sábado, julho 16, 2011

Carta Poema

Carta Poema

Duquesa, não escrevo em vão esta carta poema
Em resposta, teu rosto realça o pôster deste pergaminho
O teu sorriso de inverno engolindo o outono, encena
Metamorfoseando querelas de mil faces em desalinhos...

Se achas esta missiva amorosa, faz-se, então, o se não!
O sentimento, o coração, moveis mofo da balzaquiana.
Toda carta postal enviada por ti aflora na exasperação
Flores assim, murchas, que atiças, sem auras ou flama...

Eu sei, tentas segregar a caixa postal deste missivista
Sortilégio irrealizável... Oh, plumas no baile dos ventos!
Não te olho, não te sinto, não te rogo... E venutista,
Levanto o vôo dos pássaros sagrados, no silencio,
Resguardo as minhas asas da tua lamina arrivista...

Não escrevo em vão esta carta poema, jamais!
Quando tu a destinatária faz-se musa da farsa
Tentando apossar-se de mim cada vez mais e mais!
O missivista desta carta poema conversa com as estrelas
E moscas afogadas no tempo zumbem pela madrugada...

Mas, não te assustes com o abstrato desta missiva,
Onde não há caminho algum, o concreto vira cizânia
A farsa cintila, solta, flui e flameja, foge, não realiza
Deixa vestígios e no então eu o remetente pede vênia!

O Sibarita