Quero o seu farol
Para clarear a escuridão
E aplacar a neurose da lua
Que teima em não sair
Da penumbra
Na esquizofrenia
Dessa noite fria.
Em vão, tento avivar
O candeeiro do seu olhar
Nos meus passos sem passos.
Mas, onde estão os seus olhos?
Se não no deserto baço.
Ai de mim!
Na cerração colho
Redes de nervos tensas
Murmurando esperança e precipícios.
Eu deliro... A dor espanca
Psicótico, você é meu vício.
Se o meu amor avança
Pela sua existência afora
Fico sem a sua lembrança
Desse tempo que chora
A nossa história.
Fruto peco, o seu silêncio
É um punhal erguido
Brilhando e apunhalando
O meu coração partido.
É sangue, borbotões de sangue
Correndo, escorrendo
No meu peito exangue,
Ferido, de paixão ferido
Pende, afinal, nítido à vida crua.
Ah, esse queixume traído
E você sem capas, nua
Glorificando no fel extraído
Do seu olhar aos meus dias
Os desejos perdidos
No holocausto da minha agonia.
Mas, no galope dos ventos
Pálido, o amor clama
Na crosta dos seus ensejos
A sua chama, sem dramas.
É que a tempestade descamba
E no meu psical
De sonhos noturnos
Morro no neural
Desse tempo soturno.
Entretanto,
Envio-lhe flores,
Restos arrancados, pisados
Do jardim dos seus açoites.
O Sibarita
Out/05
3 comentários:
Sibarita, este amor violento e doce, esse versos cortantes de dor e saudade lembram trágicos romances e imensuráveis dores.
É maravilhoso!
O blog também é todo belezas e sensibilidade.
Parabéns!
Beijos
Saramar me indicou este blog e disse que sua poesia é muito boa, realmente é. Estou feliz por ter vindo.
abraços
Oi Sibarita
Vejo esse poema como uma transmutação.
A dor e a saudade transformadas em belas palavras.
O sofrimento da paixão tornado em beleza.
Postar um comentário