segunda-feira, maio 13, 2013

ABOLIÇÃO


Bob Marley-Redemption Song (Canção da Redenção)
 
Caro leitor, ouça a música, leia a letra (traduzida no vídeo).
Uma das melhores composições do Bob Marley
falando de escravidão e capturação.
Desligue a Rádio Humaitá ao lado.
 
Abolição
 
 Lá vem o navio negreiro trazendo a tempestade!
No porão, o tráfico, a desdita! O povo de Daomé.
Penumbra, fome, frio e chibatadas da crueldade,
E nós, capturados, assim, acorrentados aos pés...

A manopla dos dias dói no nosso corpo em desgraça.
Sonhos se desfazem sob o céu de temor e tremores
O sol de Daomé na distância do cativeiro apaga-se,
Ó! Gemidos e lamentos no anfiteatro dos horrores...

 
Na amplidão do horizonte: a sede e o tinir de ferros
O sangue jorra, banha o sol de vermelho sobre o sal
Estalam os açoites, negro arqueja, roda o azorrague,
O horror cobiça nosso corpo, a morte, faz o funeral.

Nossas vidas ceifadas e como se ultraja o firmamento?
Anjos, onde estão? A pele do céu é negra ou Branca?
Maldição! Nas senzalas, entoam-se todos os lamentos,
A aurora veste-se de sangue e a vil chibata espanca!

No palor, a lua espia a peleja do incerto em céus varonil
Ruge a desgraça, o povo de Daomé geme na escravidão!
Os escravizados forçados a trabalhar nesse imenso Brasil
Chicotadas no ar, chicotes a sangrar pelo bem da nação...

Na indigência de um povo escravo não há o que resumir
Sim, somos nós os filhos dos capturados, dos adulterados
Ó tempo! Não temos a desonra de aceitar e de assumir
Em cada pedra do Pelourinho está o sangue derramado...

Mas, vamos acabar com toda essa história que se diz
Revelando, agora, o sofrimento de um povo roubado
Escravizado, castrado... E, sempre, negado a ser feliz
Por toda miséria, somos nós os teus filhos, os favelados...

Estamos jogados nas favelas, dependurados nos morros
Não temos morada, marcados nas calçadas como animais
Estamos nos guetos e ninguém ouve os gritos de socorro,
Deus! Não temos nada, nos liberta dessa servidão mental...

Pálidos guerreiros nas escuras profundezas do abismo
Estremecem-se nos horizontes dos céus reverberados,
Choram nos ferros gusa por teus descendentes nascidos
Na Lei Áurea e na saga, continuam, assim, escravizados...
Por isso, não temos vez e sempre estamos nas cozinhas
No papel menor, no papel pior, cativeiro que nos corrói
Degenera nosso destino na pele negra de Joãos e Marias,
A chibata estalando, a chibata sangrando até hoje nos dói...
Oh, auriverde pendão do meu Brasil ruge no teu estandarte
A saga, onde, crianças negras são os aprendizes de marginais.
Aos ferros embate de um potente povo sempre em descarte
É! Mas, transamos bem o corpo, a mente e o espírito nos aís...

Sou negão do Pelô, o meu coração é a liberdade!

O Sibarita


AQUI A MESMA MÚSICA CANTADA POR BOB MARLEY ACOMPANHADO POR MÚSICOS EM VÁRIAS PARTES DO MUNDO. ESPETACULAR, ASSISTAM! 

5 comentários:

mARa disse...

Ô Kiarô!

volto para ler.

Bjão Sibá!

Lúcia Laborda disse...

Siba; uma história contada através da musica. Infelizmente, faz parte de uma página que ainda hoje, não se conseguiu excluir definitivamente da nossa história.
Se fala nessa abolição desde 1888 e percebo que muita coisa mudou, mas ainda resiste. Ainda vimos que a escravidão persiste...
Belo post! Beijos

Bandys disse...

ô seu moço,

falar o que da sua postagem??

è mais que perfeita.

Deixe voar esse coração.

Beijos

Anajá Schmitz disse...

Olá guri!
Esse cantor inspirou muitas gerações, mas muitos não conhece o que ele gritava em seu canto. Todos negros sofreram e ainda sofrem perseguições, pela cor de sua pele. As pessoas desconhecem o que pensa e sente um negro, desconhece a riqueza cultural que cada um carrega. Belíssimo poema.
Já te falei que outro dia uma amiga negra brigou comigo me dizendo que não herdei nada de minha vó negra. Como não? E a minha cor de cuia. Tu n~]ao concorda?
Bjos e tenha um ótimo dia.

Claudinha ੴ disse...

Grande e merecida homenagem!
Abomino esta passagem histórica.
Que fique o exemplo trazido do continente mãe, a cultura, o ritmo e a cor da pele, que é a cor do pecado, né não?
Um beijo Siba, Bob 'poetou' como ninguém...