quinta-feira, dezembro 31, 2015

RÉVEILLON 2015

Ano Novo 

Ai meu Deus! Com o ano novo saindo do coldre
Já refletindo nos espelhos retrovisores da lua cheia.
Os atabaques tocam na limpeza do espiritual da coisa
E eu salto de pára-quedas do ano velho cheio de teias..

Atô tô! Na minha roupa branca o perfume de alfazemas,
Para minha proteção o guia Ogum de Ronda e meu patuá.
Com o ano velho no poço mil pedidos nas minhas oferendas
Num céu imenso de lírio azul flamejando na praia de Jauá!

Ah... Eu tô que tô! Pés nas nuvens as horas do dia eu as bebo:
Cravinho com as estrelas, com as luas e com os sois afogados
Na brisa do ano novo soprando nos mares dos meus desejos...

Do velho ano eu limpo o pó dos pensamentos encadeados.
Do ano novo que chega abro as velas, navego na claridade
Cortando o gás dos antigos ventos medonhos e semeados...

O Sibarita

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quinta-feira, dezembro 24, 2015

FELIZ NATAL

Nada Além do Natal...

 Nada sei além desta janela
aberta diante do meu olhar.
É a maré, é a maré!
Lixos e ratos
estampados no horizonte
de urubus circundando
pelo céu sob a réstia
do sol alumiando meus olhos
perdidos no escarcéu.

Olhando da janela
a visão é ciclope
e me remete
à infância na maré.

As rajadas no azul cinza
de moribundos dias
não esquecidos.
Quebrantava-se o dia...

Era Natal!
Miríades de sonhos
na misantropia
dourando barrigas de lombrigas
sucumbindo pela anemia...

Nada além...
A fome e o lixo!
Nenhum papai Noel ou presente
Dos meus natais,
apenas, os resquícios.

O Sibarita

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quarta-feira, dezembro 09, 2015

NESTA CIDADE TODO MUNDO É D'OXUM

Para assistir ao vídeo desligue a Rádio Humaitá ao lado


08 de dezembro na Bahia é festa. Dia de Nossa Senhora da Conceição, é dia de adoração pelos católicos e reverenciação por adeptos do candomblé e da umbanda, no sincretismo religioso a santa é Oxum, orixá das águas doces.

A comemoração dos baianos não é somente na igreja. A Bahia é terra do sincretismo religioso, por isso hoje é dia de reverenciar também Nossa Senhora da Conceição, padroeira dos baianos, e também Oxum, a rainha das águas doces, orixá da beleza e do amor.

Nesta quarta-feira (8), os católicos, o povo do santo (candomblé) e umbanda se reúne em frente à basílica para homenagear Oxum a Nossa Senhora da Conceição. Os pais, mães, filhos de santo e umbandistas dão banhos de folhas nos devotos para abrir os caminhos e trazer boas energias.

Ela, a santa é a padroeira do estado. A Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia foi construída com pedras pré-moldadas trazidas de Portugal. A devoção a Nossa Senhora da Conceição em Salvador se confunde com a história da Bahia.

O começo foi numa pequena capela, que fica ao lado da atual basílica. Foi erguida por Tomé de Souza logo que ele chegou para fundar Salvador, em 1549. A Basílica é muita frequentada pelos fies católicos e do candomblé.

O Sibarita

SOBRE OXUM

Oxum é um orixá feminino das águas doces, dos rios e cachoeiras, da riqueza, do amor, da prosperidade e da beleza, cultuada nas religiões afro-brasileiras (umbanda e candomblé) é sincretizada no catolicismo como diversas Nossa Senhora. Na Bahia, ela é tida como Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora dos Prazeres.

O dia 8 de dezembro é marcado por duas celebrações cristãs de significados distintos (quase antagónicos), que se confundem devido à semelhança das suas designações. Sincretismo religioso aproxima várias Nossas Senhoras à figura do orixá Oxum.

O conceito teológico oficial é o do dogma da Imaculada Conceição de Maria, definido pelo papa Pio IX em 1854, e nada tem a ver com o conceito popular: afirma que Maria, mãe de Jesus, teria também sido gerada sem cópula carnal de seus pais (Ana e Joaquim); celebra, por isso, a castidade. Esta ideia começou a surgir no século XII, tendo causado intensa polémica e sido rejeitada por importantes teólogos, incluindo São Bernardo e São Tomás de Aquino, e condenada pelo papa Bento XIV em 1677, até ter sido aceite como dogma em 1854.

A instituição da ordem militar de Nossa Senhora da Conceição por D. João VI, que alegadamente sintetizaria um culto que em Portugal existiu muito antes de ser dogma, pelo menos na sua designação remete para o conceito popular, não para o conceito teológico afirmado pelo dogma. De igual forma, as freguesias portuguesas anteriormente listadas adoptaram a designação “Nossa Senhora da Conceição” ou “Conceição”, mas não “Imaculada Conceição”.

Em 8 de dezembro de 1904, em Lisboa solenemente lançou-se a primeira pedra para um monumento comemorativo do cinquentenário da definição do dogma. Ao ato, a que assistiram as pessoas reais, patriarca e autoridades, estiveram também representados por muitas irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lisboa e do país, sendo a mais antiga a da atual freguesia dos Anjos, que foi instituída em 1589.

No Brasil é tradição montar a árvore de Natal e enfeitar a casa no dia 8 de dezembro, dia de N.Sra. da Conceição.

OXUM NA ÁFRICA

Rio Oxum na África

Osun, Oshun, Ochun ou Oxum, na Mitologia Yoruba é um orixá feminino. O seu nome deriva do rio Osun, que corre na Iorubalândia, região nigeriana de ijexá e Ijebu.

É representada pelo candomblé, material e imaterialmente, por meio do assentamento sagrado denominado Igba Oxum. É tida como um único Orixá que tomaria o nome de acordo com a cidade por onde corre o rio, ou que seriam dezesseis e o nome se relacionaria a uma profundidade desse rio.

As mais velhas ou mais antigas Oxum são encontradas nos locais mais profundos (Ibu), enquanto as mais jovens e guerreiras respondem pelos locais mais rasos. Ex.: Osun Osogbo, Osun Opara ou Apara, Yeye Iponda, Yeye Kare, Yeye Ipetu, etc.

Em sua obra Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns, Pierre Fatumbi Verger escreve que os tesouros de Oxum são guardados no palácio do rei Ataojá.

O templo situa-se em frente e contém uma série de estátuas esculpidas em madeira, representando diversos Orixás: “Osun Osogbo, que tem as orelhas grandes para melhor ouvir os pedidos, e grandes olhos, para tudo ver. Ela carrega uma espada para defender seu povo.”

O Festival de Oxum é realizado anualmente na cidade de Osogbo, Nigéria. O Bosque Sagrado de Osun-Osogbo, onde se encontra o Templo de Oxum, é Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2005.
 Ọṣun-Oogbo ou Bosque Sagrado de Osun-Osogbo é uma floresta sagrada às margens do rio Oxum que se encontra na cidade de Oogbo, Nigéria.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXUM

Os filhos de Oxum dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar as suas diferenças com habilidade e diplomacia. Seus filhos e filhas são doces, sentimentais, agem mais com o coração do que com a razão e são muito chorões. Filhas de Oxum tem intuição forte e podem se tornar líderes espirituais

São extremamente vaidosos e conquistadores, adoram o luxo, a vida social, além de sempre estarem namorando. São obstinadas na procura dos seus objetivos. Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem as suas finalidades; atrás da sua imagem doce esconde-se uma forte determinação e um grande desejo de ascensão social.

Têm certa tendência para engordar, a imagem do gordinho risonho e bem-humorado combina com eles. Adoram festas, vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa oferecer. Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam escândalos.

Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém. Graça, vaidade, elegância, preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de joias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro.

O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso, algumas das maiores Yalorixás (mães-de-santo) da história do Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum.

QUALIDADES DE OXUM

Oxum é a deusa da beleza e graciosidade

•Kare – veste azul e dourado, cor do ouro. Usa um abebé e um ofá dourados.

•Iyepòndàá ou Ipondá – é a mãe de Logunedé, orixá menino que compartilha dos seus axés. Ambos dançam ao som do ritmo ijexá, toque que recebe o nome de sua região de origem. Usa um abebé (espelho de metal) nas mãos, uma alfange (adaga), por ser guerreira, e um ofá (arco e flecha) dourado, por sua ligação com Oxóssi. É uma das mais jovens.

•Yeye òkè, •Iya Ominíbú, •Ajagura, •Ijímú, •Ipetú, •Èwuji, •Abòtò, •Ibola, •Gama (Vodun feminino da mesma energia de Sakpatá, incorporado ao culto Yorubá através de sua concernente Oxum)

•Oparà ou Apará – qualidade de Oxum, em que usa um abebé e um alfange (adaga) ou espada. Caminha com Oya Onira, com quem muitas vezes é confundida. Diferente das outras Oxuns por ter enredo com muitos Orixás, vem acompanhada de Oyá e Ogum.

CULTO A OXUM

•Dia principal de culto: Sábado, •Comemoração Anual: 08 de dezembro, •Cores: Amarelo, ouro, rosa, azul claro, •Símbolo: Leque com espelho (Abebé), •Elemento: Água Doce (Rios, Cachoeiras, Nascentes, Lagoas), •Domínios: Amor, Riqueza, Fecundidade, Gestação e Maternidade, •Saudação: Ora Yêyê Ô!, •Velas: branca, rosa e azul clara, •Oferendas: Omolocum, rosas e palmas amarelas, espelhos, bonecas, etc.


O Sibarita
 Fontes de pesquisas:
 wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Oxum
 Imaculada Conceição
 - https://pt.wikipedia.org/wiki/Imaculada_Concei%C3%A7%C3%A3o

 Características de Oxum - https://ocandomble.wordpress.com/os-orixas/oxum/

sábado, novembro 28, 2015

LÁ ELA!

Lá Ela

Ô lá ela, a piriguetona matadora de corações,
É todinha gostosa, ousada e libertina em fúria.
Corpão violoncelo, o arrebatador das emoções,
Impávido, carne explosiva em gozos e luxúrias...

Por entre assomos o carnal volvido em desejos,
Louquinha de amar a carne estremece na incúria.
Sonho-te deusa das lascivas aclamando os beijos
A chama, realeza serena em teu corpo escultura...

Vontades pagãs na opulência púrpura da donzela,
Fogo da suprema formosura em pompa soberana
Da graça e da pura beleza resplandecendo a bela
Safadinha, a vida flore-te nas emoções profanas...

Lânguida coma dos néctares sagrados nas curvas
Do teu corpo nos chiliques haurindo em carícias.
Os uis e ais dos teus beijos sensuais sabor de uva
E nos meus flancos, espasmos de gozos, delícias...

Resplendem à tua escultura a chama da devassidão,
Ó esplêndida, a soberana dos bel-prazeres radiantes.
A graça grega, desejosa sedutora, musa da fascinação,
O teu corpo arrebatado, feracidade, voos palpitantes...

ZéLalado

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sexta-feira, novembro 20, 2015

NEGRA SIM, MAKOTA VALDINA

Macota Valdina

Não sou descendente
De escravos. Eu descendo
De seres humanos
que foram
escravizados!

Makota Valdina Pinto

Valdina Pinto de Oliveira nasceu em 15 de outubro de 1943 no bairro do Engenho Velho da Federação, na cidade de Salvador, Bahia. Sempre morou neste bairro que é, ainda hoje, um local onde a maioria da população é negra, e onde a presença de comunidades de terreiro de Candomblé é marcante.

 Desde a juventude, Valdina Pinto esteve envolvida com ações sociais na sua comunidade, acompanhando seu pai, Paulo de Oliveira Pinto – Mestre Paulo – ou sua mãe, Eneclides de Oliveira Pinto, mais conhecida como D. Neca, que foi líder comunitária e primeira referência política da filha.

 Da adolescência à fase adulta, junto com a sua família, com a Associação de Moradores e com a Igreja Católica do Bairro, Valdina Pinto desenvolve diversas atividades assistenciais à população, logo se concentrando na alfabetização de adultos como principal área de trabalho. Quando vem a se formar pelo antigo Instituto Educacional Isaías Alves (IEIA), atual ICEIA, em 1962, já era uma educadora atuante e conhecida na própria comunidade. Ensinou na sede da Associação de Moradores, ensinou em barracão de terreiro de candomblé, ensinou em escolas, e até na própria casa. Por seu trabalho educacional na comunidade, é convidada pelo Corpo da Paz para lecionar Português nas Ilhas Virgens a um grupo de estrangeiros que viria ao Brasil – e aqui começa a desenvolver a noção do valor que suas referências étnico-culturais têm para fora da comunidade em que vive. Como professora do ensino fundamental do município de Salvador, Valdina Oliveira Pinto se aposenta no final da década de 80, A sina de ser quem dá a lição continuará acompanhando a sua trajetória.

 No início da década de 70, Valdina abandona o catolicismo, e em 1975, é iniciada na religião do Candomblé. No Terreiro Tanuri Junsara, liderado pela Sra. Elizabeth Santos da ‑­
 Hora, ela é confirmada para o cargo de Makota – assessora da Nengwa Nkisi (Mãe-de-Santo). Com a iniciação, recebe seu nome de origem africana, tornando-se a Makota ZIMEWAANGA.
 A iniciação numa religião de matriz africana impõe a Valdina Pinto uma re-visão da sua história e da cultura na qual havia sido criada. Todo um conjunto de práticas cotidianas vivenciadas por ela desde a infância no gueto negro do Engenho Velho da Federação passa a adquirir novos significados, importância e sentidos a partir das lições aprendidas no terreiro de candomblé.

 Entre 1977 e 1978, Valdina Pinto integra a primeira turma do Curso de Iniciação à Língua Kikongo, ministrado pelo congolês Nlaando Lando Ntotila no Centro de Estudos Afro-Oriental (CEAO), marcando uma nova etapa no aprofundamento dos seus estudos sobre as culturas de origem bantu no Brasil – sobretudo nos aspectos religiosos. A valorização das especificidades da nação de candomblé angola-congo, de matriz bantu, tem sido uma das marcas da trajetória de Valdina Pinto que, por isso, passa a ser conhecida como Makota Valdina.

 Outro pensamento da Makota Valdina é de que a comunidade de terreiro não deve fechar-se em si mesma, buscando, ao contrário, relacionar-se com os organismos políticos e sociais externos que sejam necessários à manutenção e consolidação das tradições vivenciadas no terreiro – tradições que, por outro lado, ela defende que sejam, estas sim, resguardadas exclusivamente ao contexto religioso de quem as pratica. Vale ressaltar que, ainda em tempos de ditadura política no Brasil, a Makota Valdina tornou-se a primeira mulher a presidir a Associação de Moradores do seu Bairro, enfrentando preconceitos políticos e de gênero, dada a suas inclinações oposicionistas e ao fato mesmo de estar numa função até então ocupada por homens.

 Estas compreensões - que estão na base da sua formação – levaram-na a compor, durante alguns anos, a diretoria da Federação Baiana de Culto Afro Brasileiro (FEBACAB), atual FENACAB. Nesse período, seu respeito e preocupação com as tradições do Candomblé, independente da nação, tornaram-na mais conhecida e considerada junto aos praticantes do ‑­
 candomblé. Antes de terminar sua gestão, filia-se às lutas em defesa do Parque São Bartolomeu, um antigo santuário natural do povo-de-santo de Salvador. O Parque, uma extensa reserva urbana da Mata Atlântica, definhava ante a depredação por parte das pessoas e o silêncio dos poderes públicos. Com outras educadoras, a Makota Valdina desenvolve programas de educação ambiental, destacando a perspectiva religiosa acerca da natureza – “A natureza é a essência do candomblé”, ensinava. Desta luta surgiu o Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (CEASB), onde foi educadora e conselheira. Um outro trabalho importante do qual esteve à frente foi a catalogação e plantio de ervas medicinais em áreas do entorno do Parque São Bartolomeu, no subúrbio de Salvador.

 Perifraseando-a, podemos dizer que “o candomblé é a essência da Makota Valdina”. Fincada nestas tradições religiosas, ela tornou-se um instrumento de expressão da sabedoria popular baiana, brasileira, de base africana. Como é próprio de uma visão de mundo dessa origem, os conhecimentos e habilidades da Makota Valdina - o seu savoir-faire - se articulam e interagem constantemente, e não se estancam, ou se resumem a uma determinada dimensão do saber. Nela, reflexões filosóficas acerca da cosmogonia do Candomblé, mais especificamente os de origem bantu, coabitam com um apurado senso estético na execução de danças, ou confecção de artesanatos rituais; ao domínio da culinária, ou do uso de ervas, une-se um repertório de cantigas sagradas de rara extensão.

 Em Fevereiro 2003, a Makota Valdina foi a porta-voz das religiões de matriz africana de Salvador num encontro com o então recém empossado Ministro da Cultura, Gilberto Passos Gil Moreira, como também foi uma das representantes do Movimento Contra a Intolerância Religiosa em Brasília, em março do mesmo ano, sentando-se à mesa da Câmara dos Deputados, na histórica sessão presidida pelo Deputado Federal Luiz Alberto.
 Com a sua palavra calma e firme, que ilumina, com a sua indignação veemente que entusiasma, a Makota Valdina tem impressionado inúmeras platéias nas conferências e palestras que realiza no Brasil ou no exterior. Mas, como faz questão de frisar, no cotidiano das suas relações num terreiro de candomblé, está o seu local predileto de ensino e aprendizagem.

 ‑­
 Diversas são as instituições que a tem como conselheira, ou ‘madrinha’, como é o caso da Associação de Preservação e Defesa do Patrimônio Bantu (ACBANTU). Noutros casos, é o próprio nome que empresta à causa da luta contra o racismo, como ao Grupo de Estudantes Universitários Makota Valdina.

 Valdina Pinto já recebeu diversas condecorações por seu papel na preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, como o Troféu Clementina de Jesus, da União de Negros Pela Igualdade (UNEGRO). Troféu Ujaama, do Grupo Cultural Olodum, em Agosto/2004, recebeu a Medalha Maria Quitéria, a maior honraria da Câmara Municipal de Salvador, em dezembro de 2005 recebeu da Fundação Gregório de Mattos o Troféu de Mestra Popular do Saber.

 Valdina Oliveira Pinto, a Makota Zimewaanga, a Makota Valdina é, atualmente, a conselheira ‘mor’ da Cidade de Salvador, convidada a avaliar e avalizar plataformas de governo, campanhas eleitorais e mandatos parlamentares, ou ONG’s e eventos em defesa das tradições de origem africana e do Meio Ambiente. É também Chamada a orientar grupos do Movimento Negro e a sistematizar propostas educacionais que dêem conta da diversidade cultural da cidade. Enfim, tornou-se presença quase obrigatória nos principais debates sobre os rumos da sociedade e, sobretudo, nos espaços reservados do sagrado, onde só têm acesso livre aquelas que se tornaram uma mais velha e trazem no corpo, no conhecimento e nos próprios sentimentos marcas ancestrais.


 Lande M. M. Onawale
 Escritor, poeta e Taata Xicarangoma do Terreiro Tanuri Junsara

Assista ao vídeo sobre a Makota Valdina

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sexta-feira, outubro 30, 2015

ABSORTO

Absorto

Meu bem, sim, sei, te mando notícias
Requentadas nestes versos tão carentes
Que por certo e por tudo são relíquias
Pelo olhar absorvido das tuas lentes...

É que caminho mesmo na monotonia
Dos passos e outras receitas do amor
Em mutações na variação das agonias
A cada verso brotado como dor/flor...

Não sei olhar as coisas do teu presente
E assim, sigo e refaço o que já está feito
Ruminando desta temporada iminente
Em que só sei escrever a teu respeito...

E sobre faíscas/carícias dos meus alheios.
Estes são apenas os meus singulares temas
Como sol novo e céu azul dos teus esteios
Reinventando palavras cruas deste poema...

Mas, amor, há quanto tu desafias o tempo
Quando a noite chega e a luz do luar é fria?
Há quanto esperas o fim do mesmo tempo?
Choque de negror, o amor rediz o que dizia...

O Sibarita

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sábado, outubro 17, 2015

CAPITAL

Capital

Sabe meu amor? Ando com esse texto a tiracolo,
Querendo situar desejos no sentido ante horário
Dos versos em definições das letras que enfloro,
Ao avesso, escrevo sem decifrar o teu itinerário...

Interjeição, exclamação, interação ou Pretexto?
A palavra cria o real ou surreal? Será realidade?
Estratagema concreta, lábia! Abstratizo o texto
Revelando a razão ou o conjunto de veleidades?

Essas palavras nascem-me pelas asas da fantasia,
O poder da escrita, expressão, metáfora informal!
Escrita, invenção/translação espreitando agonias,
Aos dias, confidência do vocábulo, texto capital...

O amor pleno, colóquio amoroso e letras alheias,
Canto de palavras doces salpicadas por quimeras.
Auréola de anjos, confins de mim, céu que gorjeia
Nas confissões. O riso do idílio? Poema de espera...

De vibração dos desejos ao explícito das chamas,
A moça, assunto do texto, revela-se mulher fatal.
Na distância das vontades em que o fogo inflama,
Sob o alcance das minhas palavras, o juízo final...

O Sibarita

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domingo, outubro 04, 2015

O VELHO CHICO 514 ANOS E A BARCAROLA DO SÃO FRANCISCO!

Assistam ao Vídeo homenagem ao Rio São Francisco por dois nordestinos retados, Geraldo Azevedo e Djavan. “Bacarola do São Francisco” Carlos Fernando/Geraldo Azevedo. Gravada no estúdio de Robertinho do Recife. Geraldo Azevedo nasceu as margens do Rios São Francisco na cidade de Petrolina, Djavan em Maceió/Alagoas. Vejam que beleza de música e leiam, conheçam mais sobre o Velho Chico!

NR. Para ouvir o vídeo pare a rádio Humaitá ao lado.

O rio São Francisco, também chamado de Velho Chico, faz neste domingo 514 anos, foi descoberto em 4 de outubro de 1501 pelos navegadores Américo Vespúcio e André Gonçalves. Os índios da região o chamavam de Opara (rio-mar), mas foi batizado de São Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis, nascido no mesmo dia, 319 anos antes. O Rio da Unidade Nacional, um dos mais - talvez o mais - importante dos rios brasileiros, nasce no Parque Nacional da Serra da Canastra, sudoeste de Minas Gerais, no alto do Chapadão da Canastra, de onde despenca na forma da majestosa cachoeira Casca d'Anta, de 186 metros de queda livre.

Após percorrer 2.700 quilômetros (terceiro maior rio do Brasil), serpenteando pelo cerrado, cruza cinco estados brasileiros (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) até desaguar no oceano Atlântico, entre os estados de Sergipe e Alagoas, na Praia do Peba (estado de Alagoas). Sua bacia hidrográfica tem 640.000 km² de área. É o único rio que corre no sentido norte/sul, da região Sudeste para a região Nordeste do Brasil, devido à diferença de nível causada por uma falha geológica conhecida por "depressão sanfranciscana". Não fosse essa falha, suas águas correriam de Minas Gerais para o sul.

Na época colonial, serviu de trilha para transporte e criação de gado, ligando a região Nordeste às regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, o que lhe valeu mais um apelido: Rio dos Currais.

Seu potencial hídrico é enorme para abastecer cidades, irrigação, geração de energia, piscicultura, turismo, transporte de pessoas e cargas. Em sua extensão, além da Casca d'Anta - primeira e mais bonita - existem algumas quedas d'água, entre as quais a cachoeira de Pirapora, entre o curso alto e médio do rio, Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso.

Vários problemas têm afetando o rio, como o assoreamento - causado principalmente pelo desmatamento de sua mata ciliar - o garimpo e o despejo de esgoto e outros dejetos. Tratado como uma fossa, recebe dejetos orgânicos e químicos das indústrias, pessoas e animais. O desmatamento irresponsável serviu em grande parte para o fornecimento de carvão para a siderurgia de Minas Gerais.

O São Francisco é um importantíssimo recurso natural para o desenvolvimento regional, e é o responsável pela geração da energia elétrica que abastece o país, especialmente o Nordeste e boa parte de Minas Gerais, através das hidrelétricas de Três Marias, Paulo Afonso, Sobradinho, Xingó e Itaparica.

Considerando sua grande importância para o Brasil, o Velho Chico é um doente que necessita de tratamento urgente, para que continue a servir tão bem, tanto a nossa geração quanto às futuras, antes que a devastação se torne irreversível.

O rio São Francisco, denominado "rio da unidade nacional” representa a força de todas as correntes étnicas do Brasil, porque uniu as raças desde as camadas humanas mais antigas às estruturas étnicas e políticas mais recentes do País. Aproxima o sertão do litoral e integra homens e culturas.

Infelizmente o futuro do Velho Chico é incerto, ele agoniza... E os ribeirinhos dependentes dele sofrem também!

Regina Coeli Vieira Machado/O Sibarita

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sábado, setembro 19, 2015

ABSTRATA

Abstrata

Ai ai de nós por entre o amor e os nossos carnais,
O agora da paixão montado num touro selvagem!
Pelo extremo, o horizonte consolador, os punhais
Sangrando os sóis das afeições afins na aragem...

Do vocábulo a outro vocábulo o libertino inspira,
Une a efervescência, desejos pulsando o coração.
Pelo gume certeiro que a espada do amor aspira,
Abrandam-se fervuras nos pontos de interações...

Por entre pretextos, o querer enseja, sobressalta,
Trazendo-nos o canto propenso das luas fugitivas.
A lua que o coração no azul celeste unge vai alta,
Céu pleno, risos arejados em noites de esquivas...

Pelo precipício eternal, o amor rodeia suspirando,
Acende as tuas lanternas noturnas, noite de glória!
Ó alma doce os mistérios maledicentes palpitando
No teu corpo aromado de água de sol e magnólia...

Ó volúpias, ó essências, trazes no peito as vontades
Dessa fantasia tropical, volúpia, plenilúnio reticente.
O eflorescer das auroras e aromas de ti, a tua carne!
E este poema de arquitetura abstraída, tão carente...

O Sibarita

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sábado, agosto 22, 2015

ÍNTIMO

Íntimo

No meu peito esse amor irrigando em avarias,
Avança em fúria transpondo as finas esporas.
Sibila a estação em vontades no frio das horas
E, dentro da noite, ecos asilados de ventanias...

Eu ascendo nas manhãs e escalo as montanhas,
No pico do peito uma brisa preenche o coração.
Porquanto, o querer surge em restos de solidão,
Agora o amor sopra das minhas/tuas entranhas...

Sobre o tempo um candelabro aberto no âmago,
Semeia enigmas, semeia utopias, semeia afagos.
Lamparina acesa de palavras respirando ilusão...

E aos prantos nos teus belos olhos derramados,
O amor sobrenadando ingenuamente disfarçado.
Noites de estandartes e lanças, de luas e expiação...


O Sibarita

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segunda-feira, agosto 03, 2015

DELIBERADO


Deliberado

Pelas curvas das tardes morrem os dias alvissareiros
O tempo ronda com sua foice a solidão dos reversos.
Pelo silêncio, a fome de ti...  A vida não tem roteiros,
No horizonte, a lua galopa, filtra o branco dos versos...

Sem penumbras e com aromas as palavras são tochas
Do coração carreando a paixão na sua túnica de aço.
Bebo o amor, sinto arder o ar, ouço o coral das rochas,
O sol circunscreve a muralha. Faço. Desfaço. Renasço...

Corro mundo varrido pelos quatros ventos da paixão
Por entre céus de mármores e noites ancoradas assim
Na afeição das tuas chamas... Sinto, vivo na cerração
À espreita dos sinais do teu fogo para me refundir...

Na tua essência vestido de amor, súbito, feroz de ti,
Em céus: códigos cifrados das loucuras íntimas de nós.
Mil desejos aflorados aguardam teu fogaréu sem-fim
Constelados nas dobras dos dias de um sol de girassóis

É, Deus te criou, destruiu o molde, tens um lado estrelar
Encontrado no princípio e no fim do que tu me consomes!
Acerco-te a passos lentos medindo o gozo do teu respirar
Ai moça! Ao reverso da fome de ti, sempre será a fome...

O teu ventre:
Sol amaranto e coral.
Intimo de mim,
Dentro do peito
Uma chama intensa
Entrelaçada com a brisa
Da tua ausência...

O Sibarita
 
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