quinta-feira, fevereiro 26, 2015

ARESTA

Aresta

Dengo, o sol da manhã em teu olhar se banha,
No meu espelho a tua efígie de aurora madura
É luz e desejo impregnando minhas entranhas,
Nos céus vertendo o azul vítreo, amor e doçura...

Viajar ao teu mar, ao teu destino, ao teu porto,
Ancorar em ti, solver a tua brisa, ser a tua vida.
Essência do encanto, chamas do amor absorto,
Nesse teu corpo modulando cobiça e acolhida...

Agora forma e fôrma se conjugam amanhadas,
Palpando-se nos planos pensativos desse amor.
Os céus fundem-se esparramando luas, amada,
Pelos confins do apego a paixão abre-se em flor...

Enquanto tuas mãos - só as minhas a senti-las –
Afetuosas à delícia de palpar, de sentir e tocar.
Íntimas sobre o meu corpo refém, a lua cintila,
Fogo e as vontades espiam-se, explode o amar...

Mas, na alvorada dos teus lábios despontando,
O que me maravilha e me inspira em desvelos
É o teu sorriso de amor, sorriso arisco, brando,
O sol de Jauá se dissolvendo nos teus desejos...

Quanto sentimento no teu corpo tão candente
O calor e o carinho, tanta distância a transpor.
Para tocar o meu peito com o teu peito ausente,
Medita a flor, absorve o vento, percorre o amor...

O Sibarita

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sexta-feira, fevereiro 20, 2015

ADEUS CARNAVAL!

O fenômeno do carnaval baiano IGOR KANNARIO arrebentou na segunda feira no Campo Grande, estimada 30/40 mil pessoas seguindo o seu trio elétrico. Intitulado o Príncipe do Gueto comandou os súditos das periferias de Salvador, Claro, eu estava lá sim! Desligue a Humaitá ao lado, vale a pena ver o vídeo e prestar atenção nas músicas, nas letras que falam a linguagem dos guetos soteropolitanos.

Adeus Carnaval

Tô na depressão mamãe! Já foi, acabou o carnaval
Não brinquei em serviço não! No olhar da piriguete
Era fissura, era quentura nas chamas deste bacanal,
Ai! Cada beijo na boca, cada gozo, eu ligado na Ivete...

Zorra, tô acabadinho! No bagaço do bagaço da folia,
Opraisso! No olimpo, palco da folia e folia é solidão!
Viraram cinzas os véus, a cobiça morre nas agonias,
Os beijos na boca e os gozos transpiram na inanição...

É a chama da babilônia! A Aline Rosa de fio dental,
A glória no Campo Grande, meus desejos avionados,
Eu bagaço, bagaço! Skimdim dim, ai meu birimbau,
Todo teso no toque das meninas, gozos descarados...

Se liga que sou barril, se você vier tem e como tem,
O coro comeu aflorado, nos quereres a minha nega,
Bateu fofo! E eu aqui solto nos braços de outro bem
Na luxúria me entreguei às donas nigrinhas acesas...

Hoje, no arrastão da Ivete rasguei a minha fantasia,
Adeus carnaval, adeus mundaréu, adeus inocência!
Osculei a aurora desta quarta de cinzas sem agonia,
Então, na fé, purifico-me em 40 dias de abstinência...

Zé Lalado


BAIANÊS EMPREGADO

Tô na depressão mamãe! – Estou triste meu amor!
Já foi – Acabou.
Não brinquei em serviço não! – Não dei bobeira no carnaval.
No olhar da piriguete – Olhar sensual, matador.
Ligado na Ivete – De olho numa mulher toda boa.
Zorra, tô acabadinho! – Xiiii estou muito cansado.
No bagaço do bagaço da folia – Acabado de pular o carnaval.
Opraisso! – Olhe para isso!
Viraram cinzas os véus – Acabaram os esconderijos.
É a chama da babilônia! – O fogo da perdição!
Eu bagaço, bagaço! – Eu jogo duro, duro!
Skimdim dim, ai meu birimbau – O som do birimbau.
Se liga que sou barril – Saiba que sou problema.
O coro comeu aflorado – O amor chegou com força.
Minha nega – Minha mulher.
Bateu fofo – Perdeu a oportunidade, se retraiu.
Nos braços de outro bem – Nos braços de outra mulher.
Donas nigrinhas acesas – Mulheres mundanas com desejos a flor da pele.
Arrastão da Ivete – Final do carnaval, Ivete faz arrastão na quarta de cinzas.

Zé Lalado

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sábado, fevereiro 14, 2015

O CARNAVAL lI


Caro leitor, pare a Humaitá ao lado para degustar esse vídeo que da Banda Mel, um dos seus muitos sucessos. Baianidade Nagô de 1991, um hino do carnaval baiano sempre bem tocado em todos os carnavais. Alô Lalado demais, né não? kkkk

O Carnaval 
(Tradução do baianês após poesia)

Alô desejo, alô doçura, alô paixão, já é carnaval!
Baixei os meus santos e coloquei meu trio na rua.
Você não veio, se passou! Eu aqui todinho carnal
Mandando ver nas donas moças sob as luas nuas...

Tô todo entregue, alavonté no carnaval do Ilê Aiyê,
É barril dobrado, nada prá ninguém, treme a terra,
O mundo negro desse a avenida é tão lindo de se vê
É tudo nosso, nada deles! E cada uma negona fera...

Seu nego todo gostoso tá um arisco virado no estopô,
Né querendo me mostrar não! Tô no olor do bacanal!
Ô criatura, se plante, viu? O coro come! Haja o amor,
Plenitude dos pensamentos no profano do carnaval...

Oi, cê tá ligada qui cê é minha corrente e meu desejo?
Cadê you? Ò pai ò! Você podia vir que né esparro não!
Uma moça de lábios carnosos me mata de tanto beijo.
-Como, fidelidade? Ôxe! Tá dominado no estremeção...

Dengo, vou queixá aquela piriguete do olhar de abismo
Tô ouriçadíssimo, sentiu? É, liberou geral no vem e vai
Das águas intensas deste carnaval atiçando o meu juízo,
Né comigo não! Se abrir a guarda, é biriba nela mô pai...

E não é que lá ela gostou mãe? Gamou! Caí foi fora, viu?
Me piquei fui para o circuito Barra/Ondina, tô na cena!
É niuma! Gunsei a nega dos beiços amora e o imo a mil
Ô deliça! Ai, assim, você mata papá dona moça obscena...

Olhando o mar de Ondina navego o desejo na vadiagem,
Em cima do trio da Ivete curto a minha baianidade nagô!
Atrás do trio vou acochambrando na pegação da aragem
E no toque do agogô, como o seu nego gosta, ó o auê aí ô!

Ômopai! O Pablo tocando e eu nessa dor, nessa sofrencia,
-Você tá onde? Gaviões da fiel ou no galo da madrugada?
Mãe, sem você por perto, uma lua despudorada e intensa,
Brilha nos meus braços e pula o carnaval toda assanhada...

Mãe, relaxe! Se bote ai, vá! Aqui é tudo dez! É tome e tome,
Na fissuração, eu vou brincando com as moças e se realiza!
Os desejos atiçam, o fogo sobe na chama que nos consome,
Cada gostosa, os gozos disparam, estou entregue as ninjas...

Valha-me Deus, Nosso Senhor do Bonfim! kkkkk

Se rete não! Tô ligado que cê tá ligada na de colé de merma!


O Sibarita

TRADUÇÃO DO BAIANÊS

Baixei os meus santos – Tirei os meus santos do altar, virei profano.
Coloquei meu trio na rua – Coloquei meu corpo na rua.
Você não veio, se passou – Você não apareceu, deu bobeira.
Eu aqui todinho carnal – Todo profano, afim, muito afim de sexo.
Mandando ver nas donas moças sob luas nuas – Namorando as moças sob a lua cheia.
Tô todo entregue, alavonté – Estou a vontade, envolvido.
É barril dobrado – Explosivo dobrado, problema dobrado.
Nada prá ninguém, treme a terra – Não tem nada para o outro, a terra treme.
O mundo negro – O Ilê Aiyê
É tudo nosso, nada deles! – Tudo de bom nos pertence e não a eles (os inimigos)
E cada uma negona fera – Cada uma mulher bonita, boa de corpo.
Seu nego todo gostoso – Seu amor é muito gostoso.
Tá um arisco virado no estopô – Está um agoniado da zorra, retado.
Né querendo me mostrar não! – Não é querendo me amostrar não!
Tô no olor do bacanal – Estou no perfume da sacangem.
Ô criatura, se plante, viu? – Amigo (a) fique na sua, certo?
O coro come – O desejo sexual transbordando.
Haja o amor – Afim de sexo
Cê tá ligada qui cê é minha corrente - Você sabe que é minha amiga?
Cadê you? – Cadê você?
Ò pai ò! – Olhe para ai, olhe!
Você podia vir que né esparro não! – Você pode vir que não tem problema algum.
Uma moça de lábios carnosos – Uma piriguete de lábios grossos.
Tá dominado no estremeção – Está contido no impulso.
Queixá aquela piriguete – Vou paquerar aquela garota.
Olhar de abismo - Olhar de cobiça, desejo..
Tô ouriçadíssimo, sentiu? – Estou com muita vontade de sexo, percebeu?
Liberou geral  – Está tudo liberado.
Atiçando o meu juízo -  Agoniando o juízo.
Né comigo não! – Não é comigo não!
Se abrir a guarda, é biriba nela mô pai – Se der bobeira é sexo com ela meu amigo.
Lá ela gostou mãe? – Ela gostou meu amor.
Gamou! – Apaixonou.
Me piquei – Me sai, fui embora.
Tô na cena! – Estou na festa, estou presente.
É niuma! – Sem problema, não é nada.
Gunsei – Peguei.
Beiços amora – Lábios sabor de amora.
Ô deliça! – Que delicia!
Você mata papá – Você mata de gozos seu amor
Baianidade nagô – Assumir-se negro.
Acochambrando – Se abraçando, apertando o um corpo ao outro.
Pegação da aragem – Sacanagem conforme o momento.
Ó o auê aí ô! -Única frase universal a utilizar apenas vogais.
Ômopai! – Ai Meu Deus!
Sofrência – Tipo de música que dói o coração.
Lua despudorada – Lua, mulher que gosta muito de sexo.
Brilha nos meus braços – E muitos carinhos nos braços de um homem.
Mãe, relaxe! – Mulher se descontraia.
Se bote ai, vá! Aqui é tudo dez! É tome e tome,
As ninjas – As mulheres que sabem tudo do sexo.
Tô ligado que cê tá ligada na de colé de merma – Estou ciente do seu conhecimento a respeito do assunto.


O Sibarita

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domingo, fevereiro 08, 2015

CAMÉLIA


Camélia

É manhã,
e de longe, a caminho,
pintando na janela
o sol desenrola
as suas velas.
Ah, essa luz,
inspiração sublime
brilhando intensamente
sobre a alfombra do tempo.
Um dia límpido e claro!
No azul do céu,
no azul da terra e no azul do mar
um dia perfeito para ser feliz
um dia para quem sabe amar!
Mas, eis o por do sol,
doce encantamento
de desejos e suspiros
quando o sol
as suas velas recolhe
e a noite chega
trazendo a lua
no alforje.

Zé Corró

Humaitá no carnaval, beleza pura!
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segunda-feira, fevereiro 02, 2015

IEMANJÁ


Parem a Humaitá ao lado e assistam Gerônimo, Mariene Castro e Armandinho
cantando a música É d'Oxum composição de Gerônimo e Veve Calazans. Demais!

Iemanjá

Ô Fia, tô no Rio Vermelho, é festa da dona do mar,
Fiz pedidos e por aforismo os seus também, Alodê!
Vaidosa, poderosa, dona das cabeças, salve Iemanjá!
Com os presentes no barco, mando beijos para ôce...

Preta, estou de espinhela caída na nata dos desejos,
O sincretismo religioso da festa de Iemanjá, fogaréu.
Nos meus patuás e minhas vestes brancas, o ensejo,
Toques dos atabaques repicam quereres no azul céu...

Ô nega da alma fresca, cheia de assuntos, toda petitosa.
Aqui, o sol do Rio Vermelho se refresca no mar, Odoyá!
Ouriçadíssimas vontades plenas neste aromal de rosas
Arqueja a bem aventurança aos filhos (as) de Iemanjá...

Mar de almirante e nele a fé, os pedidos, os presentes,
Vejo, participo de perto a colossal procissão dos barcos.
A moça que mora no mar é vaidosa, amorosa, no alente,
Não faz distinção, tudo é uma coisa só, o pobre, o farto...

Nos teus cabelos tem o céu com muitas luas iluminando,
Olhos consoladores, espelho de todo bem, diva do amor!
A essência! Além dos mares, além dos rios, dos oceanos,
Odoyá, Iemanjá! Com a candeia nas mãos, Ora yê yê ô!

Neguinha, estou com os poros à flor do desejo que afoga,
Os desejos mundanos nos olhos daquela moça inocente.
Ao tudo da sedução, fogueira, em que o amor venal roga.
No aqui da festa de Iemanjá em que sou muito serpente...


O Sibarita

BAIANÊS

Ô Fia – Ô menina.
Tô – Estou.
Rio Vermelho – O bairro mais boêmio de Salvador, onde é feita a festa de Iemanjá.
Ôce – Você
Preta – Carinhosamente chamando uma mulher.
Estou de espinhela caída – Estou pasmo.
Patuás –  Amuleto da sorte.
Ô nega – Carinhosamente chamando uma mulher.
Alma fresca – Jovial, jovem.
Cheia de assuntos – Mulher que conversa muito, tem muita conversa.
Toda petitosa – Toda gostosa.
Aromal de rosas – Perfume de rosas.
Mar de Almirante – Mar sereno, calmo para navegar.
A moça que mora no mar – Iemanjá.
Neguinha – Amorosamente chamando uma mulher.
Moça inocente – Mulher da vida, mundana.
Muito serpente – Muito desejoso.

O Sibarita

SOBRE IEMANJÁ

Iemanjá é um orixá feminino (divindade africana) das religiões Candomblé e Umbanda. O seu nome tem origem nos termos do idioma Yorubá “Yèyé omo ejá”, que significam “Mãe cujos filhos são como peixes”.

Mãe-d'água dos Iorubatanos no Daomé, de orixá fluvial africano passou a marítimo no Norte do Brasil.

No Brasil, a deusa Iemanjá recebe diferentes nomes, dentre eles: Dandalunda, Inaé, Ísis, Janaína, Marabô, Maria, Mucunã, Princesa de Aiocá, Princesa do Mar, Rainha do Mar, Sereia do Mar, etc.

Iemanjá é a padroeira dos pescadores. É ela quem decide o destino de todos aqueles que entram no mar. Também é considerada como a “Afrodite brasileira”, a deusa do amor a quem recorrem os apaixonados em casos de desafetos amorosos.

No dia 2 de fevereiro acontece em Salvador, capital do Estado da Bahia, a maior festa popular dedicada a Iemanjá. Neste dia, milhares de pessoas trajadas de branco fazem uma procissão até ao templo de Iemanjá, localizado na praia do Rio Vermelho, onde deixam os presentes que vão encher os barcos que os levam para o mar.
No Rio de Janeiro as festas em honra de Iemanjá estão relacionadas com a passagem de ano.
Nos candomblés fiéis às origens africanas, o culto é prestado em locais fechados, nos atuais o culto é ao ar livre, prestado no mar e nas lagoas, sendo Iemanjá muitas vezes representada como sereia.

Os devotos levam para o mar vários presentes que são tidos como recusados quando não afundam ou quando são devolvidos à praia.

Dentre as diversas oferendas para a bela e vaidosa deusa, encontram-se flores, bijuterias, vidros de perfumes, sabonetes, espelhos e comidas. O ritual se repete em outras praias do Brasil.

As celebrações em homenagem a Iemanjá também acontecem em 15 de agosto, 8 de dezembro e 31 de dezembro.

Iemanjá e Música
Existem várias músicas que são feitas em homenagem a Iemanjá. Exemplo disso é a música "Iemanjá" do grupo musical Chimarruts, uma banda de reggae do Rio Grande do Sul.

Iemanjá e Sincretismo
No sincretismo religioso, Iemanjá corresponde a Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Piedade e Virgem Maria.