terça-feira, abril 10, 2007

DIVA

Diva

Entre de chofre com o teu menoscabo e sem cerimônias
Tirai as capas que o teu amor venal de ofício trás agruras.
Cai-te bem a burka! Mas, recolhas o teu punhal, demônia!
Em mim, jorra, borbotões dos embustes das tuas juras...

Evoé! O meu espelho contra o teu espelho e as tuas baldas
Lá fora, o céu de invernia e de ilusão. O teu mundo é fictício
É... a máscara da lua ri! Soberba, irreal, pulcra, nívea e fada.
Tu Madona, dúbia nos sonhos, lunar e imprecisa, és o meu vicio!

Batiscafo ao mar, viandante, aljube e zetética as tuas palavras!
O teu seio ressoa com o nada. As tuas palavras ouro trigueiro
Que elevo ao canto cálido. Dize-me quais as garras do teu amor?
Chove, agora, no meu peito as águas de junho em fins de fevereiro.

Amor preso a si mesmo não destroça sonhos, a sina, quem sabe?
Guardai o vosso silêncio! Conecto-me em ti no lume do sentimento,
Decifro o arcano que arde! Aprisionado aos ferros, não me mates,
Sendo eu o teu escravo andas à noite ao léu dos meus pensamentos.

Diga-me que não! E, Condena-te, ao frio alabrasto das sombras.
Onde pousas? Fizeste-me passageiro na colheita do teu aprumo,
Meu grito mesmo surdo é maior que o silênciar que tu ensombras.
Vasta a vereda é! Quem me escuta sabe que tu eras o meu rumo.

Medito sobre o claro e o escuro, ruminando, a cinza das nuvens.
Procuro a tua voz, nada nela encontro. Nada! Sinto-te de partida
É por teu poder, ó iluminada! Eu, o siderado, aos teus pés ruge,
Recolhe os momentos do passado que fui o teu sino de amor e vida!

As farsas nascem no perau das horas. O calar faz a tua alma troncha
Ou a lei dos entrechoques suavizará a aflição do coração apunhalado?
Em mim nascem flores, sempre fui primavera. Em ti, o teu remorso
Chorará as minhas lágrimas quando abrir o véu do poente cortejado!

Sei, haverá o ranger dos dentes nos teus desejos. Sou ouro em pó,
Ouro fino, jóia rara, a essência pura do teu seio esquecido de mim.
Habita em mim o meu dono! E, em ti? Resoluto, parto, desfaço o nó!
Nasci para amar-te, venerar-te. Agora, o meu seio se veste de luto.

Solta a melena açucena, desnuda tua alma para minha psiquê
É que te faz bem, sobre a tua nudez vil, um enorme peplo cinza
Assombrando os meus dias de sol em que tu me és pura penumbra.
No esplendor das trevas a luz te revela, atrai, absorve e te anula...

O Sibarita

16 comentários:

Alexandre disse...

«Diga-me que não! E, Condena-te, ao frio alabrasto das sombras.
Onde pousas? Fizeste-me passageiro na colheita do teu aprumo,
Meu grito mesmo surdo é maior que o silênciar que tu ensombras.
Vasta a vereda é! Quem me escuta sabe que tu eras o meu rumo.»

Gostei muito desta parte mas todo o poema tem uma força incrível!!!

Um abraço!

Mila disse...

Grande palco*****intenso.

Carla disse...

sao sempre belos os teus textos
Beijokas........

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Jaqueline Sales disse...

Intenso, energético e de uma plácida lucidez, meu querido. Já pensou em escrever um livro contando essas e outras passagens de vida. Dizem que um ser humano vive e morre feliz se tiver filhos, plantar árvores e escrever livros, mas isso é pouco. Creio que faltou lembrar da sensibilidade e do amor para fazer as coisas descritas acima, e estas você as tem de sobra.

Pense no que me sugeriu....

BeijUivooooooooooooooossssssss

Fred Neumann disse...

Oi, Sibarita-Rei,

Fui dar uma olhada na palavra " diva", virei-a ao avesso, e descobri a palavra inglesa " avid", que achava ser " ávida", mas na verdade é uma sigla para Associação de Visitantes a Imigrantes Detidos...então tá, né, prefiro sua poesia, hahaha!

abração,

Fred

Azul disse...

Olá!

Simplesmente fantástico.

Beijo

Maria P. disse...

Que força em cada palavra!
Lindo!


Um beijo*

Claudinha ੴ disse...

Olá, que poema!!! Gostei deste querer, desta proposta e desta mostra que te coube. Habitar me si, seu dono, cativa certamente esta diva... Um beijo!

Chellot disse...

Intenso. É só o que posso dizer a respeito de teu poema.

Beijos de Sol e de Lua.

Menina do Rio disse...

Visita breve pra dizer que não vos esqueci
e deixarmeu beijo carinhoso

Na impossibilidade de escrever por estes dias, postei
o poema de uma amiga que veio bem a calhar...

Desejo-te uma ótima semana!

Leticia Gabian disse...

Siba!
Cumpadi, que posso dizer se me faltou o ar depois que cheguei à última linha?

Beijão, querido

Rosario Andrade disse...

Bom dia!
Uso perfeito da palavra, como sempre, Mestre Sibarita. Os seus poemas parecem saidos de uma varinha de condao!

Bjicos

Luna disse...

Como esta lindo este poema, e entre a luz e as trevas o amor reluz
jinhos

Anônimo disse...

Oi, menino poeta! Eu tenho o costume de me apegar aos poetas porque eles têm uma visão circular do mundo, por isso te goato, Sibarita.

E antes que eu me vá sem te te deixado um beijo, registro aqui o meu carinho e amizade com um Uivooooooooooooooooo especial.

Anônimo disse...

... te goato é horrível, mas o te gosto soa bem melhor, né?

redonda disse...

Gostei do seu blog,mas ainda li muito pouco. Outro dia espero voltar com mais tempo...