terça-feira, janeiro 27, 2015

ARAGEM

Aragem

Quando germinar o sol no mar dos teus olhos,
A brisa será conforme o escrito nesses versos.
Onde, a pele da paixão navega pelos abrolhos,
Decifra o verbo amor e o código dos adversos...

Porque os dias desencarnam do tempo espesso
E o fogo e o desejo miram-se aos teus espelhos.
No que o teu amor acaba a distância e o deserto,
A paixão apaga o facho da solidão por inteiro...

Anunciando o reino do bem querer, na claridade,
Louvemos o amor, o amor ungido ao luar do céu.
Derramas de desejos, aroma atiçado de vontades
Sensuais e gozos, loucuras intensamente ao léu...

Libertemos, então, o encarcerado e o carcomido,
Que caiam as flores do céu nos delíquios de nós!
As tardes primaveris sob nossos olhares retidos
Rugem pretensões, quereres ao brilho dos sóis...

Cercam-nos desejo e prazer, o divino esplêndido
Foliando dentro de corpos alucinados na emoção.
Oceanos de fogo afogando nosso leito no incêndio
Do que somos chamas: encanto, delícia, sedução...

O Sibarita

VERÃO HUMAITÁ, A BOA MÚSICA!
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quinta-feira, janeiro 22, 2015

MEIA NOITE, JAUÁ!


Mergulhar em Jauá é porreta, veja o vídeo!

Meia noite, Jauá!

Meia noite. Jauá! Ai meu Deus! Eu, ela e a lua.
Os lábios contra os lábios na fome dos desejos
A0 estremecer dos corpos na escuridão da rua.
Mãos sutis correm refém na delicia dos beijos!

Evoé! Os verdes olhos dela são duas esmeraldas
Acendendo a noite em lampejos dos ais e dos uis.
É o amor venal, esplendor de Jauá e suas baldas
Vestido de gozos com franjas do luar nos azuis!

O seu corpo é fruto. Eu sorvo, eu como, bem digo
Sob essa lua nos lençóis de perfume do meu corpo.
Sereia! Vem na volúpia de mais uma noite comigo,
Para minha psiquê só mesmo sua plástica e escopo.

Entre. Dispa-se. E nua, no encanto, sem cerimônia,
Moça, mata-me em suas fantasias e anseios sem fim.
Vem de chofre, pulcra, lassa, irreal, serena, demônia,
Como o diabo gosta nisso/naquilo, assim, bem assim...

Ôpai! Seus seios, a cintura, as ancas na dança do amor,
Toda deusa e se entrega na volúpia dos desejos ditosos.
Explode tudo no leito e corpos entretidos é luar em flor
Solvendo néctar de unha a unha na derrama dos gozos...

O Sibarita

Verão Humaitá numa nice!

domingo, janeiro 18, 2015

VERÃO JAUÁ


A Praia de Jauá fica em Camaçari/Bahia, litoral norte de Salvador, 15 minutos após o aeroporto Dois de Julho. Praia e dunas aprazíveis, curta o vídeo viajando pela praia de Jauá. Esta poesia é sobre a bela Jauá onde temos casa há muitos anos e nos dá inspiração para escrever. Pare a rádio ao lado.

Verão Jauá

O mar, uma concha ora verde, ora azul... Espelha
Os intensos corais de todos os tons, cores e gamas.
No ponto de junção, o sol – molusco em chamas –
Desenrola as velas no anil de Incendiada centelha...

No crepúsculo vespertino a lua insidiosa e enorme
Sai nos arabescos de Jauá. O fulgor do dia se apaga
E em sombras o olhar do sol bóia de vaga em vaga,
Recolhendo suas velas, fecha o seu brilho e dorme.

Cândidas andorinhas planam, cintilam sobre sereias
Estendidas nos corais suaves das branquinhas areias
Ao pôr-do-sol, de pêssego, de romã e de lua lasciva.

À noite a brisa sopra e os desejos correm nas veias
Fulgurando o amor perolado sobre camas alheias
Quando a lua passional orvalha bocas ressequidas.

O Sibarita

Verão Humaitá, só músicas das boas para você curtir!
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quinta-feira, janeiro 15, 2015

GLÓRIA A TI!

Caro leitor, assista ao vídeo do Hino do Senhor do Bonfim. Muito Bonito!
Desligue a Humaitá ao lado.

Glória a Ti

Glória a ti neste dia de glória, eu canto Epá Babá!
Coloquei meus patuás, meus colares de Oxaguiã
Comigo a fé no Senhor do Bonfim e no Pai Oxalá
Em verdade, levo também o Opaxorô de Oxalufã...

O sol, touro indômito espalhando o verão na Bahia,
Puro calor no coração, fogo ardiloso da vadiagem.
Quem sou eu? Negro lindo! O amor à toa, à revelia,
Trazendo dentro de mim o profano dessa lavagem...

Ô nigrinha preferida, nesse zodíaco dos mundanos,
Todinho à migué, bordejo aqui/acolá, nesse janeiro
Festa do Bonfim, o coro come sartiado, sem engano,
Tô é na fome: farinha pouca, o meu pirão primeiro...

E assim do Mercado Modelo as escadarias do Bonfim
Cada piriguete da boa, ômodeu! Quem tem fé vai a pé.
Mas, cuidado com o andor que o santo é de barro, sim
Com a negona no meu olhar e seja o que Deus quiser...

Nessa lua carcará e cintilante, se mostrando no céu.
A piriguete, barril dobrado, anca veludosa sem agonia
Tem que dançar a dança do amor nas cobiças sem véu,
O profano e o sagrado de lá ela na fé, na festa, na folia...

Dengo, as baianas com os jarros cheios de água de flor
Lavam as escadarias, nós recebemos as benções, afinal
A mistura das raças, sol a pino, vou tocando meu agogô
E na orgia me entrego as moças no toque do berimbau...

Cristo valha-me, é Festa do Bonfim, eu todo de branco,
Assim, vou comendo água e nos passos do ijexá tô que tô.  
Tenho fé, vou a pé! De olho nas moças, eu não sou santo!
Diga aê amor? O sagrado e o profano, baianidade nagô...


O Sibarita


IORUBÁ EMPREGADO.

Epá Babá! – Saudação a Oxalá.

Patuá – Amuleto que a maioria dos baianos usa.
Oxaguiã – É Oxalá jovem o único orixá fun-fun que guerreia, usando para isso uma espada e um escudo que recebeu de Ogun. O tipo OXAGUIÃ é um jovem guerreiro combativo. É habitualmente alto e robusto, mas não é agressivo nem brutal. Não despreza o sexo e cultiva o amor livre. É alegre, gosta profundamente da vida, é falador e brincalhão. Ao mesmo tempo é idealista, defendendo os injustiçados, os fracos e os oprimidos. Orgulhoso, sedento de feitos gloriosos, às vezes, uma espécie de D. Quixote. Seus pensamentos originais geralmente antecipam aos da sua época. É o nascente.

Oxalá – É Senhor do Bonfim no Candomblé. Filho de Olorum, orixá dos orixás. Traz o cetro sagrado chamado opaxorô, onde comanda os três mundos existentes; material, espiritual e purgatório. OXALÁ é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo o tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (OPAXORÔ). OXALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas.

Opaxorô – Bastão de Oxalá quando ele assume a forma de um Orixá velho.

Oxalufã – Oxalá velho. O tipo físico de OXALUFÃ é frágil, delicado, friorento, sujeito a resfriados. Compensa sua debilidade física com grande força moral, e seu alvo à realizar é a condição humana no que tem de mais nobre. É fiel no amor e na amizade. Oxalufã é o poente.

BAIANÊS EMPREGADO

Vadiagem – Fazer amor.
Negro lindo – Pessoa bonita.
À toa - Sem compromisso.
Ô nigrinha  – Minha rainha.
Todinho à migué – Totalmente à vontade, nem aí.
O coro come sartiado – O amor no mais alto dos desejos, totalmente querendo.
Tô é na fome – Estou com muita vontade de fazer amor.
Farinha pouca, o meu pirão primeiro – Pouca mulher, pegar a primeira.
Piriguete da boa – Mulher sem compromisso de corpo porreta.
Ômodeu! – Meu Deus!
Quem tem fé vai a pé – Quem acredita e tem fé vai andando na procissão.
Cuidado com o andor que o santo é de barro – Cuidado com o que faz.
Negona no meu olhar – Mulher no pensamento, a vista.
Seja o que Deus quiser – Deus que guie o que vai acontecer.
Lua carcará – Lua pegadora, lua instigante ao amor.
A piriguete barril dobrado – Mulher explosiva em dose dupla.
Anca veludosa sem agonia – Bunda bonita sem silicone.
Dengo – Chamando a mulher carinhosamente e ou homem.
Todo de branco – Cor tradicional das vestes dos baianos no dia a dia.
Comendo água – Bebendo muito alcoólica.
Passos do ijexá – Dançando o Ijexá, tipo de música baiana dos escravos.
tô que tô – Estou que estou muito afim, querendo.  
Diga aê amor? - Fale meu amor.
Baianidade nagô – Assumidamente baiano (a) descendente da África.

O Sibarita



domingo, janeiro 04, 2015

ESTAÇÃO III

Estação

Explodiu a luz na vertigem do infinito brilho,
O novo ano te anunciou pelos céus aos vãos
Com tuas vestes alvas em procissão de estilo,
Lumes do estio na alegoria da nova estação...

É, veio encharcada de azul nos pensamentos.
Sacudindo novos horizontes e no teu enredo,
Estas brisas no mar de Jauá por entre ventos
Secos transpirando as vontades, os desejos...

Mas, sabe amor? Resto de solidão anda lá fora
Bate à porta e basta surgir os dias no teu olhar.
Tropeça o desassossego pelas bandas da aurora
Aqui no agora, ganha a essência e flutua o luar...

Nas luzes infinitas dançando sobre essas areias,
Brisa mar soprando ao tempo em finas esporas.
Contra os meus espelhos a tua silhueta de sereia
Em delíquio desejoso no fio amolado das horas...

Que traz no cais do meu peito o íntimo da espera
Assim, para dentro dos meus dias tu toda inteira.
Do pouco que sei entender, é em ti, que se revela
Essas longas noites que te faz de mito, de estrela...

E amolas as tuas adagas contra o amor desespero,
Gritos abafados dos silêncios ludibriados pelo frio
Das noites sem auroras, sem essência dos ensejos,
Eu morro nos teus beijos caídos de bruços, vazios...


O Sibarita

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