Nada sei além desta janela aberta diante do meu olhar. É a maré, é a maré!
Lixos e ratos estampados no horizonte de urubus circundando pelo céu sob a réstia do sol alumiando meus olhos perdidos no escarcéu. Olhando da janela a visão é ciclope e me remete à infância na maré. As rajadas no azul cinza de moribundos dias não esquecidos. Quebrantava-se o dia... Era Natal! Miríades de sonhos na misantropia dourando barrigas de lombrigas sucumbindo pela anemia... Nada além...
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08 de dezembro na Bahia é festa.
Dia de Nossa Senhora da Conceição, é dia de adoração pelos católicos e
reverenciação por adeptos do candomblé e da umbanda, no sincretismo religioso a
santa é Oxum, orixá das águas doces.
A comemoração dos baianos não é
somente na igreja. A Bahia é terra do sincretismo religioso, por isso hoje é
dia de reverenciar também Nossa Senhora da Conceição, padroeira dos baianos, e
também Oxum, a rainha das águas doces, orixá da beleza e do amor.
Nesta quarta-feira (8), os católicos,
o povo do santo (candomblé) e umbanda se reúne em frente à basílica para
homenagear Oxum a Nossa Senhora da Conceição. Os pais, mães, filhos de santo e
umbandistas dão banhos de folhas nos devotos para abrir os caminhos e trazer
boas energias.
Ela, a santa é a padroeira do
estado. A Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia foi construída com
pedras pré-moldadas trazidas de Portugal. A devoção a Nossa Senhora da
Conceição em Salvador se confunde com a história da Bahia.
O começo foi numa pequena capela,
que fica ao lado da atual basílica. Foi erguida por Tomé de Souza logo que ele
chegou para fundar Salvador, em 1549. A Basílica é muita frequentada pelos fies
católicos e do candomblé.
O Sibarita
SOBRE OXUM
Oxum é um orixá feminino das
águas doces, dos rios e cachoeiras, da riqueza, do amor, da prosperidade e da
beleza, cultuada nas religiões afro-brasileiras (umbanda e candomblé) é
sincretizada no catolicismo como diversas Nossa Senhora. Na Bahia, ela é tida
como Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora
dos Prazeres.
O dia 8 de dezembro é marcado por
duas celebrações cristãs de significados distintos (quase antagónicos), que se
confundem devido à semelhança das suas designações. Sincretismo religioso
aproxima várias Nossas Senhoras à figura do orixá Oxum.
O conceito teológico oficial é o
do dogma da Imaculada Conceição de Maria, definido pelo papa Pio IX em 1854, e
nada tem a ver com o conceito popular: afirma que Maria, mãe de Jesus, teria
também sido gerada sem cópula carnal de seus pais (Ana e Joaquim); celebra, por
isso, a castidade. Esta ideia começou a surgir no século XII, tendo causado
intensa polémica e sido rejeitada por importantes teólogos, incluindo São
Bernardo e São Tomás de Aquino, e condenada pelo papa Bento XIV em 1677, até
ter sido aceite como dogma em 1854.
A instituição da ordem militar de
Nossa Senhora da Conceição por D. João VI, que alegadamente sintetizaria um
culto que em Portugal existiu muito antes de ser dogma, pelo menos na sua
designação remete para o conceito popular, não para o conceito teológico
afirmado pelo dogma. De igual forma, as freguesias portuguesas anteriormente
listadas adoptaram a designação “Nossa Senhora da Conceição” ou “Conceição”,
mas não “Imaculada Conceição”.
Em 8 de dezembro de 1904, em
Lisboa solenemente lançou-se a primeira pedra para um monumento comemorativo do
cinquentenário da definição do dogma. Ao ato, a que assistiram as pessoas
reais, patriarca e autoridades, estiveram também representados por muitas
irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lisboa e do país, sendo a mais
antiga a da atual freguesia dos Anjos, que foi instituída em 1589.
No Brasil é tradição montar a
árvore de Natal e enfeitar a casa no dia 8 de dezembro, dia de N.Sra. da
Conceição.
OXUM NA ÁFRICA
Rio Oxum na África
Osun, Oshun, Ochun ou Oxum, na
Mitologia Yoruba é um orixá feminino. O seu nome deriva do rio Osun, que corre
na Iorubalândia, região nigeriana de ijexá e Ijebu.
É representada pelo candomblé,
material e imaterialmente, por meio do assentamento sagrado denominado Igba
Oxum. É tida como um único Orixá que tomaria o nome de acordo com a cidade por
onde corre o rio, ou que seriam dezesseis e o nome se relacionaria a uma
profundidade desse rio.
As mais velhas ou mais antigas
Oxum são encontradas nos locais mais profundos (Ibu), enquanto as mais jovens e
guerreiras respondem pelos locais mais rasos. Ex.: Osun Osogbo, Osun Opara ou
Apara, Yeye Iponda, Yeye Kare, Yeye Ipetu, etc.
Em sua obra Notas Sobre o Culto
aos Orixás e Voduns, Pierre Fatumbi Verger escreve que os tesouros de Oxum são
guardados no palácio do rei Ataojá.
O templo situa-se em frente e
contém uma série de estátuas esculpidas em madeira, representando diversos
Orixás: “Osun Osogbo, que tem as orelhas grandes para melhor ouvir os pedidos,
e grandes olhos, para tudo ver. Ela carrega uma espada para defender seu povo.”
O Festival de Oxum é realizado
anualmente na cidade de Osogbo, Nigéria. O Bosque Sagrado de Osun-Osogbo, onde
se encontra o Templo de Oxum, é Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2005.
Ọṣun-Oṣogbo ou Bosque Sagrado de Osun-Osogbo é uma
floresta sagrada às margens do rio Oxum que se encontra na cidade de Oṣogbo, Nigéria.
CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE
OXUM
Os filhos de Oxum dão muito valor
à opinião pública, fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar
as suas diferenças com habilidade e diplomacia. Seus filhos e filhas são doces,
sentimentais, agem mais com o coração do que com a razão e são muito chorões.
Filhas de Oxum tem intuição forte e podem se tornar líderes espirituais
São extremamente vaidosos e
conquistadores, adoram o luxo, a vida social, além de sempre estarem namorando.
São obstinadas na procura dos seus objetivos. Oxum é o arquétipo daqueles que
agem com estratégia, que jamais esquecem as suas finalidades; atrás da sua
imagem doce esconde-se uma forte determinação e um grande desejo de ascensão
social.
Têm certa tendência para
engordar, a imagem do gordinho risonho e bem-humorado combina com eles. Adoram
festas, vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa oferecer. Tendem
a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam escândalos.
Não se desesperam por paixões
impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito
maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém. Graça, vaidade,
elegância, preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de
joias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro.
O lado espiritual dos filhos de
Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso, algumas das maiores Yalorixás
(mães-de-santo) da história do Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum.
QUALIDADES DE OXUM
Oxum é a deusa da beleza e
graciosidade
•Kare – veste azul e dourado, cor
do ouro. Usa um abebé e um ofá dourados.
•Iyepòndàá ou Ipondá – é a mãe de
Logunedé, orixá menino que compartilha dos seus axés. Ambos dançam ao som do
ritmo ijexá, toque que recebe o nome de sua região de origem. Usa um abebé
(espelho de metal) nas mãos, uma alfange (adaga), por ser guerreira, e um ofá
(arco e flecha) dourado, por sua ligação com Oxóssi. É uma das mais jovens.
•Yeye òkè, •Iya Ominíbú,
•Ajagura, •Ijímú, •Ipetú, •Èwuji, •Abòtò, •Ibola, •Gama (Vodun feminino da
mesma energia de Sakpatá, incorporado ao culto Yorubá através de sua
concernente Oxum)
•Oparà ou Apará – qualidade de
Oxum, em que usa um abebé e um alfange (adaga) ou espada. Caminha com Oya
Onira, com quem muitas vezes é confundida. Diferente das outras Oxuns por ter
enredo com muitos Orixás, vem acompanhada de Oyá e Ogum.
CULTO A OXUM
•Dia principal de culto: Sábado,
•Comemoração Anual: 08 de dezembro, •Cores: Amarelo, ouro, rosa, azul claro,
•Símbolo: Leque com espelho (Abebé), •Elemento: Água Doce (Rios, Cachoeiras,
Nascentes, Lagoas), •Domínios: Amor, Riqueza, Fecundidade, Gestação e
Maternidade, •Saudação: Ora Yêyê Ô!, •Velas: branca, rosa e azul clara,
•Oferendas: Omolocum, rosas e palmas amarelas, espelhos, bonecas, etc.
Valdina
Pinto de Oliveira nasceu em 15 de outubro de 1943 no bairro do Engenho Velho da
Federação, na cidade de Salvador, Bahia. Sempre morou neste bairro que é, ainda
hoje, um local onde a maioria da população é negra, e onde a presença de
comunidades de terreiro de Candomblé é marcante.
Desde a juventude, Valdina Pinto esteve
envolvida com ações sociais na sua comunidade, acompanhando seu pai, Paulo de
Oliveira Pinto – Mestre Paulo – ou sua mãe, Eneclides de Oliveira Pinto, mais
conhecida como D. Neca, que foi líder comunitária e primeira referência
política da filha.
Da adolescência à fase adulta, junto com a sua
família, com a Associação de Moradores e com a Igreja Católica do Bairro,
Valdina Pinto desenvolve diversas atividades assistenciais à população, logo se
concentrando na alfabetização de adultos como principal área de trabalho.
Quando vem a se formar pelo antigo Instituto Educacional Isaías Alves (IEIA),
atual ICEIA, em 1962, já era uma educadora atuante e conhecida na própria
comunidade. Ensinou na sede da Associação de Moradores, ensinou em barracão de
terreiro de candomblé, ensinou em escolas, e até na própria casa. Por seu
trabalho educacional na comunidade, é convidada pelo Corpo da Paz para lecionar
Português nas Ilhas Virgens a um grupo de estrangeiros que viria ao Brasil – e
aqui começa a desenvolver a noção do valor que suas referências
étnico-culturais têm para fora da comunidade em que vive. Como professora do
ensino fundamental do município de Salvador, Valdina Oliveira Pinto se aposenta
no final da década de 80, A sina de ser quem dá a lição continuará acompanhando
a sua trajetória.
No início da década de 70, Valdina abandona o
catolicismo, e em 1975, é iniciada na religião do Candomblé. No Terreiro Tanuri
Junsara, liderado pela Sra. Elizabeth Santos da ‑
Hora, ela é confirmada para o cargo de Makota
– assessora da Nengwa Nkisi (Mãe-de-Santo). Com a iniciação, recebe seu nome de
origem africana, tornando-se a Makota ZIMEWAANGA.
A iniciação numa religião de matriz africana
impõe a Valdina Pinto uma re-visão da sua história e da cultura na qual havia
sido criada. Todo um conjunto de práticas cotidianas vivenciadas por ela desde
a infância no gueto negro do Engenho Velho da Federação passa a adquirir novos
significados, importância e sentidos a partir das lições aprendidas no terreiro
de candomblé.
Entre 1977 e 1978, Valdina Pinto integra a
primeira turma do Curso de Iniciação à Língua Kikongo, ministrado pelo congolês
Nlaando Lando Ntotila no Centro de Estudos Afro-Oriental (CEAO), marcando uma
nova etapa no aprofundamento dos seus estudos sobre as culturas de origem bantu
no Brasil – sobretudo nos aspectos religiosos. A valorização das
especificidades da nação de candomblé angola-congo, de matriz bantu, tem sido
uma das marcas da trajetória de Valdina Pinto que, por isso, passa a ser
conhecida como Makota Valdina.
Outro pensamento da Makota Valdina é de que a
comunidade de terreiro não deve fechar-se em si mesma, buscando, ao contrário,
relacionar-se com os organismos políticos e sociais externos que sejam
necessários à manutenção e consolidação das tradições vivenciadas no terreiro –
tradições que, por outro lado, ela defende que sejam, estas sim, resguardadas
exclusivamente ao contexto religioso de quem as pratica. Vale ressaltar que,
ainda em tempos de ditadura política no Brasil, a Makota Valdina tornou-se a
primeira mulher a presidir a Associação de Moradores do seu Bairro, enfrentando
preconceitos políticos e de gênero, dada a suas inclinações oposicionistas e ao
fato mesmo de estar numa função até então ocupada por homens.
Estas compreensões - que estão na base da sua
formação – levaram-na a compor, durante alguns anos, a diretoria da Federação
Baiana de Culto Afro Brasileiro (FEBACAB), atual FENACAB. Nesse período, seu respeito
e preocupação com as tradições do Candomblé, independente da nação, tornaram-na
mais conhecida e considerada junto aos praticantes do ‑
candomblé. Antes de terminar sua gestão,
filia-se às lutas em defesa do Parque São Bartolomeu, um antigo santuário
natural do povo-de-santo de Salvador. O Parque, uma extensa reserva urbana da
Mata Atlântica, definhava ante a depredação por parte das pessoas e o silêncio
dos poderes públicos. Com outras educadoras, a Makota Valdina desenvolve
programas de educação ambiental, destacando a perspectiva religiosa acerca da
natureza – “A natureza é a essência do candomblé”, ensinava. Desta luta surgiu
o Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (CEASB), onde foi educadora e
conselheira. Um outro trabalho importante do qual esteve à frente foi a
catalogação e plantio de ervas medicinais em áreas do entorno do Parque São
Bartolomeu, no subúrbio de Salvador.
Perifraseando-a, podemos dizer que “o
candomblé é a essência da Makota Valdina”. Fincada nestas tradições religiosas,
ela tornou-se um instrumento de expressão da sabedoria popular baiana,
brasileira, de base africana. Como é próprio de uma visão de mundo dessa
origem, os conhecimentos e habilidades da Makota Valdina - o seu savoir-faire -
se articulam e interagem constantemente, e não se estancam, ou se resumem a uma
determinada dimensão do saber. Nela, reflexões filosóficas acerca da cosmogonia
do Candomblé, mais especificamente os de origem bantu, coabitam com um apurado
senso estético na execução de danças, ou confecção de artesanatos rituais; ao
domínio da culinária, ou do uso de ervas, une-se um repertório de cantigas
sagradas de rara extensão.
Em Fevereiro 2003, a Makota Valdina foi a
porta-voz das religiões de matriz africana de Salvador num encontro com o então
recém empossado Ministro da Cultura, Gilberto Passos Gil Moreira, como também
foi uma das representantes do Movimento Contra a Intolerância Religiosa em
Brasília, em março do mesmo ano, sentando-se à mesa da Câmara dos Deputados, na
histórica sessão presidida pelo Deputado Federal Luiz Alberto.
Com a sua palavra calma e firme, que ilumina,
com a sua indignação veemente que entusiasma, a Makota Valdina tem
impressionado inúmeras platéias nas conferências e palestras que realiza no
Brasil ou no exterior. Mas, como faz questão de frisar, no cotidiano das suas
relações num terreiro de candomblé, está o seu local predileto de ensino e
aprendizagem.
‑
Diversas são as instituições que a tem como
conselheira, ou ‘madrinha’, como é o caso da Associação de Preservação e Defesa
do Patrimônio Bantu (ACBANTU). Noutros casos, é o próprio nome que empresta à
causa da luta contra o racismo, como ao Grupo de Estudantes Universitários
Makota Valdina.
Valdina Pinto já recebeu diversas
condecorações por seu papel na preservação do patrimônio cultural
afro-brasileiro, como o Troféu Clementina de Jesus, da União de Negros Pela
Igualdade (UNEGRO). Troféu Ujaama, do Grupo Cultural Olodum, em Agosto/2004,
recebeu a Medalha Maria Quitéria, a maior honraria da Câmara Municipal de
Salvador, em dezembro de 2005 recebeu da Fundação Gregório de Mattos o Troféu
de Mestra Popular do Saber.
Valdina Oliveira Pinto, a Makota Zimewaanga, a
Makota Valdina é, atualmente, a conselheira ‘mor’ da Cidade de Salvador,
convidada a avaliar e avalizar plataformas de governo, campanhas eleitorais e
mandatos parlamentares, ou ONG’s e eventos em defesa das tradições de origem
africana e do Meio Ambiente. É também Chamada a orientar grupos do Movimento
Negro e a sistematizar propostas educacionais que dêem conta da diversidade
cultural da cidade. Enfim, tornou-se presença quase obrigatória nos principais
debates sobre os rumos da sociedade e, sobretudo, nos espaços reservados do
sagrado, onde só têm acesso livre aquelas que se tornaram uma mais velha e
trazem no corpo, no conhecimento e nos próprios sentimentos marcas ancestrais.
Lande M. M. Onawale
Escritor, poeta e Taata Xicarangoma do Terreiro
Tanuri Junsara
Assistam ao Vídeo homenagem ao Rio São
Francisco por dois nordestinos retados, Geraldo Azevedo e Djavan. “Bacarola do
São Francisco” Carlos Fernando/Geraldo Azevedo. Gravada no estúdio de
Robertinho do Recife. Geraldo Azevedo nasceu as margens do Rios São Francisco
na cidade de Petrolina, Djavan em Maceió/Alagoas. Vejam que beleza de música e
leiam, conheçam mais sobre o Velho Chico!
NR. Para ouvir o vídeo pare a rádio Humaitá ao lado.
O rio São Francisco, também chamado de Velho
Chico, faz neste domingo 514 anos, foi descoberto em 4 de outubro de 1501 pelos
navegadores Américo Vespúcio e André Gonçalves. Os índios da região o chamavam
de Opara (rio-mar), mas foi batizado de São Francisco, em homenagem a São
Francisco de Assis, nascido no mesmo dia, 319 anos antes. O Rio da Unidade
Nacional, um dos mais - talvez o mais - importante dos rios brasileiros, nasce
no Parque Nacional da Serra da Canastra, sudoeste de Minas Gerais, no alto do Chapadão
da Canastra, de onde despenca na forma da majestosa cachoeira Casca d'Anta, de
186 metros de queda livre.
Após percorrer 2.700 quilômetros (terceiro
maior rio do Brasil), serpenteando pelo cerrado, cruza cinco estados
brasileiros (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) até desaguar
no oceano Atlântico, entre os estados de Sergipe e Alagoas, na Praia do Peba
(estado de Alagoas). Sua bacia hidrográfica tem 640.000 km² de área. É o único
rio que corre no sentido norte/sul, da região Sudeste para a região Nordeste do
Brasil, devido à diferença de nível causada por uma falha geológica conhecida
por "depressão sanfranciscana". Não fosse essa falha, suas águas
correriam de Minas Gerais para o sul.
Na época colonial, serviu de trilha para transporte
e criação de gado, ligando a região Nordeste às regiões Centro-Oeste e Sudeste
do Brasil, o que lhe valeu mais um apelido: Rio dos Currais.
Seu potencial hídrico é enorme para abastecer
cidades, irrigação, geração de energia, piscicultura, turismo, transporte de
pessoas e cargas. Em sua extensão, além da Casca d'Anta - primeira e mais
bonita - existem algumas quedas d'água, entre as quais a cachoeira de Pirapora,
entre o curso alto e médio do rio, Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso.
Vários problemas têm afetando o rio, como o
assoreamento - causado principalmente pelo desmatamento de sua mata ciliar - o
garimpo e o despejo de esgoto e outros dejetos. Tratado como uma fossa, recebe
dejetos orgânicos e químicos das indústrias, pessoas e animais. O desmatamento
irresponsável serviu em grande parte para o fornecimento de carvão para a
siderurgia de Minas Gerais.
O São Francisco é um importantíssimo recurso
natural para o desenvolvimento regional, e é o responsável pela geração da
energia elétrica que abastece o país, especialmente o Nordeste e boa parte de
Minas Gerais, através das hidrelétricas de Três Marias, Paulo Afonso,
Sobradinho, Xingó e Itaparica.
Considerando sua grande importância para o
Brasil, o Velho Chico é um doente que necessita de tratamento urgente, para que
continue a servir tão bem, tanto a nossa geração quanto às futuras, antes que a
devastação se torne irreversível.
O rio São Francisco, denominado "rio
da unidade nacional” representa a força de todas as correntes étnicas do
Brasil, porque uniu as raças desde as camadas humanas mais antigas às
estruturas étnicas e políticas mais recentes do País. Aproxima o sertão do
litoral e integra homens e culturas. Infelizmente o futuro do Velho Chico é incerto, ele agoniza... E os ribeirinhos dependentes dele sofrem também!