segunda-feira, outubro 29, 2012

TEOREMA (EQUAÇÃO)


Teorema (Equação)

Aqui adejo os meus vulcões
todos eles em lavas
e em plenas erupções.
Cospem línguas de fogo
para decifrar a incógnita
das tuas equações!

Diz-me...
Se um dos lados do teu coração
é adjacente ou um ângulo reto
de um triângulo que não é retângulo?

Sim, eu sei, poderia ser um cateto,
mais os lados não são iguais
e o teu amor é imperfeito...

O amor é a forma da igualdade
a incógnita vem na raiz da equação
e na junção de duas quantidades
o produto é a soma da tua imperfeição!

A paixão é um número multiplicado
da raiz elevada à segunda potência
na incógnita de um quadrilátero
da resultante dos quadrados...

As tuas equações são girândolas
de catetos toscos em charadas
extraídas do arco das fórmulas
no bálsamo das flores forjadas!
Na flor dos lados que formam a equação
O teu seio é a hipotenusa, o lado oposto
De uma essência, ângulo reto da paixão,
Soma dos desejos de um teorema coxo...

E então?
Fale-me dos versos!
Eles têm a marca da estigma
e o segredo dos anversos
no decifrar do teu enigma...

O Sibarita

terça-feira, outubro 23, 2012

MANDACARU

 
Mandacaru
 
As palavras são retóricas gestuais do coração agonia
Fragmentos paralelos, minutos contidos em acender
O tempo matemático do amor, poliedro, face, avaria,
E, em nós, principio e fim enviesado no transcender...
 
Mas, o amor se veste do gibão de couro e aboiando
O canto da seca, sertão do coração pela sede e fome
Espera que qualquer chuva de ti banhe alimentando.
A vontade segue, dobra no fim do teu olhar e some...
 
Ao telescópio dos meus olhos à parabólica dos astros
Captando suspiros sitiados na elocução das incertezas,
Partitura do canto, distância e deserto, infinitos castos,
Análogos, sumidouros de amor posto e paixão acesa...
 
 O tempo engole os dias sob os espinhos, amor trincado,
Rachado pelo sol escaldante do silêncio deita-se na rede,
Evapora, se apaga, parte a procura dos ventos soprados
E alimenta-se de cactos para sobreviver à fome e sede...
 
 O açude do teu seio transborda água perene em rio seco,
Pela estiagem dos desejos, voo de pássaro preto no azul.
Fome e sede, agora, são outra sede e fome, eu me perco
No teu coração estorvado na linguagem do mandacaru...
 
O Sibarita

 
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quinta-feira, outubro 18, 2012

DESÁGUE ZEN

  Deságue Zen

 Lembrar-te-ei da paixão no aroma de jasmins esmigalhados.
A dor da partida faz sentir o gosto de maresia e água salgada
E, sempre, à noite pára o tempo nas estrelas dependuradas,
Não falam à alma e não forjam o pranto do amor desaguado...

Então, Precipito-me em deixar-me aqui nesse sol escaldado,
Deixo-me vestido da tua ausência, onde, uma lua orvalhada
Que se esvai segue também sem mim por rotas desvairadas.
Não era para tu partires assim pedaço de desejos esfacelados...

Se te pareço melancólico e imperfeito, olha-me de novo
Ando mesmo zen... Suscito luas agônicas e as dissolvo.
Não se chora o fim do que não houve alma embaraçada.

Olha-me de novo. Com menos soberba. E mais atenta
As horas que descem te aprofundam na auréola densa
Encobrindo os teus olhos tão bonitos mesmo fatigados.



O Sibarita (aimôpai! kkk)

“...Só é seu aquilo que você dá, o
 beijo que você deu é seu, é seu, é seu beijo”

 
Abaixo Pop Zen no Acústico MTV por Arnaldo Antunes com nova roupagem.


segunda-feira, outubro 15, 2012

A PSIQUÊ E A RAZÃO


A Psiquê e a Razão

Há uma esquina no metafísico da minha psiquê
Que foge do oculto e se esconde no teu olhar!
Quem sou? Não me perguntes, não tentes saber
Contenta-te, fita-me e que te bastes imaginar...

Não finjo, há sim, um dilúvio de luz na minha alma,
E na paisagem os sibilos de flechas na escuridão
Rompem em tochas o noturno da noite que se acalma
No azul dos versos, no eco do psicofísico da razão...

O meu cérebro é eletrônico no perímetro urbano,
Ele tem largas ruas, becos, labirintos e um delta
Na foz da psiquê desembocando no oceano insano
Da paixão que afoga todos os desejos na aresta...

Das solidárias sou servo... Colho os lírios da lua
E olhando das estrelas, na fé, sinos axiomáticos
Badalam na esquina do pensamento a face nua
Do fervor que brota no espaço mental somático...

Mas, trago no peito, um gramofone anunciando
Um coração partido ao meio e no zênite, o fogo
Do amor que devasta nuvens alvas reverberando
No espelho de quem me vê um anjo vesgo, coxo...

O Sibarita

sábado, outubro 13, 2012

PASSIFLORA


Passiflora

 Buquê do brega, cobiça das delicias da carne,
Toda sirigaita, cabelo fogo-pagô e bom topete.
Rebolado atiçante, olhar matador nos detalhes,
Garganta profunda, engolidora, mel de florete...
 
O corpo esguio, céu desejo, boquete instigante,
Vontades, gozos, oceano de navegação indene.
Seios relax de bocas viciadas, cobiça de amante,
Fogaréu ardente, senhora dos arquejos perenes...
 
Pernas, coxas cilíndricas, balaio grande sensual,
Púbis com relva oxigenada, fragrância mundana
Em supremas chamas, infinita emoção do carnal.
Teu corpo: horto primavera, ambições profanas...
 
Diz-se moça, entretanto, é piriguete sem pudor,
Entre quatro paredes o seu lado devassa aflora.
Loba treteira nas entregas dos esteios do amor
Flameja! Calmante, é flor-da-paixão, passiflora...
 
Toda gostosa, ela tem labaredas no lelê do ato,
Apogeu, sobe e desce das ancas, sexo animal.
Despudoradíssima, há tempo perdeu o cabaço,  
Ô mainha, mata o seu painho no etecetera e tal...
 
O Sibarita
 
 
Baianês:
  
Buquê do brega – Mulher da vida, profissional do sexo.
Brega – Puteiro.
Toda sirigaita – Mulher assanhada.
Cabelo fogo-pagô e bom topete – Cabelo pintado de louro e bem cuidado.
Rebolado atiçante – Andar chamativo.
Olhar matador nos detalhes – Olhar pidão, de desejo.
Garganta profunda – Boca ávida
Engolidora, mel de florete – Mama pênis e bebe o gozo, o sêmen.
Boquete instigante – Mama, estimula com a boca o pênis.
Seios relax de bocas viciadas – Seios provocantes que são mamados.
Pernas, coxas cilíndricas – Pernas e coxas roliças.
Balaio grande – Bunda grande.
Fragrância mundana – Perfume forte.
Diz-se moça – Mulher que se diz virgem.
Piriguete - Mundana.
Loba treteira – Mulher esperta, sabida.
Flor-da-paixão, passiflora – Mulher que sabe acalmar um homem.
Toda gostosa – Mulher muito sensual.
Lelê – Fazer amor
Perdeu o cabaço – Perdeu a virgindade, deixou de ser moça.  

terça-feira, outubro 09, 2012

A M O R A S

 
Amoras

Não faço poemas por nada.
Faço-os por ti, por sonhos,
amoras de mel...
A um passo de mim,
teus olhos invisíveis
espiam minha alma!
Tenho algo de querubim,
ouvirás vozes dos anjos.
Tenho algo de sedução,
ouvirás o pulsar das luas.
Do teu olhar vejo o anil do céu
e da luz do luar te pinto de estrelas...

O doce jogo, o sagrado,
o que importa?
Até que o teu coração, enfim,
brote do fermento do tempo
e volte a remirar o sol perdidamente...

Aceitarás o amor lá dentro?
Ou guardarás a liberdade
como anteparo?
 
 O Sibarita

quinta-feira, outubro 04, 2012

A LUA

A Lua
 
No meu caminho
a lua saudosa, quieta, delgada
passa por mim nada fala,
nada me pergunta
no silêncio
inocente
da madrugada.
 
 Eu, o Sibarita,
nos meus passos
desconfiados
refaço o olhar perdido
nos ventos vindos das magnólias
por entre perfumes sentidos...
 
Em que o meu pensamento trafega
na distância dos teus suspiros
sob a tormento da noite cega
no que os teus olhos é luz, deliro...
 
Explode o fogo e fim.
Acesa lira nos ressaltos,   
desvia o teu olhar de mim
porque ele já me tomou de assalto...
 
O Sibarita

segunda-feira, outubro 01, 2012

MONÓLOGO

Monólogo 

Ó lua, tu que és do pensamento, gira o amar,
Caudatário de desejos na totalmente nudez.
Retórica, delicias  colhendo os beijos ao luar
Por amor rastejante de mestiça luz e avidez...

Fogaréus de entornos, primavera framboesa
Dos teus lábios mel, pajem de batom no viço
Para me amar, arquejar numa lua longueira,
Código solitário do teu coração queijo suíço...

Responde a natureza às caladas das camas
Nos lilases do amor letífero em íntima cena,
Solilóquio de anseios noturno sem derramas,
O amor descerrado, anfiteatro de açucena...

Tablado carcomido em poeira de sentimentos,
Véus na coxia acasalando a nata das sanhas.
Romance teatral no Jogo de confissão, alento
Ensombrado vibra afeto das tuas entranhas...

Onde o mar se quebra, céu e astros nos atalhos
Espreitados em suspiros correndo por memórias.
A fome e a sede: prelúdio cruzado indo pelo ralo,
Mas, o amor não morre na sua própria história...

Nos versos renunciados, solavancos soturnos,
Colheita, tempo psicodélico, cores dentro de ti.
Luar e estrelas se escondem atrás das nuvens,
Enquanto o amor surfa ondas gigantes no Havaí...

O Sibarita