos santos e orixás irmãos. A Nigéria, inclusive, é o país com o maior índice de nascimento de gêmeos no mundo inteiro. - No modo africano de homenagear os Ibeji e também outros orixás, o pedido de esmola para a preparação da comida é um ponto fundamental. A mesma tradição já existiu na Bahia, mas foi abandonada pela maioria das pessoas. Entretanto, ainda é possível encontrar quem mantenha esse costume, inclusive fora da Bahia. - Existem várias recomendações para quem faz o caruru, que cada um escolhe obedecer ou adaptar. Quem oferece o caruru deve cortar o primeiro quiabo e, depois de pronto, colocar a comida aos pés dos santos em vasilhas novas e fazer um pedido. A galinha do xinxim não pode ser comprada morta. Durante a festa não deve ser servida bebida alcoólica. E quem encontrar no prato um quiabo inteiro deve oferecer um caruru no próximo ano.

Sugestões de leitura

 LIMA, Vivaldo da Costa. Cosme e Damião: o culto aos santos gêmeos no Brasil e na África. Salvador: Corrupio, 2005. ____. Oferendas e sacrifícios: uma abordagem antropológica. In:

FORMIGLI, Ana Lúcia (Org). Parque Metropolitano de Pirajá: história, natureza e cultura. Salvador: Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu/Editora do Parque, 1998, p. 57-65. 

TAVARES, Odorico. Bahia: imagens da terra e do povo. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1951.

 O Sibarita

sexta-feira, setembro 21, 2012

ORDINÁRIA

Ordinária
 
Ô ordinária, Crendeuspai! Cadê você? Não vem não, é?
Acabei de jogar os búzios... Ah, você vem sim na avidez,
Na mangaba, cheia de nove horas, virá todinha a migué,
Sugarei a essência, o fogo na singularidade da sua nudez...
 
Ô Fia, ando mesmo avexado e se demora fico na gastura
Tá de calundu? Deixe de frescura, viu? É... O amor incide
E você nem tchum! Ó, não entende os toques da secura
Para lhe afogar no mar de cobiças, oi que bom? Se ligue!
 
Você está presa nas entranhas dos meus pensamentos
Deixa estar, entrego-me aos seus caprichos e carinhos,
Ô delicia! Neguinha, vem vadiar por fora e por dentro,
Valha-me Deus!  Reconhece-me? Sou eu, o seu Painho!
  
Nos avessos dos avessos dessas peripécias do prazer
Meu dengo, flor desabrochada, eu faço um carnaval
Nas estripulias e fantasias das luas carentes em você
Ô mãe, corro doido, enlouqueço, viu? Sou todo carnal!
  
Dengosa, esse tangolomango é seu, foi escrito de joelhos 
Vixe... Fiz promessas, ajoelhei, tive que rezar, oi que sarro?
Sei, tá rindo, é? Nos reflexos dos meus espelhos lhe vejo
Xiii...  Oi, cuidado com o andor que o santo é de barro! (kkk)
 
O Sibarita
 
 

 TRADUÇÃO DO BAIANÊS

Crendeuspai  – Creio em Deus Pai.
Ordinária (o) – Na Bahia essa palavra não é usada de modo pejorativo (ruim, medíocre, sem caráter...) ela é empregada para dar ênfase a alguém que é retada (o) danada (o).
Na mangaba – Na facilidade.
Cheia (o) de nove horas – Cheia (o) de conversa, de enrolação.
A migué – À vontade, sem compromisso.
Fia (o)– Carinhosamente chamando uma mulher ou homem.
Avexado – Apressado.
Gastura – Nervoso, agoniado.
Calundu – Zangada (o), aborrecida (a).
Frescura – Infantilidade.
Nem tchum – Não ligar, não quer saber.
Na secura – Sem fazer amor há muito tempo. 
Oi que bom – Que felicidade.
Se ligue – Fique atento(a), por dentro do que está ocorrendo.
Ô delicia – Gostoso.
Neguinha – Chamando uma mulher no carinho.
Vadiar – Fazer amor.
Por fora e por dentro – Namorar normal (por fora) Praticar o tão sexual, penetrar (Por dentro)
Valha-me Deus – Implorando, pedindo socorro a Deus. Na Bahia é usual nas conversas os nomes: Deus, Jesus, Senhor do Bonfim, Nossa Senhora e outros santos  no dia a dia, não é blasfêmia é pedido mesmo.   
Painho - Como a mulher chama seu homem, seu amor principalmente na cama.
Meu dengo – Meu amor.
Flor desabrochada – Mulher depois dos 30 anos.
Faço um carnaval – Brinco, faço e aconteço no amor, no sexo.
Estripulias – Fazer muitas coisas fora do comum.
Ô mãe – Carinhosamente chamando a mulher, a namorada.
Carnal - Só pensa na carne, no sexo.
Dengosa – Mulher muito bem tratada e ainda acha pouco.
Tangolomango - Confusão.
 Sarro – Gozação.
Cuidado com o andor que o santo é de barro – Tenha cuidado com o que diz, com o que faz, com o que vê.
 

segunda-feira, setembro 17, 2012

E C L I P S E

Eclipse

Entre silêncio, torres de desejos, o vazio me inclina
Aos infaustos eclipses do amor na origem e rumo.
Dissonâncias de ti, que em mim, a estação declina
O sol iluminando pelo facho opaco do teu resumo...

Silenciosas sombras frias de Selene na tua estrada,
Fatos consumados há de se separar o joio do trigo.
Toda paixão derramada que um dia me fostes fada
Por vocação e lucidez. O teu seio, desfez o abrigo...

Flores na lividez no tudo aquilo que tu camuflaste,
Todo esse silêncio em que vivemos quem vai pagar?
Pelo não ou sim, deixais que o tempo vá revelar-te,
Mesmo em ti na metamorfose, também, nasce luar...

Encontrei a tua alma nos corredores das ocasiões,
Sumidouro dos desejos circulando nos precipícios
Que austera sobre ti própria se curva nas intenções.
Mas sabe? Transo bem a mente, corpo e espírito...

Os sinais aflitos germinando dos teus sentimentos,
Palor das estrelas que tua alma refrata. Adequação
Que não distingue mais o luar e morre-se no alento.
Dizes-me: -Poeta do amor, fostes pela fria ilusão...

O Sibarita
 
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quinta-feira, setembro 13, 2012

E B Ó

Ebó

Heim mãe? Você não pediu? Eu estou é todo retado
Para encontrar essa chama que abrasa dentro de você
O que me faz viver tão assim, tá rebocado, piripicado
É do jeito que o seu nego gosta no tudo para lhe ter...

Mainha, sem você me desfaço, o feroz de mim se afasta
Em curvas e espirais, oh dias de lanças, céus de canivetes.
Na chama fria, seu coração corta, sangra o sol que nos ata
Sob a brisa que beija o seu rosto no que sou o seu tiete...

Nega, nos desejos convergidos, agora, é tome, tome
Se o seu olhar me seduz, em Jauá, um céu majestoso
Clama o seu nome nessas noites frias, todas insones,
No meu leito, torres de quereres, tudo é tão gostoso...

Minha Iaiá, seus lábios é luz das minhas madrugadas
Luzindo a aurora sonâmbula na procura dos suspiros
Explode o fogo, onde, o seu corpo em chamas retadas
No torpor e torpor se deitou aqui agorinha... Eu piro!

Viajo na maionese, água de sol e rosas, peço arrego
Boto prá lá, seu corpo, fronteira cheio de mandingas
Sob uma lua nigrinha seduz na artimanha o seu nego
Ò paí, ó! Toda flor um dia perde as pétalas mainha!

Levei seu nome aos terreiros da Bahia, fiz ebó, feitiço,
Atô tô! Decifro, bato os atabaques para lhe conquistar
No flerte, venha! Ando mesmo é no vício, no isso, atiço
Quem implora ao que se come não perde por esperar...

Viu aí meu Dengo? Tô na boca de espera, viu? kkkk

O Sibarita

Tradução do Baianês

Retado – Danado
Tá rebocado, piripicado – Tá certo, com certeza, afirmativo.
Nego – O homem é chamado aqui assim carinhosamente, meu amor, meu homem.
Mainha – Sensualmente chamando uma mulher.
Tiete – Paixão por algo.
Nega – A Mulher é chamada assim carinhosamente.
Tome, tome – É empregada no ato sexual.
Jauá – Lugarejo, praia no litoral Norte de Salvador, município de Camaçari/Ba.
Torres de quereres – Muitos desejos.
Minha Iaiá – Meu amor, meu bem.
Pirar – Ficar doido.
Viajar na maionese – Sonhar alto, alucinação.
Pedir Arrego – Pedir perdão.
Botar prá lá – Jogar duro, mandar vêr.
Mandingas – Feitiçarias.
Nigrinha – Piriguete, mulher da vida.
Ò paí, ò! - Olhe para isso, viu?
Terreiros – Casas de Candomblés, na Bahia são muitos, somos afros descendentes.
Fazer ebó ou feitiço – Trabalho com os Orixás no Candomblé para se ter alguém.
Atô tô – Saudação ao Orixá.
Atabaques – Tipo de instrumento usado no Candomblé, usados nos cânticos.
No vício – No desejo.
No isso – No agora.
Atiçar – Incitar, fazer fogo.
Meu Dengo – Meu amor.


segunda-feira, setembro 10, 2012

M U S A

Musa

Um dia
colocarei asas
e como colibri
flutuarei no espaço
bordejando por aí...

Penetrarei no teu quarto,
pousarei sobre o teu corpo desnudo
germinando-o de pólen e desejos.
Oh, sim... Sugarás dos meus lábios
todo néctar do amor nos meus beijos!

A noite se revelará sobre a tua cama!
E andará no frescor e na forma da libido
sob a penumbra do teu rosto escarlate
na doçura primitiva do teu sorriso...

Das minhas mãos recorrentes
correndo sobre o teu ventre
decifrarei os teus secretos labirintos.
Rocha e mar! E o amor nas tensões
das curvas delirantes do infinito...

Partirei, rirá a lua em fino bordado.
Depois nada... Um céu de cobre,
a minhas asas recolhidas ao alforje.
 
É... na embriaguez de uma canção banal,
a noite foge...

O Sibarita

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quarta-feira, setembro 05, 2012

ATALHOS

Atalhos

Meu Dengo, manda-me teu coração já degradado
Sorrindo entre espinhos por sentença ou preceito.
Contradição ambulante dos tempos e dias amados
Aos ventos do oceano largo ou do oceano estreito...

Em ti esse grande silêncio, esse perau, esse flagelo
Ao amor, um dia sim, um dia não, coxa de retalhos
Dependurada no varal corando sem sol é mistério
Colorindo noites frias do amor agonia nos atalhos...

Tu sabes, aos ângulos vivos dos ventos, o coração,
Ao tudo, ao nada, acende o amarelo do semáforo.
Céu legível, soneto metáfora sob a luz de solidão...

Apocalipse do coração insone nos versos relíquia,
Clássica arquitetura, planta erguida dos teus véus.
Mas, sabe meu bem? Por fim, tu és cruz e delicias...

O Sibarita