quarta-feira, abril 25, 2012

FOLHETIM

Folhetim

Tudo bem...
que esta poesia
se torne um folhetim
que ainda gostes de mim
e que na minha camisa
tenha manchas de batom
que não os teus!
E que o perfume impregnado
não seja o teu!
Tudo bem...
que te arrenegues dos beijos
e que não te negues os fatos...
Que faças
as tuas buscas
a procura de lábios
em rostos abstratos
de possíveis retratos!
Tudo bem...
que eu seja o teu fetiche
exorcize os teus demônios
que tu sejas os meus anjos,
que a paixão é inexorável
e tenha se tornado rumor
de beijos indecifráveis...

Só não queiras
guilhotinar minha alma
nesta tua cegueira
que ela tem belos gerânios
em horizontes estâncianos
com sede imensa de luzeiros
e dos teus beijos por inteiros!

Tudo bem...
que dista o alado do condor
mas, saiba que ainda me tens...

O Sibarita

sábado, abril 21, 2012

LÁ ELA...

Lá ela...

Donzela esvoaçante, toda boa de corpo
Fidalguia no falar e gingado maledicente.
Boa leitora dos desejos, cheia de escopo
E no jogo do vamos ver um olhar inocente...

Lá ela arrepiou, arisca, caiu no reggae
Renegou, entregou-se, no mundo caiu.
Aos passos largos a lua de perau segue
O mar das lágrimas do amor que aluiu...

Ômodeu! Toda tirada a porreta padeceu
Na distância: quimera, sombra, desígnio.
O luar nos olhos descambados escureceu
Todos os orvalhos na flor do teu vestígio...

Mas, ainda guarda no alforje a mocidade,
A feição fresca de outrora e a tinta arejada
Nos fios de cabelos dessa madura idade
Até que se converta em cinzas, em nada...

Orvalho seco no ar, lágrimas não as terá!
Os teus lábios de sal-gema com auguras,
Salobros sóis frios das auroras no beijar,
Lápide caiada de bílis e de armaguras...

E esse murmurar das palavras tão chãs,
Vestidas do medíocre oratório instigante
Dos magarefes de feiras ordinárias e vãs
Neste poema infame e chasco elegante...

Se rete não, viu? Perdoe-me pela sátira,
Mande-me notícias dos cegos arquejos
Que te envio lembranças dos uis e ais
Balbuciados no boca a boca dos beijos...

Aimôpai! (kkk)

O Sibarita

terça-feira, abril 17, 2012

O AMOR...

O Amor

O amor, sim o amor nasce fruto, rocha, perpétua.
Ao tempo árido, descompassa, satura o coração
Converte-se em feridas, lágrimas, põe a dor nua,
Na aridez dos silêncios vira chagas, convulsões...

O amor surge, brota na estiagem ao léu, indene.
Parido dos olhares fulminantes, germina indolor
Como cachoeira sinfônica correndo ao rio perene.
Ao fim, é adaga cortando o cerne deixando a dor...

O amor é artifício bélico na arte marcial de amar,
Estratégia do imo é lança chamas e alimentação.
Insaciável na fome e na sede é volúpia no gozar
Dos desejos, capturado, se entrega em confissão...

O amor corre a carne nos sussurros dos arcanos.
Ardente, vai da cobiça a luxúria dos gozos plenos
Cortejando céus, luas e sóis. Fogoso, fica insano,
Na essência do fogaréu se conflagra nos acenos...

O amor é tudo e mais aquilo: fogo carnal, saciedade
Acendendo a libido adormecida, vontades do íntimo,
Suspiros dos ais e uis: entregas, clímax, voracidade,
Infinito de céus e estrelas em melaços de flor e lírio...

O amor é pólen e mel, primavera dos apaixonados,
Dos suspiros ávidos e quentes, céus dos arquejos.
Réstia em espasmos abiscoita o apogeu nos afagos,
Bocas burilando as línguas se deliciam aos beijos...

O Amor de raio a raio todos os corações ilumina,
Cupido que é, as vezes, nasce banal e sem regar
É arsênico, veneno, murcha aos poucos, fulmina.
Indefeso, procura nos contravenenos se banhar...

Afinal, o que é mesmo o amor? Se não a estima
Elevando os sentimentos galanteados e viçosos.
Quase todo amor nasce de lutas recentes, findas
É soldado conhecedor de cada canto, belicoso...

O amor é cheio de truques põe na mesa as cartas,
Bom jogador que é, tem mil um ardis nas mangas.
Fogo essencial e ardente do desejo o olhar delata
Mas, ao menor desafio da era: descamba, sangra...

O amor é mágico, na cartola a varinha de condão,
Ilusionista transforma tristezas e lágrimas em flor.
Carente, faz estripulias nos trapézios do coração
Acrobata, renuncia ou então, o amor não é amor...

O amor é concubina nos esconderijos das cobiças
Por vezes se apresenta de burka, o amor é amor?
É despenhadeiro colateral em mar de lama e atiça
Aos breus. Enfim, o que é o amor? Dizes tu leitor...

O Sibarita

sábado, abril 14, 2012

LUA DE TÂMARA

Lua de Tâmara

Apruma-se o tempo no coloquial da idade.
Para ti que, afinal, me tornei teu converso.
Mando-te buquês de rosas, lírios, afinidade
E charmes em cada manhã do teu universo...

Do amor as tuas pálpebras se embalam
É que ao sussurrar das horas nesta data
Ouvirás o canto destes versos que falam
De ti, flor de Tâmara, como uma sonata...

E um sol de Jauá tal e qual pincel em tela fina
Beijar-te-á o rosto louvando o teu aniversário.
Anjo de primores, mulher celeste, ah! Divina
Quem poderá ver-te sem querer beijar-te?

Nos teus olhos o brilho de todos os astros,
O sabor de tâmara na tua boca umedecida,
Fruto afrodisíaco dos teus lábios tão castos
Sob a linha do céu numa luz suave refletida...

Sim, espelho dos teus filhos, signo de Áries
Tâmara, flor das madonas, o dia revelando
A nova idade num tango em Buenos Ayres
Com a lua na tua janela, navegando, luando...

O Sibarita

segunda-feira, abril 09, 2012

PENITÊNCIA

Penitência

Ai Deus! Hoje, agora, retorno purificado.
Depois de quarenta dias de abstinência,
Ressurjo na via sacra, desejos enjaulados.
-Reféns dos gozos em plena penitência...

Evoé! Faminto, atiro-me de volta ao mundano
Naqueles sóis de girassóis abertos na fartura
Sob o bel-prazer na vidraça dos dias profanos.
-O sexo explode, gemem as deusas nas alturas.

Sei, há um fogo que dança nas chamas
Das donas moças na explosão do sexo...
Eu estou livre, leve e solto. A fila anda!
-Na flor das moças o melaço dos nexos...

Jorrando no púbis da relva oxigenada vencida.
Quero a delícia da lua, quero o encanto do céu
Das donzelas noturnas seguindo a vida na lida.
-No silêncio da Cruz, os uis e ais ressoam ao léu...

Tudo desabrocha nos suspiros, em desejos, decolo.
Eu não sou dono de mim e afim, não há o que resistir,
Entrego-me as piriguetes. Ai! Deito, rolo e embolo.
-Nas grutas púrpuras os gozos, assim, bem assim...

Valha-me Deus!
Uma lua em meio à quaresma ora por mim...

O Sibarita

quarta-feira, abril 04, 2012

SAUDADE

 Saudade 

 Saudade, formai o vento entre meus suspiros,
Lançai ao mar a vela da paixão ao amanhecer. 
Sob as manhãs, navegai coração sem vos deter, 
Rompeis os dias de sol em auroras de delírios... 

No mar de sonhos padeço na vossa distância, 
Vinde vós minha saudade ao meu pensamento 
As mãos da noite vos desfolhará, brisa e alento 
Tudo se cala e a lua branqueia na constância...

Seguindo vosso sinal o rastro segue ao vento, 
É. Já, meu bem, já me parece lá dos desvãos, 
A luz do amor, insônia do soneto e do coração... 

Discreta formosura, saudade é o nosso tormento, 
Converto-vos em flor no bálsamo das noites frias,
Dissonância das vontades ao sol dos nossos dias...

O Sibarita