O fenômeno do carnaval baiano IGOR KANNARIO arrebentou na segunda feira no Campo Grande, estimada 30/40 mil pessoas seguindo o seu trio elétrico. Intitulado o Príncipe do Gueto comandou os súditos das periferias de Salvador, Claro, eu estava lá sim! Desligue a Humaitá ao lado, vale a pena ver o vídeo e prestar atenção nas músicas, nas letras que falam a linguagem dos guetos soteropolitanos.
Adeus Carnaval
Tô na depressão mamãe! Já foi, acabou o
carnaval
Não brinquei em serviço não! No olhar da
piriguete
Era fissura, era quentura nas chamas deste
bacanal,
Ai! Cada beijo na boca, cada gozo, eu ligado
na Ivete...
Zorra, tô acabadinho! No bagaço do bagaço
da folia,
Opraisso! No olimpo, palco da folia e
folia é solidão!
Viraram cinzas os véus, a cobiça morre nas
agonias,
Os beijos na boca e os gozos transpiram
na inanição...
É a chama da babilônia! A Aline Rosa de
fio dental,
A glória no Campo Grande, meus desejos avionados,
Eu bagaço, bagaço! Skimdim dim, ai meu
birimbau,
Todo teso no toque das meninas, gozos
descarados...
Se liga que sou barril, se você vier tem
e como tem,
O coro comeu aflorado, nos quereres a
minha nega,
Bateu fofo! E eu aqui solto nos braços de
outro bem
Na luxúria me entreguei às donas nigrinhas
acesas...
Hoje, no arrastão da Ivete rasguei a minha
fantasia,
Adeus carnaval, adeus mundaréu, adeus
inocência!
Osculei a aurora desta quarta de cinzas
sem agonia,
Então, na fé, purifico-me em 40 dias de
abstinência...
Zé Lalado
BAIANÊS
EMPREGADO
Tô na depressão
mamãe! – Estou triste meu amor!
Já foi – Acabou.
Não brinquei
em serviço não! – Não dei bobeira no carnaval.
No olhar da
piriguete – Olhar sensual, matador.
Ligado na Ivete
– De olho numa mulher toda boa.
Zorra, tô
acabadinho! – Xiiii estou muito cansado.
No bagaço do
bagaço da folia – Acabado de pular o carnaval.
Opraisso! –
Olhe para isso!
Viraram cinzas
os véus – Acabaram os esconderijos.
É a chama da
babilônia! – O fogo da perdição!
Eu bagaço,
bagaço! – Eu jogo duro, duro!
Skimdim dim,
ai meu birimbau – O som do birimbau.
Se liga que
sou barril – Saiba que sou problema.
O coro comeu aflorado
– O amor chegou com força.
Minha nega –
Minha mulher.
Bateu fofo –
Perdeu a oportunidade, se retraiu.
Nos braços de
outro bem – Nos braços de outra mulher.
Donas nigrinhas
acesas – Mulheres mundanas com desejos a flor da pele.
Arrastão da
Ivete – Final do carnaval, Ivete faz arrastão na quarta de cinzas.
Zé Lalado
Se ligue Humaitá Web Rádio, a boa!. www.radiohumaita.com.br
Caro leitor, pare a Humaitá ao lado para degustar esse vídeo que da Banda Mel, um dos seus muitos sucessos. Baianidade Nagô de 1991, um hino do carnaval baiano sempre bem tocado em todos os carnavais. Alô Lalado demais, né não? kkkk
O
Carnaval (Tradução do baianês após poesia)
Alô
desejo, alô doçura, alô paixão, já é carnaval!
Baixei
os meus santos e coloquei meu trio na rua.
Você não
veio, se passou! Eu aqui todinho carnal
Mandando
ver nas donas moças sob as luas nuas...
Tô todo
entregue, alavonté no carnaval do Ilê Aiyê,
É barril
dobrado, nada prá ninguém, treme a terra,
O mundo
negro desse a avenida é tão lindo de se vê
É tudo nosso,
nada deles! E cada uma negona fera...
Seu nego
todo gostoso tá um arisco virado no estopô,
Né
querendo me mostrar não! Tô no olor do bacanal!
Ô
criatura, se plante, viu? O coro come! Haja o amor,
Plenitude
dos pensamentos no profano do carnaval...
Oi, cê
tá ligada qui cê é minha corrente e meu desejo?
Cadê
you? Ò pai ò! Você podia vir que né esparro não!
Uma moça
de lábios carnosos me mata de tanto beijo.
-Como,
fidelidade? Ôxe! Tá dominado no estremeção...
Dengo, vou queixá
aquela piriguete do olhar de abismo
Tô ouriçadíssimo,
sentiu? É, liberou geral no vem e vai
Das águas intensas
deste carnaval atiçando o meu juízo,
Né comigo não! Se
abrir a guarda, é biriba nela mô pai...
E não é que lá ela
gostou mãe? Gamou! Caí foi fora, viu?
Me piquei fui para
o circuito Barra/Ondina, tô na cena!
É niuma! Gunsei a nega
dos beiços amora e o imo a mil
Ô deliça! Ai, assim, você mata papá dona moça
obscena...
Olhando o mar de Ondina navego o desejo na
vadiagem,
Em cima do trio da Ivete curto a minha
baianidade nagô!
Atrás do trio vou acochambrando na pegação da
aragem
E no toque do agogô, como o seu nego gosta, ó
o auê aí ô!
Ômopai! O Pablo tocando e eu nessa dor, nessa
sofrencia,
-Você tá onde? Gaviões da fiel ou no galo da
madrugada?
Mãe, sem você por perto, uma lua despudorada
e intensa,
Brilha nos meus braços e pula o carnaval toda
assanhada...
Mãe, relaxe! Se bote ai, vá! Aqui é tudo dez!
É tome e tome,
Na fissuração, eu vou brincando com as moças e se realiza!
Os desejos atiçam, o fogo sobe na chama que nos
consome,
Cada gostosa, os gozos disparam, estou entregue
as ninjas...
Valha-me Deus, Nosso Senhor do Bonfim! kkkkk
Se rete não! Tô ligado que cê tá ligada na de
colé de merma!
O Sibarita
TRADUÇÃO DO BAIANÊS
Baixei os
meus santos – Tirei os meus santos do altar, virei profano.
Coloquei meu
trio na rua – Coloquei meu corpo na rua.
Você não veio,
se passou – Você não apareceu, deu bobeira.
Eu aqui todinho
carnal – Todo profano, afim, muito afim de sexo.
Mandando ver
nas donas moças sob luas nuas – Namorando as moças sob a lua cheia.
Tô todo
entregue, alavonté – Estou a vontade, envolvido.
É barril
dobrado – Explosivo dobrado, problema dobrado.
Nada prá
ninguém, treme a terra – Não tem nada para o outro, a terra treme.
O mundo negro
– O Ilê Aiyê
É tudo nosso,
nada deles! – Tudo de bom nos pertence e não a eles (os inimigos)
E cada uma negona
fera – Cada uma mulher bonita, boa de corpo.
Seu nego todo
gostoso – Seu amor é muito gostoso.
Tá um arisco
virado no estopô – Está um agoniado da zorra, retado.
Né querendo
me mostrar não! – Não é querendo me amostrar não!
Tô no olor do
bacanal – Estou no perfume da sacangem.
Ô criatura,
se plante, viu? – Amigo (a) fique na sua, certo?
O coro come –
O desejo sexual transbordando.
Haja o amor –
Afim de sexo
Cê tá ligada
qui cê é minha corrente - Você sabe que é minha amiga?
Cadê you? –
Cadê você?
Ò pai ò! –
Olhe para ai, olhe!
Você podia
vir que né esparro não! – Você pode vir que não tem problema algum.
Uma moça de
lábios carnosos – Uma piriguete de lábios grossos.
Tá dominado
no estremeção – Está contido no impulso.
Queixá aquela piriguete – Vou paquerar aquela garota.
Olhar de abismo - Olhar de cobiça, desejo..
Tô ouriçadíssimo, sentiu? – Estou com muita vontade de sexo, percebeu?
Liberou geral – Está tudo
liberado.
Atiçando o meu juízo - Agoniando
o juízo.
Né comigo não! – Não é comigo não!
Se abrir a guarda, é biriba nela mô pai – Se der bobeira é sexo com ela
meu amigo.
Lá ela gostou mãe? – Ela gostou meu amor.
Gamou! – Apaixonou.
Me piquei – Me sai, fui embora.
Tô na cena! – Estou na festa, estou presente.
É niuma! – Sem problema, não é nada.
Gunsei – Peguei.
Beiços amora – Lábios sabor de amora.
Ô deliça! – Que delicia!
Você mata papá – Você mata
de gozos seu amor
Baianidade nagô – Assumir-se
negro.
Acochambrando – Se abraçando,
apertando o um corpo ao outro.
Pegação da aragem –
Sacanagem conforme o momento.
Ó o auê aí ô! -Única frase
universal a utilizar apenas vogais.
Ômopai! – Ai Meu Deus!
Sofrência – Tipo de música
que dói o coração.
Lua despudorada – Lua,
mulher que gosta muito de sexo.
Brilha nos meus braços – E muitos
carinhos nos braços de um homem.
Mãe, relaxe! – Mulher se
descontraia.
Se bote ai, vá! Aqui é tudo
dez! É tome e tome,
As ninjas – As mulheres que
sabem tudo do sexo.
Tô ligado que cê tá ligada
na de colé de merma – Estou ciente do seu conhecimento a respeito do assunto.
O Sibarita
Que tal se ligar na Humaitá? www.radiohumaita.com.br
É manhã,
e de longe, a caminho,
pintando na janela
o sol desenrola
as suas velas.
Ah, essa luz,
inspiração sublime
brilhando intensamente
sobre a alfombra do tempo.
Um dia límpido e claro!
No azul do céu,
no azul da terra e no azul do mar
um dia perfeito para ser feliz
um dia para quem sabe amar!
Mas, eis o por do sol,
doce encantamento
de desejos e suspiros
quando o sol
as suas velas recolhe
e a noite chega
trazendo a lua
no alforje.
Zé Corró Humaitá no carnaval, beleza pura! www.radiohumaita.com.br
Parem a Humaitá ao lado e assistam Gerônimo, Mariene Castro e Armandinho
cantando a música É d'Oxum composição de Gerônimo e Veve Calazans. Demais!
Iemanjá
Ô Fia, tô no
Rio Vermelho, é festa da dona do mar,
Fiz pedidos e
por aforismo os seus também, Alodê!
Vaidosa,
poderosa, dona das cabeças, salve Iemanjá!
Com os
presentes no barco, mando beijos para ôce...
Preta, estou
de espinhela caída na nata dos desejos,
O sincretismo
religioso da festa de Iemanjá, fogaréu.
Nos meus
patuás e minhas vestes brancas, o ensejo,
Toques dos
atabaques repicam quereres no azul céu...
Ô nega da
alma fresca, cheia de assuntos, toda petitosa.
Aqui, o sol
do Rio Vermelho se refresca no mar, Odoyá!
Ouriçadíssimas
vontades plenas neste aromal de rosas
Arqueja a bem
aventurança aos filhos (as) de Iemanjá...
Mar de
almirante e nele a fé, os pedidos, os presentes,
Vejo, participo
de perto a colossal procissão dos barcos.
A moça que mora
no mar é vaidosa, amorosa, no alente,
Não faz
distinção, tudo é uma coisa só, o pobre, o farto...
Nos teus
cabelos tem o céu com muitas luas iluminando,
Olhos consoladores,
espelho de todo bem, diva do amor!
A essência!
Além dos mares, além dos rios, dos oceanos,
Odoyá, Iemanjá! Com a candeia nas mãos, Ora yê yê ô!
Neguinha, estou
com os poros à flor do desejo que afoga,
Os desejos
mundanos nos olhos daquela moça inocente.
Ao tudo da sedução,
fogueira, em que o amor venal roga.
No aqui da
festa de Iemanjá em que sou muito serpente...
O Sibarita
BAIANÊS
Ô Fia – Ô menina.
Tô – Estou.
Rio Vermelho –
O bairro mais boêmio de Salvador, onde é feita a festa de Iemanjá.
Ôce – Você
Preta – Carinhosamente
chamando uma mulher.
Estou de
espinhela caída – Estou pasmo.
Patuás – Amuleto da sorte.
Ô nega –
Carinhosamente chamando uma mulher.
Alma fresca –
Jovial, jovem.
Cheia de
assuntos – Mulher que conversa muito, tem muita conversa.
Toda petitosa
– Toda gostosa.
Aromal de
rosas – Perfume de rosas.
Mar de
Almirante – Mar sereno, calmo para navegar.
A moça que
mora no mar – Iemanjá.
Neguinha –
Amorosamente chamando uma mulher.
Moça inocente
– Mulher da vida, mundana.
Muito
serpente – Muito desejoso.
O Sibarita
SOBRE IEMANJÁ
Iemanjá é um orixá feminino (divindade africana) das
religiões Candomblé e Umbanda. O seu nome tem origem nos termos
do idioma Yorubá “Yèyé omo ejá”, que significam “Mãe cujos filhos são
como peixes”.
Mãe-d'água dos Iorubatanos no Daomé, de orixá
fluvial africano passou a marítimo no Norte do Brasil.
No Brasil, a deusa Iemanjá recebe diferentes nomes,
dentre eles: Dandalunda, Inaé, Ísis, Janaína, Marabô, Maria, Mucunã, Princesa
de Aiocá, Princesa do Mar, Rainha do Mar, Sereia do Mar, etc.
Iemanjá é a padroeira dos pescadores. É ela quem
decide o destino de todos aqueles que entram no mar. Também é considerada como
a “Afrodite brasileira”, a deusa do amor a quem recorrem os apaixonados em
casos de desafetos amorosos.
No dia 2 de fevereiro acontece em Salvador, capital
do Estado da Bahia, a maior festa popular dedicada a Iemanjá. Neste dia,
milhares de pessoas trajadas de branco fazem uma procissão até ao templo de
Iemanjá, localizado na praia do Rio Vermelho, onde deixam os presentes que vão
encher os barcos que os levam para o mar.
No Rio de Janeiro as festas em honra de Iemanjá
estão relacionadas com a passagem de ano.
Nos candomblés fiéis às origens africanas, o culto
é prestado em locais fechados, nos atuais o culto é ao ar livre, prestado no
mar e nas lagoas, sendo Iemanjá muitas vezes representada como sereia.
Os devotos levam para o mar vários presentes que
são tidos como recusados quando não afundam ou quando são devolvidos à praia.
Dentre as diversas oferendas para a bela e vaidosa
deusa, encontram-se flores, bijuterias, vidros de perfumes, sabonetes, espelhos
e comidas. O ritual se repete em outras praias do Brasil.
As celebrações em homenagem a Iemanjá também
acontecem em 15 de agosto, 8 de dezembro e 31 de dezembro.
Iemanjá e Música
Existem várias músicas que são feitas em homenagem
a Iemanjá. Exemplo disso é a música "Iemanjá" do grupo musical
Chimarruts, uma banda de reggae do Rio Grande do Sul.
Iemanjá e Sincretismo
No sincretismo religioso, Iemanjá corresponde a Nossa Senhora dos
Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias, Nossa
Senhora da Piedade e Virgem Maria.