terça-feira, março 26, 2013

REMISSÃO


Remissão

Acendem-se as novas réstias de luzes já é quarta-feira,
Os desejos aflorados, eu voltei ao mundano. Ôie Baco!
Na cena: eu, o profano e ela, a lua, obscena por inteira
Depois de 40 dias nas cinzas, eu o Dionísio, me refaço...

Nestes versos de remissão feitos para as donas meninas.
É que na Roma antiga, agora, é tudo orgia. Eu, o jogral
Remonta o anfiteatro. Das coxias abro todas as cortinas
No sétimo ato dos desejos que serão os dias de bacanal...

Então, desfraldo a bandeira do prazer. Faço o retorno
Dos amores frívolos e venais, aimôpai! Cumpro a sina.
Tenho nos lábios o sabor mel. No mar, o sol delicioso,
No alforje, a claridade dos gozos de todas as meninas...

Daqui para frente o fogo abundante das carnes atiçadas
Das mundanas da Conceição e da Montanha. Evoé Baco!
Tudo que deixou de ser nos gozos das moças recatadas.
Eu, o Sibarita recoloca o manto da sacanagem! Embarco...

Luz de todas as cores, na cor do sol, molusco em chamas,
Ai Deus! Todo esse fulgor, agora, se apresenta e se rende.
Desejos e bacanal navegam o mar de cobiças sem escamas,
Baco! Adeus quarta feira de cinzas, a delícia nos acende...

Abrigo-me nas imaginações das moças, o melhor do profano!
Fiz as minhas penitências em quarenta dias de abstinências,
Vigiei e jejuei e nenhuma donas moças, esqueci o mundano!
-Ressurjo, agora, purificado nos ramos de todas inocências...

O Sibarita
 
FELIZ PÁSCOA!
 
Baianês:
Obscena(o) por inteira(o) – Pessoa que sabe tudo do sexo.
Donas meninas – Mulheres profissionais do sexo.
Aimôpai – Ai meu pai.
Carnes atiçadas – Corpo de mulheres fáceis, mulheres da vida.
Mundanas da Conceição e da Montanha – Local de meretrício que ficam nas ladeiras da Conceição e Montanha.
 
 
 
RÁDIO HUMAITÁ PARA QUEM GOSTA DE MÚSICA!
 
 

sexta-feira, março 22, 2013

POÉTICA


Poética

Pousa na escrivaninha este manuscrito sorvendo
O teu luar, embarco, o luar te define em desejos.
Na semiluz do quarto a tua silhueta se movendo
Anula o tempo relógio, refrega de corpos e beijos...

Pela alusão do ângulo o olhar mostra o teu contorno,
Vestíbulo de sonhos secretos no sabor de cajá e mel.
Cosmogonia poética que as palavras fazem estorno
Do tédio. Risos frescos palpando os versos no papel...

Nascente da primavera avivando flores de Almodôvar.
Singelezas do amor na fragrância do imo nestes dias,
Gerando a metamorfose até que a mutação absorva
O perfume de ti, a teu modo no aromal das agonias...

As estrofes aqui nascem em sol, inspiração e espectro.
Define-se na paixão, facho de oficio, querer sem véus  
Abrasando ondas do luar dos meus espelhos desertos
Com o sol integral espargindo em flash aos teus céus...

Torres de amor no meu peito movendo em vão, assim,
Na contradição, o imaginário silente, certeza que aflige,
Gera transformação, define formas do tempo, em mim
Há lucidez e não há ilusão, eu bem sei, mas, tu dizes...

O Sibarita

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www.radiohumaita.com.br

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domingo, março 17, 2013

ÁRTEMIS


 Ártemis
 
Ártemis, tu selvagem. Cíntia, vestida de luas,
Padeço aos pedaços da tua essência perene
Sem procurar o meu coração em noites nuas
Em que te confundo com Hécate ou Selene...
 
Ao tempo voltai, fadiga, espectro da mitologia,
Pendular dos sinos, a perfídia de Apolo te fere.
Incertezas e abismos, ciúmes, prazer e agonias,
Lua e sol dos ventres a ressureição da tua pele...
 
O céu côncavo, cifrado qual nuvem ou estrela,
Espuma de estações, relíquia da sensualidade.
Deusa da castidade, origem da tragédia grega,
Fogo de Orion, bem-aventurança da tua carne...
          
É Diana, seda orvalhada ao sabor dos albores,
Senhora das brenhas, da volúpia e das auras.  
Orion, o teu alvo no Olimpo, trevas e amores,
Sedento, ferido por tua flecha, o tempo chora...

Cíntia, na distância das tuas luas e dos meus céus,
Os nossos corpos afluem, afloram sem resquícios.
Semente lendária, chama e destino. Filha de Zeus
O que nos identifica, é a cobiça, o fogo altíssimo...

Na ilha de Delos a deusa do monte Cinto, da magia,
Consorte, enigma de estrelas caindo pelos avessos,
O tempo gira na sedução, entalhes, em noites frias. 
Ártemis, somos mitologia, lua e céu enquanto texto...  
 
O Sibarita
 
Humaitá web Rádio para quem gosta de música.
 

sexta-feira, março 08, 2013

É ROSA CHOQUE!





HOMENAGEM DE "O SIBARITA" ÀS MULHERES QUE FAZEM
ACONTECER A BLOGOSFERA COM SEUS CHARMES, CARINHOS,
SORRISOS E SABEDORIA!
 
NÓS QUE FAZEMOS “O SIBARITA” ESTAMOS AOS  SEUS PÉS, SOMOS SEUS SÚDITOS, OBRIGADO PELA GRAÇA E BELEZA!

-O Sibarita, mulheres retadas tá rebocado meu cumpadi!

-Zé Corró, ôxi! Que onda é essa? Para entrar na redação tive que me vestir de rosa, sacanagem! Ô criaturas (mulheres) não riam não, viu? Esse negócio de vestir rosa não combina comigo não! De qualquer forma, PARABÉNS  pela data! Gostem de lá eu que não pagam nada!

-Zé Lalado, realmente, essas mulheres são demais! Todas vocês moram no meu coração  não pagam nada, ô que maravilha!
 
 
DESEMBARGADORA LUISLINDA VALOIS PRIMEIRA JUÍZA NEGRA DO BRASIL
NESTA DATA REPRESENTA TODAS AS MULHERES BRASILEIRAS.
 (leia mais sobre quem é a Desembragadora, abaixo)
 
 
 
Nós, pretos, pobres e periféricos queremos ocupar os postos mais altos do país”, diz desembargadora Luislinda Valois, 1ª juíza negra brasileira.
 
 

Neta de avô escravo, filha de Santo, e primeira mulher negra a entrar para a magistratura no Brasil, Luislinda Valois, 68, quer ver mais “pretos, pobres e periféricos” governando o país. A magistrada baiana, que se formou em Direito aos 39 anos, com crédito educativo, fala ao Boletim Gênero, Raça e Etnia sobre racismo, superação, cotas, Justiça e o papel de organizações internacionais, como a ONU, na promoção da equidade.

Nomeada desembargadora substituta do Tribunal Superior de Justiça da Bahia (TJ/BA) em agosto, Luislinda recebeu o Prêmio Cláudia no mês passado, por sua luta e conquistas no combate à discriminação racial. É autora de “O Negro no Século XX” e tem dois outros livros a caminho.

Racismo na Escola – “Não é fácil ser negra e pobre nessa terra”, diz Luislinda, filha de Iansã, orixá guerreira. “Quando nasci, morávamos em um casebre de palha. Só com muita luta meus pais conseguiram construir uma casa de taipa. Para estudar, eu catei marisco, tomei conta de criança, lavei muita roupa.”

Aos nove anos, o professor de Luislinda mandou os alunos levarem réguas e compassos de plástico para a aula, no Colégio Duque de Caxias, na Liberdade, bairro negro de Salvador. O pai, motorneiro de bonde, só conseguiu comprar material de madeira. O professor disparou, na frente de toda a turma: “Menina, se seus pais não podem comprar material para você estudar, saia daqui. Vá aprender a fazer feijoada na casa de uma branca que você vai ser mais feliz”.

“Eu saí da sala correndo, chorei, chorei”, conta a magistrada, voz embargada ao lembrar humilhação, há quase 60 anos. Depois se recompôs e voltou para a aula, com a resposta na ponta da língua: “Professor, eu não vou aprender a fazer feijoada não. Vou estudar para ser juíza e, quando crescer, vou te prender”.

Luislinda formou-se em Direito aos 39 anos e, em 1984, cumpriu a promessa de se tornar juíza. Voltou ao colégio Duque de Caxias, mas não para prender o professor racista. Entre 2002 e 2003, a magistrada freqüentou colégios da capital baiana com o “Projeto Inclua no Trabalho e na Educação e Exclua da Prisão”.

“Dizem que sou a primeira juíza negra do Brasil. Não sei bem se isso é verdade, o importante não é ser a primeira ou a décima. O importante é a bandeira que eu carrego”, diz Luislinda, quem em agosto foi nomeada desembargadora substituta do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

Justiça para todos – Luislinda Valois se tornou conhecida no meio jurídico brasileiro em 1993, por sua sentença condenatória a rede de supermercados, pelo crime de racismo. Os seguranças haviam acusado injustamente de furto uma cliente negra.

“Pode publicar o nome dela, é uma mulher honesta, de uma coragem impressionante, e gosta que saibam o que aconteceu”, diz Luislinda. Aila Maria de Jesus, franzina, negra, trabalhadora doméstica, foi acusada de furtar um frango e um sabonete. Cercada pelos seguranças do supermercado, ela se recusou a abrir a bolsa sem a presença da polícia. Revelada a injustiça, Aila recorreu aos tribunais.

“O acesso à Justiça é um direito fundamental”, afirma Luislinda, destacando o papel de organismos internacionais, e principalmente da ONU, “que foi e ainda é fundamental para promover os Direitos Humanos no Brasil”.

A desembargadora vê avanços no respeito à cultura e religiões afro-brasileiras. “Tenho uma boa relação de trabalho com a Igreja Católica, Igrejas Evangélicas, inclusive com pessoas da Igreja Universal que já teve líderes acusados de intolerância religiosa]. Agora mesmo fui convidada para ser paraninfa da turma de Direito da Faculdade Batista Brasileira e aceitei, com muito orgulho. O Brasil é uma país laico, e respeito é fundamental”, diz a magistrada.

Nem sempre foi assim. O candomblé era perseguido até o início do século XX, e Luislinda ainda se lembra quando, menina, acompanhava as idas e vindas da tia para conseguir autorização para o funcionamento de um terreiro no bairro de Pirajá, em Salvador.

Para a desembargadora, a tipificação do crime de racismo e a entrada em vigor do Estatuto da Igualdade Raciail são sinais de progresso da Justiça brasileira, mas a exclusão, sobretudo econômica, permanece.

Cotas – “É preciso dar oportunidades a quem nunca teve”, diz a magistrada, favorável às cotas para o ingresso em universidades públicas. “Precisamos de mais profissionais negros qualificados. Quero mostrar ao meu povo negro que nós, pretos, pobres e periféricos, também podemos ocupar os postos mais altos do país.”

Luislinda conta que a agressão do professor racista, na escola primária, não foi a única. “Mesmo na faculdade, passei por muito achincalhamento por ser negra e pobre”, diz Luislinda, que cursou Filosofia e Teatro, antes de entrar na Faculdade Católica do Salvador (UCSAL), com crédito educativo. O depoimento de Luislinda sobre sua história foi exibido na novela “Páginas da Vida”, da rede globo.

A discriminação não cessou após a formatura. “Quando passei no concurso nacional da procuradoria do DNER (antigo Departamento Nacional de Estradas e Rodagens), em primeiro lugar, fui ‘convidada’ a ceder a vaga em Salvador, minha cidade. Curitiba me acolheu”, conta.

Família – A tristeza passa ao falar sobre a família. Luislinda não esconde o orgulho ao falar do único filho, promotor de Justiça em Sergipe, e dos irmãos, que seguiram seu conselho e seu exemplo nos estudos. “Quanto eu tinha 14 anos, minha mãe morreu. Criei meus três irmãos menores, todos honestos e trabalhadores”, diz Luislinda.

A magistrada se emociona ao lembrar-se do fascínio do pai, já idoso, diante da primeira casa de bloco da família, conquistada quando ela e o segundo irmão já tinham empregos com carteira assinada: “Meus filhos, acabou a miséria nessa casa!”. (CF) Genero, Raça e Etnia.