quarta-feira, maio 06, 2009

SOSLAIO

Soslaio

Ah! Minha Iaiá, a vida na sobrevida faz a tua lida,
Rasgo-me então nas palavras se queres me ouvir.
Sou um fulano qualquer desses de trilhas perdidas
Precipitando-se em deixar-me aqui e seguir sem mim...

É que no suor da memória eu abuso do vocabulário,
Os versos surgem no correr de quem partiu ao esmo
No sol obscuro escorrendo por bosques sedentários
E nesse poema absoluto sou a brisa de mim mesmo...

Os desejos por vezes sonham ao acaso em silêncio
Mirando, auscultando ao longe passagens e marcas
Desfazendo-se o assim na sombra interior do tempo
Sob a luz amorfa em cristal barato de plena ressaca...

O que perdura, reveste de outono a luz do teu rosto,
Na essência em ti e de ti mesma na bússola perdida.
Onde houveres sido, existirás Amada em mar revolto
Abarcada nos reversos. Dúbia ao sonho, imprecisa...

Ai Senhor Deus! Espelho contra espelho em fogos de artifícios
Pipocando da pena para o quadro nu desse céu de menoscabo.
Para sua psiquê, em linhas assimétricas, tu eras o meu vício
E nos desejos, eu o teu mandarim, pachá, sibarita, nababo...

Então, arribo o meu barco desenvolto de larga quilha.
De noite no céu ele tem refletido as luas dependuradas
De dia rasgando o espelho d’água tem o sol que brilha
É, de chofre no mastro tremula todas as tuas baldas...

Valha-me Deus! Mas, venha. Entre.
Ainda há uma porta entre-aberta
E sem pandemônio, dispa-se
De soslaio, nua, ria sem cerimônia...

O Sibarita

19 comentários:

Anônimo disse...

Adorei a brisa e o outono passeando nas linhas e versos numa declaração de amor.

bjs

Uma aprendiz disse...

Linda, Sibarita.

Me permita destacar os trechos que mais me tocaram em todo o contexto do poema:

Sou um fulano qualquer desses de trilhas perdidas
Precipitando-se em deixar-me aqui e seguir sem mim ....
E nesse poema absoluto sou a brisa de mim mesmo...
Tu eras o meu vício
E nos desejos, eu o teu mandarim, pachá, sibarita, nababo...
Então, arribo o meu barco desenvolto de larga quilha.
E, de chofre no mastro tremula todas as tuas baldas...
Mas, venha. Entre.
De soslaio, nua, ria sem cerimônia.


Somente usando suas próprias palavras para comentar tão precioso derramar de emoção.

Parabéns!

bom fim de semana.
bj

Auréola Branca disse...

Invado-te na sua caminhada. E com espelhos, vou me refazendo em ti...

Sibarita, é preocupante às chuvas que nos vem tomando. Vamos orar pelos vitimados...

Abraços carinhosos.

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkk Agora sou eu que dou risada! Você leu todos os textos de uma cacetada só??!!! kkkkkkkkkk
Claro que adorei você ter lido e, principalmente, ter comentado!

Evidente que aquilo não é autobiográfico, mas, conversando outro dia com uma pessoa, acabou me contando que em alguns trechos se viu ali, de tão idêntico! Ou seja, está longe de ser uma coisa que não acontece... rss

Beijo grande!

Anônimo disse...

E eu viajo nesses seus versos...

Bandys disse...

Sou um fulano qualquer desses de trilhas perdidas
Precipitando-se em deixar-me aqui e seguir sem mim..

Lindo Seu menino..mas desde quando voce é um fulano qualquer??
Voce é seu siba, meu amigo de fé meu irmão camarada.

Olhe , o presente pode ser uma irmã, uma amigo, e até mesmo um amor viu como tu tem essa mente embolada?? kkkkkkkk

Enorme beijos pra ti, e não suma não que fico morrendo de saudades!

beijos

Desnuda disse...

Que belo poema, meu amigo! Tão romântico.... Uma lindeza só!


Querido amigo, com imenso carinho todas as boas palavras que deixaste no meu cantinho retorne para voce e sua família triplicada em força, luz e energia do amor cósmico e tão maravilhosas como o sgnificado das palavras.


Beijo em todos!

Menina do Rio disse...

Rasguei-me...de soslaio!
Virou um pandemonio, nem queiras ver!!!

beijo de pura pregui...

~*Rebeca*~ disse...

Gasto a minha sensibilidade toda sendo besta pra essa mulher, Dom! Diz ela que gosta dessas besteiras que faço. Ela me pega de um lado e eu pego ela de outro. Se eu não escapo, muito menos ela.

Me diz aí, foi mesmo a Negona que deu um "Oi" pra gente? Para de ser fominha e deixa sua mulher escrever mais que uma frase no Néctar, ora! Tá com medo de que, hein? hahhahahahhahahahah

Minha loira e eu estávamos comemorando até agora mesmo. É bom sim, mas a hora da partida é foda, véio! Dormir com o chamego da mulher é outra coisa. Ô se é, vai vendo!

Pois é, Sibarita, sete de maio e 40 anos é muita coisa. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Dom, obrigado mesmo de coração pelas palavras e pelos parabéns. Você é de casa, sabe disso!

Quanto ao abraço apertado, ela me deu sim e eu retribuí, mas sabe como que é... apertei demais e quem chorou foi ela. hahahahaha

Eita, lembranças, viagens, miragens e se ela entrou, então feche a porta sem cerimônia também.

Dom, uma abração e até mais.

Jota Cê

-

Andreia disse...

~ Essa luz voltou a entrar-me pela porta... ~

Beijo *

Deusa Odoyá disse...

OLá meu lindo Siba.
Voltei de viagem, pois lá me parece ser igual à Jauá.
Um poema de muita sensibilidade.
Retratas o amor por completo.
Em tudo concordo com a Bandys.
Uma semanaabençoada por mestre Jesus.
beijos e saudades.
Fiquem na paz.
Regina Coeli.

Peter Pan disse...

Admirável Amigo Sibarita:
Simplesmente sublime, o seu delicioso versejar.

"...Os desejos por vezes sonham ao acaso em silêncio
Mirando, auscultando ao longe passagens e marcas
Desfazendo-se o assim na sombra interior do tempo
Sob a luz amorfa em cristal barato de plena ressaca...

O que perdura, reveste de outono a luz do teu rosto,
Na essência em ti e de ti mesma na bússola perdida.
Onde houveres sido, existirás Amada em mar revolto
Abarcada nos reversos. Dúbia ao sonho, imprecisa..."

Olhe, nem sei que dizer...?
VOCÊ "fulmina"...
Fabuloso. Uma sensibilidade de venerar, divinal.

Abraço sempre de um amigo que não esquece o seu talento.

pena

Bem-Haja, amigo "Gigante" Sibarita.
É um poeta de eleição, muito raro.
Parabéns sinceros.

Oliver Pickwick disse...

Se for para para escrever odisseias náuticas como esta, pode abusar à vontade do vocabulário, Sibarita.
Um abraço!

Maria disse...

Entrei devagar, devagarinho e, de soslaio, sorri a vosmecê.
Que estava dormindo e nem deu por eu...

:)))

Beijo, Sibarita

Corações e Segredos disse...

Amar?
É sempre saber o que fazer pra deixar o outro feliz.
É nunca ter medo de reconhecer
o quanto o outro é importante pra você!
É caminhar lado a lado
É contemplar a beleza da vida a dois...
É adorar o gosto do beijo
É fazer parte dos sonhos e experiências vividas
É fazer da vida uma poesia e decorar os versos
É falar baixinho ao ouvido
É viver com intensidade
É saber que a grande arte de viver é amar.
Ame! Viva o verdadeiro amor!

Beijos

Paula Barros disse...

Sua escrita, você, esse poema, mostra uma maturidade, de quem observa, quer, deseja, chama, espera, procura entender...

abraços

bat_thrash disse...

Use a abuse do vocabulário...quem sabe,sabe.

Beijos.

Estações da Vida disse...

Olá, Nelson. Lindo poema! Fico pensando como a nossa vida tem dessas " passagens e marcas"...Seria bom se tudo fosse infinito, mas não o é...Beijinhos.

Estações da Vida disse...

Olá, Nelson. Lindo poema! Fico pensando como a nossa vida tem dessas " passagens e marcas"...Seria bom se tudo fosse infinito, mas não o é...Beijinhos.