sexta-feira, outubro 31, 2008

SEDUÇÃO

Sedução

Valha-me Senhor do Bonfim! Essa lua em chamas
Tão chamativa, tão assim penetrando pela janela
Do meu pensamento nesta noite de pura derrama,
No leito, como o diabo gosta, em desejos, eu e ela!

Eu a descortino, minhas mãos passeiam, são auras
Flamejantes sobre o teu corpo queimado do estio
Com tardes de horizontes desfalecidos nas pautas
Das volúpias no vai e vem dos meus dedos macios...

Oh lunar delícia que me alucina no fogo dos beijos
O meu corpo é tudo que brilha, é brasa do teu lume
Fecundando as auroras no bosque do teu vinhedo
Como primavera na relva negra do púbis, teu púbis!

Ah essa libertinagem se revelando sobre a cama
No deleite da minha boca sedenta correndo refém
Por todo o teu corpo aceso nas ardentes chamas
Do bel prazer, semi desfalecida, a deusa diz amém!

Assim, se despe a devassidão deste teu lado intacto
Quando me possuis nas tuas cavalgadas e nos ensejos
O meu sexo tresloucado leva-te a múltiplos espasmos,
Sei, tu és, a única brenha no saibro dos meus desejos...

O meu pensamento ferve, os teus seios, pomos doirados
Que me delicio, são chamas flamejadas como sol em flor,
Na real, fantasias por fantasias, o teu corpo perfumado
Sempre, anda, à noite, em meu leito, molhado de amor...

Ah, eu sonho e decifro cada ponto de ti... Desejoso,
Digo-te que sempre levanto a tua saia lentamente.
No frescor da brisa, bebo da sedução os teus gozos,
Em mim, agora, um mar de posições, pára pensamento...

O Sibarita

sexta-feira, outubro 24, 2008

SINTONIA

Sintonia

Bebendo dos teus olhos, o desfiar lasso da lua
Que, suspensa na luz, inclina à noite estrelada
Pelas frestas de uma fina flor solitária, seminua,
Adormecida à mercê de carícias entrelaçadas...

Atrás da fina flor perfumada, o azul estimula,
Prazerosa derrama de desejos, assim, refeitos
Sobre lençóis de cetim que o sonho dissimula
No teu corpo o oceano moreno do meu peito...

A vida discorre em nós, como fogaréu de entregas
Rasgo-me nos teus sussurros, abuso do vocabulário
Na noite crescente de desejos no azul da tua janela...

Faço-te desmistificações na essência da sintonia fina
Eu, apenas eu. Do meu quarto em toques refratários
Quero correr e estou colado no chão da tua esquina.

O Sibarita

quarta-feira, outubro 15, 2008

POESIA DA NOITE

Poesia da noite

Os dias gotejam, gotas de você
gotas dos amores, sentimentos...
A poesia da noite,
rola como um alento:
Uma espécie de simbiose
entre o outono e as flores!
Flores da vida, girassóis do vale,
lírios do campo ao vento
ornamentando nossas noites...
São luzes dos açores
na réstia de uma estrela
em vasos orientais!
O amor nos diz, nos toca
e nos toma de paixão.
Por sentimento
a noite veste-se de desejos
e de carona invade nossos leitos...
Nem mesmo sabemos da solidão
e se existe o corpo solidão...
Espaços em branco, telas cheias
sintonizando, modulando desejos
nas dimensões exatas
seladas nas alquimias das noites!

O Sibarita

sexta-feira, outubro 10, 2008

MEU BARCO

Meu Barco...

Chegou o meu barco arribado navegando pelas beiras
Vem por rotas desconhecidas em meio a penumbras.
Na proa, o mastro, o mais alto, uma enorme bandeira
Desfraldada tremeluzindo aos sóis o rosto da musa...

Na popa, outra bandeira içada carregando desejos
Reflete o brilho nos confins do horizonte cortejado
Em que eu me entrego no oceano dos teus beijos
Sem alfândegas, sem fronteiras e sem cadeados!

Mas, pelo sim ou pelo não, dentre, o sol e o luar
Eu me atiro e me jogo, eu salto e pulo por inteiro
Nas tuas águas livres suspirando o azul do mar
Do teu oceano em que adentro em segredo...

E permaneço em ti nas milhas traspassadas.
Marinheiro do amor eu sonho luas da tua vinha
Onde, bate o frescor das tuas brisas sopradas
No céu de fogo fazendo chamas em noite fria...

Bebendo do azul o meu barco aporta em teu porto
Todo perfumado de maresia, brisa e água salgada...
De dia ele tem o fulgor do sol se refletindo absorto,
De noite na abóboda ele tem luas dependuradas...

Suspensas na luz em derramas de caricias insidiosas
Sobre o leito dos dias, nuas, pelo beiral do teu mar
Numa aragem soprando chuvas de pétalas de rosas
Perfumando o horizonte, os teus olhos estavam lá...

O Sibarita

sábado, outubro 04, 2008

MOÇA

Moça

Ai! Esta réstia de lua rasgando a noite em Jauá
Para tu surgir do orbe nesse poema reluzente
Onde quer que me acicates volúpias de te amar
Nas bordas do querer desta alma irreverente...

Moça, todas as deusas se entregam às vontades!
Junto aqui as minhas às tuas, vem dormir comigo
Nesse chamamento, em ti, a curiosidade deságua.
Sei, virás: é um leito de rosas e lençóis de jasmim...

Beijar-te-ei a boca para que os céus untados
Em provocantes desejos nos aflorem libertos
De puritanismos e sobre a cama entrelaçados
Nossos corpos se entreguem aos descobertos...

Tens os olhos inocentes, inocentes de saberem tudo
É que atrás do teu olhar há outro com fogo libidinoso
Abrindo as asas das tuas fantasias, onde, do teu púbis
Escorrerão cuias de mel no frescor de todos os gozos...

Fia! Entreguemos-nos em plenas chamas desejosas,
A chama escrava andará em nossos corpos sem véus.
Tu, eu e os sussurros em montes de pétalas de rosas
Ao bel-prazer crescente cavalgando dos nossos céus...

Valha-me Deus,
Nosso Senhor do Bonfim!

O Sibarita

Jauá – Praia, município de Camaçari/Bahia litoral norte de Salvador
Moça (Baianês) - Nome que chamamos uma mulher com intimidade.
Fia (Baianês) – Nome carinhoso ao chamar uma mulher que se quer bem.