sábado, novembro 25, 2006

A Volante do Sargento Bezerra



Outro vídeo da Volante do Sargento Bezerra.
Tomara que todos gostem e comentem.
Deixo um soneto para degustação.

Soneto I

Meu bem, o meu escrever clareia o cinza que te aflige,
Minhas palavras rebuscadas são águas do regato coradas
No meu seio que falam o que os meus lábios não te dizem
E beijam o teu coração despindo-me todo de corpo e alma...

Nobres e ágeis são as palavras no frenesi da humilde pena
Que ao escrever sabe aonde vai ou aonde vou no renascer
De repente um novo horizonte que o teu coração faz a cena
Da paisagem na paixão em que a lua sempre virá nos ver...

Por vezes enigmático, romantizo, banho o teu coração de luz
E nem sabes nas entrelinhas das palavras que nasceram de ti
Ecoando o sol da paixão que na distância soldamos os azuis!

As palavras à doçura embalam... O falar, a garganta engasga
O céu que germina do meu peito. Entretanto, o que palpita
Nos meus lábios são tintas sem cores ou cheiros, tão vagas...

O Sibarita

segunda-feira, novembro 20, 2006

SOLILÓQUIO


Tela de Joan Beltran Bolfill
Solilóquio

Nada mais.
... O silêncio é teu!
Mas, ainda sobre a cama,
está aquele lençol de seda
ecoando os nossos gemidos
daquelas noites sodomitas
em que perdíamos os sentidos...

Naquela penteadeira,
ainda reflete por aquele espelho
os teus lábios pagãos de batom cereja
em que me lambuzavam de desejos...

Ainda pela mesa,
enfeitando as noites
em jarras chinesas
aquelas flores...

Pelo quarto,
aquelas tuas juras,
ainda impregnadas
nas paredes, agora,
por teu desejo, amareladas...

Pelo chão, está,
aquela taça de vinho
em que traçavas o destino
e, naquela vitrola
ainda toca, à meia luz,
aqueles nossos blues...

Por aquela porta,
ainda, entreaberta...
A paixão solda,
o que a nuvem tosa!

Entre nós, a vida...
Uma peça de teatro
encenada por Hidra
naquela pequena coxia.
Nos hiatos, um solilóquio
de Hércules no sétimo ato...

O Sibarita

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terça-feira, novembro 14, 2006

A Volante do Sargento Bezerra


Caros leitores, a partir de hoje postarei três vídeos em homenagem a banda baiana A Volante do Sargento Bezerra que desponta no Brasil, via São Paulo, depois de arrebatar todos os prêmios na Bahia. No Troféu Caymmi (o mais importante prêmio da música do Norte e Nordeste do Brasil) teve seis indicações, inclusive o de melhor banda. Tomara que os senhores assistam, gostem e opinem. Acessem o blog da banda pelo link ao lado. Deixo uma poesia para degustação.

O Sibarita

OS SEIXOS

Bailado de seixos
Cardumes de espuma
Corpo de alga
(cristal e bruma)

Areia e coral
água parada.
Sereia escarlate
(lanterna encarnada)

A Concha mais bela
(quem sabe qual?)
A onda que falta
Eu dissolvo o sal...

O Sibarita

quarta-feira, novembro 08, 2006

PRINCESA

Princesa

Oh! Minha gata selvagem
nos teus olhos de fogo, os gozos
tem brilhos no morrer da primavera.
Musa fogosa, sensualmente demoníaca,
seios de amêndoas, limiar do sexo!
Ah, me fale dos desejos
sobre a face das flores...
Flores do acaso, rosas estáticas
ornamentando sortilégios e loucuras,
sedução e orgasmos pelo prazer lúdico
dos Deuses libidinosos em meio aos lábios rubros
e urros desconcertantes... Corpos sedentos!
Serpentes enroscadas, beijos batons,
tabuleiro de orgias e cumplicidades
no prazer delirante do entardecer
pânico das estrelas à beira mar...

Deusa das sete luas, entre ti e o vazio,
fosse o céu que o céu tem querubins!
Fosse as estrelas que as estrelas tem alma!

A noite espreita o ventre da solidão,
inverno dos astros e visões na sombra do tempo...
Delírios perdidos, nas juras do teu corpo,
Ai! Os meus uis e os teus ais
explodidos à meia noite, à meia luz...

Vento, ventania,
cachorros doidos no cio
rastejando ao sol do meio dia!

O Sibarita

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sexta-feira, novembro 03, 2006

DEMÔNIA

Demônia

Na nudez das manhãs, do teu olhar exilado
Vejo o mar na cor dos verdes olhos, concordo!
E do teu coração ao continente do amor navegado
No mapa da paixão, abro as velas! Ufa! À bordo...

Enigma originado estendo-me em tua alfombra
A nudez do horizonte acende o pavio... Demônia
Andas, à noite, vasculhando meus sonhos, inflamas
Céus, luas, estrelas e a paixão no fogaréu da insônia...

Oh! Alma fresca, o coração em chamas te chama!
O fervor ao sabor do teu rubro vinho, o fogo avança
De um incêndio ao outro incêndio... E, no compêndio
Deste teu poema, a palavra é amor! O desejo se lança...
Como a chama dos santelmos, hei de encontrar-te, açucena.
Já me tens preso na íris dos teus olhos em que busco o estio!
Vou pela porta aberta desta primavera soberba e serena
No entanto, julgo-te lua nas fases do teu olhar ao azul anil...

Coração aos ferros, bronze florentino esculpindo a madona
Enquanto em um canto qualquer do meu quarto, desbotados
Jarros chineses voltam a ganhar vida na luz dos olhos de Jônia
Ai! Teu coração veste o nu da estátua, a lua ri no meu espelho.

O Sibarita
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